2007-07-29

De: TAF - "Memórias da noite de S. João"

Submetido por taf em Sábado, 2007-08-04 22:48

Torre da Câmara e Lua

De: TAF - "Douro na Ribeira"

Submetido por taf em Sábado, 2007-08-04 22:36

Rio Douro

De: Cristina Santos - "Apoio o Dr. Filipe Menezes"

Submetido por taf em Sábado, 2007-08-04 22:27

Cavaco Silva, Sócrates e Marques Mendes são para mim membros da mesma equipa, não estão à esquerda nem à direita, estão empenhados em tirar o máximo ao cidadão, sem dar as respectivas contrapartidas.

Desde que o Sr. Engenheiro chegou ao poder, a vida tem piorado a olhos visto: as Finanças não devolvem o IVA, as autoridades parecem cães de fila, os departamentos mudam à velocidade da luz e por cada mudança mais um atraso em pagamentos, resoluções e licenciamentos.

Chega-se ao cúmulo de profissionais com 25 anos de carreira, com filhos na Universidade, profissionais que sempre pagaram os seus impostos, temerem seriamente pelo equilíbrio financeiro e familiar. As lojas e estabelecimentos que abrem no quarteirão são imediatamente fiscalizadas e na maioria das vezes multadas. Fazem exigências como casa de banho para funcionários com duche em pequenos espaços, exigem pagamentos avultados. A ASAE antes de preventiva é punitiva e assim são todas as outras, o Governo não quer pensar em projectos, quer sacar o último euro ao cidadão.

A GNR, PSP e entidades congéneres parecem pides, num aparelho que lhes foi atribuído e o qual não sabem utilizar. Vão atestando que há multas de 2001 em atraso e cobrando na hora, obrigando as empresas a deslocar-se vários quilómetros para efectuar o pagamento, isto quando não lhes é possível multar por outra qualquer situação. Imagine-se numa micro-empresa existir nos últimos 2 trimestres o total de 1.250€ pagas a estas últimas entidades, repare-se que as viaturas autuadas são ligeiros de carga (caixa aberta), eles não hesitam em multar por estacionamento, em fazer as viaturas arrancar quando estão a carregar entulho, tarefa que é feita entre as 7 e as 8 da manhã, e em ruas que são só de um sentido. Perseguem porque sabem que não há lugar para estacionar e que há que fazer abastecimentos, muitas vezes escondidos e se calhar com alguma vergonha, deixam o auto pendurado no vidro e somem-se novamente, porque dado o exagero a população não se contém e insulta-os. Nota-se perfeitamente que receberam ordens no sentido de obter o maior rendimento possível, competem entre si, provavelmente pensam conseguir algum prémio de produtividade, isto enquanto trabalham em sítios insalubres, e nem formação exigem ao Governo.

Isto para não falar nos erros do instituto de emprego, nos erros nas baixas clínicas. Isto para não dizer que à custa das pequenas empresas e da sociedade média, o Governo beneficia o IKEA com milhares de euros. Nas aldeias tributam impostos por cortes e palheiros, enganam-se nos proprietários, insistem que quem é notificado tem que pagar e posteriormente reclamar. É insustentável, os nossos emigrantes como prenda de recepção estão a ser autuados nas estradas nacionais por esses mandatários da autoridade.

É o saque, é a perversão, quando o Engenheiro abandonar o poder provavelmente o estado das contas estará igual, o Marques Mendes deve sair de imediato, não respeitou os compromissos que havia com o Norte, nem sequer os defendeu, não tem competência e nós não pagamos impostos para ter alguém como ele na oposição.

Por isso força Dr. Menezes, não se cale, reporte, defenda-nos de um representante que nos chama mentirosos e ladrões, grite para que todos os que se acomodam acordem e participem nas manifestações.
--
Cristina Santos

De: Sérgio Aguiar - "Universidade do Porto nas 500 melhores"

Submetido por taf em Sábado, 2007-08-04 11:27

A partir de agora, a UP integra a lista das 500 melhores universidades do Mundo. Orgulhosa, a instituição sonha, em 2011, quando festejar um século de vida, situar-se no ranking das 100 melhores da Europa.

