2013-02-10

De: Pulido Valente - "Desculpa lá Tiago..."

Submetido por taf em Sábado, 2013-02-16 00:44

... porque quanto aos despejos que consideras legítimos, e que as ex-moradoras não têm razão para se queixar, não te parece que se elas se dispõem a vir para a televisão é porque se sentem injustiçadas? E se pode ser não será porque não perceberam devidamente a gravidade da situação? Gostava de saber o que pensas sobre o apoio de assistentes sociais e psicólogos da CMP aos inquilinos relapsos (os que reincidem) pois que manifestamente quem viu a reportagem pode admitir que a rudimentar cultura e preparação cívica podem levar a que tais apoios sejam imprescindíveis para evitar que a burocracia cega leve a barbaridades socialmente inadmissíveis. Sim a burocracia foi amolecida e até aligeirada mas não se passou disso. Alguém foi lá ajudar as pessoas? Alguém se dispôs a ir tratar da papelada? Alguém pensou que as senhoras podem não estar em condições de resolver por si aquilo que a burocracia impõe? Atirar com tudo para cima de pessoas que parece necessitarem de ajuda e não lha prestar havendo meios para isso não é na mesma uma barbaridade? Acho que sim.

Diz da tua justiça.
JPV

"Basta o poder político para efectuar um Protocolo de Reestrututação Financeira com alguém do Sistema Financeiro. Essa instituição, que pode obter garantias do Estado ou mesmo de fundos da União Europeia, sairia a ganhar."

Como é mais que evidente o José Ferraz Alves tem toda a razão, mas parece que:

  1. o poder político, se existe, que tenho dúvidas, e antes o poder pelo poder dos sempre instalados - quer na governação quer em todas as oposições - não sente(m) o País