De: Lino Cabral - "Casos da província"

Submetido por taf em Sexta, 2007-08-03 14:15

Um caso tocante este do despejo da directora do Museu de Arte Antiga, Dalila Rodrigues. A sua competência e verticalidade foram pagas com a moeda falsa do ciúme e inveja. Um caso que contrasta com o emudecido Museu de Serralves perante o incrível discurso de José Sócrates durante a cerimónia da abertura pública do Museu Colecção Berardo em Lisboa:

"… Antes, o roteiro da arte contemporânea acabava em Madrid. A partir de hoje, começa aqui…"

Perante o silêncio de Serralves, ficamos indecisos entre as duas únicas conclusões possíveis:

  • I –O nosso primeiro ministro tem razão, logo Serralves é uma estrutura regional secundária e pretensiosa, fora do roteiro internacional das industrias criativas.
  • II- O nosso primeiro ministro não tem razão mas tem a força de calar e controlar os outros de forma a conseguir os seus (e só seus) objectivos. Mas felizmente nem todos morrem de cócoras como o caso de Dalila Rodrigues.

De: TAF - "Mais apontadores"

Submetido por taf em Sexta, 2007-08-03 13:43

- Renascença deixa Sá da Bandeira e passa para Gaia
- Lisboa e Porto vão cobrar IMI a dobrar
- Hotéis Heritage chegam ao Porto - www.heritage.pt
- “Esta lei está a produzir efeitos magníficos”, diz Eduardo Cabrita da Lei das Rendas - Se algum dos leitores se lembrar de um termo diferente de "imbecil" (que não é adequado a um blog respeitável) para classificar esta afirmação, por favor avise-me que é para eu poder publicar um comentário.

De: F. Rocha Antunes - "As trocas"

Submetido por taf em Sexta, 2007-08-03 09:56

Caro Rui Encarnação

Não duvido que é pela iniciativa individual e empresarial que o Porto vai e tem de dar a volta. E não posso estar mais de acordo com os exemplos que deu. Já não concordo quando diz que a iniciativa da SRU se limita a esventrar quarteirões sem critério. Primeiro, isso é impossível: vivemos num pais ainda com leis e a maioria esmagadora da área de intervenção da SRU está tutelada pelo IPPAR e não vejo que esse organismo alguma vez alinhasse numa coisa dessas. Segundo, e ainda mais importante, nunca ouvi a ninguém da SRU que, recorde-se, tem técnicos qualificadíssimos na área da protecção do património, defender tal coisa.

A mim o que me importa é que exista a prioridade política de reabilitar a Baixa, seja este ou outro o presidente da Câmara. Considero que o modelo anterior, o da reabilitação física do edificado com capitais públicos com manutenção integral da situação social pre-existente falhou, quer porque os recursos públicos não são infinitos (já se começa a perceber que o dinheiro não cai do céu e que afinal somos nós que o pagamos) quer porque não se conseguirá sustentar indefinidamente uma situação social complicada se ao mesmo tempo não se proceder a uma regeneração forte do tecido social através da atracção e mistura de novos moradores.

Se através da SRU se criarem condições para atrair novos moradores para o Centro Histórico, misturando-os e integrando-os com os já existentes, estar-se-á a resolver duradouramente o problema. Se persistirmos na manutenção de uma lógica de excepção e assistencialista podemos adiar para outro dia o fim do apoio financeiro, mas esse dia inevitavelmente chegará, porque o dinheiro não é ilimitado. Agora, quando não há dinheiro, não vale a pena choramingar a sua falta. Foi nesse sentido que falei em choramingar.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

PS – Joana da Cunha Barros, peço-lhe que leia outra vez o que escrevi e repare que tive sempre o cuidado de manifestar o meu respeito por quem trabalhou na FDZHP e nunca me referi ao seu protesto como choraminguice nem perda de tempo. Disse apenas que é legítimo a qualquer executivo camarário escolher os instrumentos que acredita serem os melhores para cumprir a sua política. Garanto-lhe que eu, que também sou um orgulhoso morador no centro histórico que é património da humanidade, não o confundo com nenhuma outra parte da cidade, nem o troco por nada. Ao contrário de tantos dos meus vizinhos, eu moro no centro histórico porque assim o quis.

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Sexta, 2007-08-03 09:27

De: JA Rio Fernandes - "Nun'Álvares"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 16:10

Agradeço o esclarecimento em relação a uma das perguntas que deixei, ainda que não creia que a resposta para a pergunta sobre as razões do fim do contrato do Arq.º Victor Mogadouro esteja ligada ao facto de ele prever uma largura de 33 metros (a propósito qual é mesmo a largura agora proposta?). Conheço-o bem e já falei até com ele sobre o caso e posso afirmar que ele saberia e não se importaria de encontrar uma solução com outra largura para a via desde que tal fosse justificado.

O problema parece-se dever ser outro, trata-se de fugir à figura de PMOT (seja Plano de Urbanização ou Plano de Pormenor) e ir ao encontro das facilidades de uma Operação de Loteamento que “…dizem que é uma espécie de plano”, pelos vistos projectada por um engenheiro com arquitectos a estudar o nó viário (é de mim, ou há aqui uma inversão qualquer de papéis!?). Em consequência, faço minhas as perguntas de Pedro Aroso e esperarei da CCDRN atenção para o caso.

De: Pedro Aroso - "Surrealismo"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 15:02

No seu último post, a Paula Morais alertou-nos para um aspecto que passou despercebido a toda gente. Refiro-me ao facto da UOPG 1 (Via Nun´Álvares) não ser tratada como um Plano de Pormenor, mas sim através de uma Operação de Loteamento. Isto é tão surrealista, que jamais me passaria pela cabeça tamanha aberração. Se é uma operação de loteamento, então pergunto:

  • 1. Onde estão os lotes?
  • 2. Onde está definida a implantação e volumetria dos edifícios que vão ser construídos nesses lotes?

Aproveito para também responder à questão do Rio Fernandes, quando pergunta por que motivo “foi dispensado do plano da via e área envolvente o Arq. Victor Mogadouro (autor de intervenções em espaço público premiadas, como na frente marítima de Póvoa de Varzim ou na frente ribeirinha de Arcos de Valdevez)?"
Por aquilo que eu sei, essa decisão foi da responsabilidade do Arq.º Ricardo Figueiredo (então vereador do pelouro do Urbanismo). É provável que o Ricardo tenha outros argumentos, mas só um me chegou aos ouvidos: a via proposta pelo Victor Mogadouro tinha uma largura excessiva. Tanto quanto me recordo da conversa que tive na altura com o Mogadouro, o perfil era rigorosamente decalcado da Av. Marechal Gomes da Costa, ou seja, tinha 33.0m.

De: Cristina Santos - "Apontadores"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 14:38

De: Cristina Santos - "A Sé"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 11:59

Interior de habitação na Sé    Interior de habitação na Sé

Do que pude constatar, a população do Centro Histórico beneficia de uma rede de apoios bem estruturada e merecida. Se não fosse essa rede de suporte, a maioria deles viveriam sem dignidade, enterrados em camas encostadas a paredes cheias de humidade, em quartos onde cozinham, dormem e urinam.

Há pessoas jovens na faixa etária dos 40/50, com diversas enfermidades resultantes das vidas no limite. Essa rede de apoio, que desconheço se é a FDZH, todas as semanas os visita, leva a roupa para lavar, apoia a compra de medicamentos, e atende-os seja em circunstância for. Trata-lhes dos documentos para obterem uma reforma, trazem-lhes a roupa já lavada e engomada, esse serviço é prestado em equipamentos que foram feitos para servir a população carenciada, não se trata daquele apoio domiciliário normal, vai muito além disso. Há até uma zona de banhos, já que muitos não têm banho em casa.

No início estranhava como era possível uma técnica, suponho dos serviços sociais, poder dar-se ao trabalho de vir falar da situação dos velhinhos, dos aumentos de renda, das perspectivas que os velhinhos tinham para as novas casas, mas é assim no Centro Histórico, ultrapassam qualquer daqueles estúpidos limites que a Segurança Social impõe no apoio à necessidade. A maior parte dos residentes não fez descontos, tem uma pensão mínima, se tomassem todos os medicamentos a reforma não chegava, beneficiam de apoio para tudo isso e sem grandes formalidades. Quando alguma coisa não lhes agrada, ou quando desconfiam, dirigem-se a esses «Doutores» e confiam neles cegamente, porque funcionam como se fossem a retaguarda familiar, que há muito não têm.

Não sei identificar a instituição que está por detrás dessa rede, e assim perde o interesse estar a falar sobre o assunto, mas posso garantir que pessoas que vivam noutros locais não têm estes benefícios, não têm porque ali é mesmo necessário, são imensos os casos que precisam de um apoio próximo e especial.

A dinâmica económica de alguns agregados familiares: dizem que não arranjam emprego porque a conotação à zona é má, e ninguém os selecciona ou os entende. Os problemas familiares impedem também que cumpram horários, e uma série de requisitos. Passam mal, mas são alegres e motivados, não vejo que se queixem muito. De manha compram 10€ em cuecas e meias nos «chineses» em cada peça ganham 0.50€. A meio da manha já têm 20€, regressam à Sé e abastecem 20€ do mesmo produto, voltam para as ruas e tentam fazer mais 20€. Se puderem fazem 4 «voltas». À noite com o dinheiro que ganharam nesse dia compram a comida, «aqui ninguém passa fome», no dia do «Rendo» fazem igual, pagam pouco, afixam as facturas no estuque que vai caindo. Alguns ainda tentam pintar as casas todos os anos, com uma tinta barata dos chineses, fica mal pintado e piora a situação, mas eles tentam, e gostam de morar ali. Quando os tiram para o Bairro ficam impedidos de fazer este negócio, e choram, choram muito, e a sua situação piora a olhos vistos.

É isto que conheço da Sé, respeito aquelas gentes, embora reconheça que poderiam ter-se esforçado mais quando eram jovens, mas isso é talvez como eles dizem «Não valia à pena mênina, pode correri e saltar, o que Deus tiver para si à mão lhe há-de vir parar».

Ps - Fotos da Sé anos 60 (CRUARB) - a situação não mudou muito continuam a existir muitos edificios nestas condições de habitabilidade.

De: Rui Encarnação - "As Trocas"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 07:42

Caro Rocha Antunes:

Extinguir um organismo que age há anos, de forma integrada, com técnicos competentes, em várias vertentes e de forma coordenada numa determinada zona e com múltiplos objectivos parece-me, perdoe-me a ignorância, bem mais vantajoso do que dividir para reinar, actuando sem coordenação nem projecto num dos mais preciosos diamantes do Porto e que é património Mundial. Sinceramente não acho que quem está no poder, só por achar o que quer que seja, possa destruir o que existe há décadas, brincar com o esforço das pessoas e desperdiçar mão-de-obra qualificada, competente e experiente – isso chama-se desbaratar recursos.

Depois não vejo como a SRU poderá fazer na zona histórica o que está a fazer em Carlos Alberto (limpar o miolo dos quarteirões e deixar as fachadas). Bem sei que é mais barato, mas nem tudo tem preço nesta vida, e o património e a história do Porto não o têm.

A choraminguice existe, isso sim, de quem se queixa constantemente do Estado e da especulação imobiliária e de que não pode trabalhar porque o Estado o impede. Essa choradeira, é que é triste e não leva a lado nenhum, pois quem é competente no mercado vence sem se chorar – veja-se o Eng.º Belmiro e o BCP.

O problema é que já ultrapassamos a renascença e a ilusão pelos métodos de Maquiavel. E a indignação de quem vê utilizarem-se métodos de terrorismo político e desperdício de recursos, deixando as instituições caírem e estagnarem, para depois justificarem as extinções, sem coragem e com base nos prejuízos criados pelos próprios, é que é muito feia. E se fosse cá fora, na vida empresarial, dava umas falências fraudulentas e uns processos-crime, pode apostar!

De: Pedro Aroso - "Um silêncio ensurdecedor"

Submetido por taf em Quinta, 2007-08-02 07:36

Recebi do Prof. Carlos Mota Cardoso (autor e coordenador científico do programa Porto Feliz) este email, que passo a transcrever na íntegra.

“Caro Pedro

O comportamento do IDT (Instituto da Droga) tem sido, nalguns aspectos, indigno. Também não compreendo o silêncio do próprio Ministério da Saúde. Dizem que o projecto é caro. Inqualificável tal argumento, pois pela 1ª vez em Portugal foi possível saber quanto custa reabilitar totalmente um “drogado” em fim de linha: 466 Euros/mês. Reabilitámos 334 dos 679 que assinaram connosco um contrato terapêutico. Alguns continuam naturalmente em tratamento. É muito? É seguramente muito menos, em termos relativos, do que o que gasta o IDT com o combate à toxicodependência. Infelizmente, as ruas e praças das vilas e cidades portuguesas mostram o insucesso das políticas usadas no campo da toxicodependência. O Estado Português atira o dinheiro de todos nós para a fogueira da “droga” com o rendimento que está bem à vista dos cidadãos. Bastava que os CATs tivessem apenas 50% do nosso rendimento para Portugal, nesta matéria, ser um país europeu de corpo inteiro. Lamentável tudo isto.

Já deves ter reparado que os arrumadores voltaram a aparecer nas ruas do Porto. Pois é, o IDT desde Novembro que não nos permite internar, para desintoxicar, um único toxicodependente. Há um ano o IDT rompeu unilateralmente o protocolo que tinha connosco e com o Conde de Ferreira, local onde eram feitas as desintoxicações. Assim, dentro de um ou dois meses, estará tudo na mesma. Ou seja, enxames de jovens perdidos na “droga” espalhados pela cidade.

Um abraço muito amigo do
Carlos Mota Cardoso”

Não vou comentar o desalento do Carlos Mota Cardoso, porque também partilho a sua dor. No entanto, lamento profundamente a indiferença e apatia com que os habitantes da nossa cidade reagiram a esta decisão do Governo. Será que com o nosso silêncio não estaremos a ser cúmplices daquilo que vai suceder no futuro próximo?

De: Paula Morais - "Sobre a recente actividade urbanística do Porto"

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-01 22:59

Caros participantes

Foi, uma vez mais, o vivo debate que se instalou aqui n’A Baixa sobre a mais recente actividade urbanística da CMP, juntamente com a informação ontem divulgada pelo INE relativa a uma parte da actividade urbanística que se faz em Portugal (Estatísticas da Construção e Habitação 2006), que me deu incentivo a escrever este post e a lançar um “breve olhar” ao Urbanismo do Porto, antes da habitual pausa de Verão.

Porque a actividade urbanística de um município, além da elaboração e da execução de planos*, também incluí outras actividades, tais como a criação de regulamentação e a gestão urbanística, esta última concretizada através dos processos relativos a operações urbanísticas, é pois sobre estas últimas actividades que eu hoje me pronuncio.

Em relação à criação de regulamentação urbanística, foi com agrado que pude ontem constatar, através deste edital publicado no website da CMP, que se vai dar início à discussão pública do Código Regulamentar do Porto, uma ferramenta deveras útil para todos os destinatários das normas urbanísticas municipais, que condensa as normas constantes de vários regulamentos, muitas vezes difíceis de “encontrar”, e que é aplicável a toda a área territorial da Cidade. O período de discussão vai do próximo dia 4 de Agosto até 12 de Dezembro, pelo que há tempo suficiente para a leitura atenta das 426 páginas deste Regulamento que vai substituir, entre outros, aquele que para muitos é actualmente uma grande “dor de cabeça”, o RMEU do Porto.

Quanto aos processos urbanísticos, e porque agora os boletins municipais já estão disponíveis ao público no website da CMP (faltando apenas 3 números), entretive-me a fazer dois pequenos gráficos, que traduzem visualmente alguns dados constantes nos boletins, e que podem ajudar a ter uma percepção reveladora da actividade da Gestão Urbanística portuense. Assim, sem pretender estabelecer um balanço, um termómetro, um barómetro ou outro instrumento de medição de actividades, mas apenas com o intuito de visualizar, de uma forma mais acessível e imediata, informação já tornada pública pelo município, pode então constatar-se que entre Janeiro de 2006 e o início de Julho de 2007, a CMP despachou aproximadamente 3400 processos, a uma média de 44 processos por semana (número este que, em alguns municípios com áreas superiores a 42 km2, é atingido anualmente), e que, dos processos despachados, foram deferidos cerca de 77%, tendo sido 29% do total despachados no ano em que deram entrada.

Gráficos

Já que falo de números, finalizo com a informação do INE relativa à construção em 2006, de acordo com o qual foram licenciadas em Portugal 48 352 obras de edificação, das quais 75,1% corresponderam à construção de novos edifícios.

Paula Morais
Arquitecta

*Em relação à Av. Nun’ Álvares, uma pequena nota: pela documentação divulgada aqui n’A Baixa (ponto 2 da página 6 da Parte 1), a Unidade de Execução referente à UOPG 1 não vai ser concretizada através de um Plano de Pormenor, mas sim através de uma Operação de Loteamento, pelo que se trata do Loteamento da Av. Nun’Álvares e não do Plano da Av. Nun’Álvares (como tem sido habitualmente designada).

Isto de se possuir algo que é Património da Humanidade deixa qualquer pessoa orgulhosa (pelo menos é assim em qualquer país civilizado), mesmo não tendo nascido nesse local - como é o meu caso, mesmo que não se saiba bem o que isso representa - como parece ser o caso de muita gente (pior quando essa gente tem o poder de decidir sobre o assunto). Nem sempre o silêncio é neutralidade e nem sempre a ignorância é uma bênção. Confundir a FDZHP (ou até o CRUARB) com a Porto Vivo, é quase tão grave como achar que o Centro Histórico do Porto é a mesmíssima coisa que a Baixa ou a Foz Velha.

Chegar a esta conclusão é possível, não apenas do ponto de vista jurídico, bastando ler os estatutos e a missão de cada uma e sem se precisar de uma Licenciatura em Direito. Aliás, é precisamente por tê-lo já feito que sei que a FDZHP não é um organismo público e que os seus funcionários não são assalariados do Estado, pese embora as verbas que a sustentam venham dos seus fundadores que são entidades públicas. A Porto Vivo tem uma personalidade jurídica bem diferente, mas de igual forma os seus funcionários deverão ter um contrato individual de trabalho ou qualquer outra forma contratual prevista à luz da Lei Geral e não da Função Pública. Não invalida que quer uma quer outra possam ter colaboração de técnicos que são destacados ou requisitados à CMP, à Segurança Social, à CCDRN ou a tantos outros organismos da Administração Pública.

Por outro lado a Fundação tem um papel apenas localizado no Centro Histórico e eminentemente de carácter social, ao qual associou mais tarde a componente de reabilitação de edifícios (isto recorrendo à memória) uma vez que se revelava penoso reabilitar socialmente as pessoas e deixá-las viver nos mesmos locais degradados a que chamavam "casa". A SRU não tem qualquer vocação social, caso contrário a lei que a criou não teria previsto um instrumento violento e pouco dialogante como a expropriação. O que este expediente vai produzir é aquilo que já se antevê que esteja a acontecer nos Quarteirões Prioritários (ver site da SRU), ou seja, pouco mais que uma transferência de propriedades de umas mãos para outras com um resultado final negativo em termos de património reabilitado, à luz de outras cidades europeias onde este modelo tem sido implementado. Se uma instituição tem provas dadas no terreno a outra nem por isso, mesmo falando em termos temporais relativos.

Assim, se após estes 18 anos (maioridade portanto) em que moro, cresço e trabalho no Centro Histórico do Porto - Património da Humanidade - berço desta nobre cidade, vejo o meu elevar de voz ou a expressão das minhas convicções serem comparadas a "perda de tempo" ou "choramingado contínuo", não só estou indignada mas suficientemente revoltada para lutar contra o crime (insisto) que se está a cometer ao local e às pessoas (que andam a ser "exportadas" para os bairros de periferia, completamente desenraizadas e com perda total de valores). Sossegue-se, a revolta ainda não me tolda a lucidez (julgo)!

São os discursos derrotistas e a indiferença que continuam a permitir que o nepotismo, em vagas, invada a nossa Cidade e decida as nossas vidas.

Joana da Cunha Barros
--
Nota de TAF: Permita-me apenas um comentário sobre a expropriação. Trata-se de uma ferramenta que pode ser bem ou mal utilizada, mas parece-me indispensável no caso do Porto para "desencravar" situações em que o diálogo se esgota. Nem sempre é possível encontrar consensos.

De: Rui Valente - "Porto inspirador e Lisboa justiceira"

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-01 22:55

Pois é, meus senhores, agora é que vai ser ganhar dinheiro! Pensando melhor, acho que me vou converter ao centralismo! Afinal vale a pena, há mesmo vantagens nisso! Vou ter de rever rapidamente as minhas posições nesta matéria...

Inapelavelmente rendido aos ventos moralistas que sopram do Sul, decidi dedicar-me à indústria cinematográfica. Está muito em voga e 'promete' dar rios de dinheiro (descansem, que não é o tipo de rio que estão a pensar)! Por motivos económicos ainda pensei convidar o senhor La Féria para fazer uma revista, mas achei que era pouco ambicioso e optei mesmo pelo cinema. Queria uma coisa em grande! Só não vou é armar-me em realizador para não mostrar o lado mais repugnante do meu carácter como alguns "botelhos" (não sei se o nome vem de bota se de fedelho) que por aquelas bandas rastejam. Prefiro ser produtor. Não tenho é 'cacau' que chegue, mas confio na solidariedade dos mecenas cá do burgo (por hábito muito generosos) para avançar com o projecto.

Já escolhi o realizador, vai ser o Woody Allen. Nem menos! É mesmo realizador, é competente e tem um finíssimo sentido de humor. Porque sou bairrista e provinciano, ainda me lembrei do Manuel de Oliveira, mas, dada a sua origem tripeira, reconsiderei e não lhe fiz o convite com receio que mais tarde o viessem a acusar de tráfico de influências... É que o senhor tem quase 100 anos e eu respeito as pessoas idosas... e a transparência de processos.

A temática complementa-se, e será dividida em duas partes que oscilarão entre a pedofilia e a fiabilidade da justiça portuguesa. O cenário decorrerá na região da grande Lisboa para emprestar mais realismo ao filme. A maior dificuldade do projecto está no elenco porque implica uma grande quantidade de actores que pode inflaccionar o preço final da obra. O título ainda não foi decidido, mas estou a pensar na versão portuguesa de: em "E tudo o vento levou - Parte II".

Mas cuidado, nada de confusões, será apenas um filme de ficção, uma adaptação... Percebem? Toda e qualquer semelhança com factos da vida real será obviamente pura coincidência... O meu interesse é essencialmente de índole cultural, embora creia que não me levarão a mal por querer ganhar umas coroas. A vida está tão má.

Rui Valente

De: Pedro Lessa - "Nó a estudar"

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-01 22:54

Meu caro Pedro

No seguimento do meu post, acerca da temática do “Nó a estudar”, infelizmente cada vez mais em uso, mais me preocupo com a escolha dos projectistas para o desenrascanço do famigerado nó. Temo, pois, pela solução. Como admirador da obra do mestre Siza, como sabe que sou, já aqui anteriormente me pronunciei pela má escolha que foi para a Av. dos Aliados. A Av. podia ter ficado muito melhor. Agora estou para ver o resultado de ver o mestre Siza a desenhar nós.

Do mesmo modo que defendo veementemente a Arquitectura para os arquitectos, o Desenho Urbano deve ser feito por urbanistas. Mas isto levar-nos-ia para outras discussões. Com toda a certeza, dentro da classe, geracionais.

Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa
pedrolessa@a2mais.com

De: F. Rocha Antunes - "FDZHP"

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-01 17:27

Meus Caros

Não consigo perceber esta onda de indignação com o encerramento da FDZHP, com a evidente excepção das pessoas que lá trabalhavam e que aqui se manifestaram: perder um emprego é sempre uma perda importante, especialmente se for um emprego no Estado, com as garantias que até agora existem.

Se bem percebi, a Fundação foi extinta com o acordo de quase todos os seus conselheiros, incluindo os presidentes das quatro juntas de freguesia da zona histórica, tendo sido proposta pelo Ministério que tutela a Segurança Social. Os restantes conselheiros representavam as instituições particulares de solidariedade social que vão assumir a continuidade das prestações sociais, pelo menos foi o que li nos jornais, e também esses votaram a favor da extinção da Fundação.

Cada executivo municipal utiliza os instrumentos que considera mais eficazes para conseguir atingir os seus objectivos. A Câmara anterior criou a FDZHP, esta criou a SRU. A próxima Câmara que for diferente desta vai poder extinguir a SRU e criar outra coisa qualquer. Não vejo que o mundo esteja para acabar antes do tempo por causa disso.

As pessoas são importantes e aquelas que são portadoras de um capital de conhecimento indiscutível serão sempre utilizadas a favor do Porto, de uma ou de outra forma. Não misturemos as legítimas preocupações de quem perde um emprego com o resto. Há tanta coisa que cada um de nós pode fazer pelo Porto, cada um na medida das suas possibilidades, que me aflige o tempo que se perde com este choramingar contínuo.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

De: Rui Encarnação - "Os Medos!"

Submetido por taf em Quarta, 2007-08-01 14:34

Mais uma vez, a CMP da actual gestão provou e demonstrou como se acaba com o que se quer acabar, e, também, que a extinção é a forma ideal – jurídica e socialmente – de proceder a limpezas de trabalhadores e, sem qualquer vergonha, se eximir às suas responsabilidades. O processo de extinção da FDZHP é exactamente igual ao da extinção da Culturporto e da famosa doação do Rivoli ao encenador La Feria (veja-se o artigo publicado por Carla Miranda no Público).

Como se vê, tanto na FDZHP como na Culturporto a CMP fez nomear gente absolutamente incapaz e impreparada para gerir essas instituições. E esses Gestores cumpriram o seu trabalho, pois mais não fizeram do que afundarem as instituições que geriam num mar de gastos, sem receitas ou resultados. Para isso, foi muito importante o corte radical de fundos no 1º mandato da actual gestão da CMP, pois foi aí que, com o argumento de que não havia dinheiro para foguetes, foi determinado e iniciado o processo da sua irremediável extinção.

Ainda houve quem protestasse (lembrem-se do vereador da Cultura Marcelo Mendes Pinto que num assomo de lucidez e honestidade intelectual utilizou a parábola do Ferrari sem gasolina) mas de nada valeu. O destino estava traçado e a CMP, recorrendo ao Manual das Boas Práticas que tanto apregoa e esbraceja ao vento, já há muito preferiu um péssimo gestor da sua cor política – ou de boa obediência à liderança – aos que são competentes, esforçados e empenhados no que fazem. Assim, no final, o património da Culturporto foi desbaratado – entregue, em parte ao Sr. Lá Feria / Dª Ermelinda que destrói painéis acústicos como quem come sandes de couratos (o que, aliás deve estar a começar a constar da ementa do café-concerto) e outra aos rapazitos da Porto Lazer (e estes, reconheça-se, percebem muito de Lazer. É pena que nada saibam de Porto).

Agora, restará saber quem irá desfrutar do património da FDZHP. Veremos quem será capaz de melhor o usufruir, mas, claro está, sem ser em benefício das pessoas e habitantes da cidade. Disso não tenho dúvidas. Nenhumas!!! Resta, por fim, o material humano. Essa mais valia dos tempos modernos, pois é ela quem faz a diferença nas empresas e no mundo, nada vale para a CMP. Para a CMP, tanto faz ter técnicos competentes como não. Só lhe interessam os que se deixam subjugar à vontade dita política, como se isso fosse sintoma e sinal de acerto na decisão, de sabedoria e competência. Daí que desbarate esses recursos humanos, em que apostou durante anos, como quem muda o óleo ao carro (talvez, assim, os nossos leitores da CMP percebam do que falo....).

Mas, tudo isso, todas essas enormidades que a CMP tem feito, essas gestões ruinosas, esse desbaratar de recursos, não encontra qualquer resposta nas consciências e nas ditas forças vivas da cidade. Da ideia – não demonstrada – que a actual CMP tem uma seriedade superior às gestões anteriores, resulta tudo ser permitido e nada ser censurado, especialmente no que respeita às consequências dos actos. Se isto não é Medo, então dêem-lhe outro nome, mas, por favor, ajam, reajam contra esta forma de gerir aquilo que é nosso, esta falta de princípios e de coragem.

Já nada falta para se sentir vergonha em ser tripeiro.

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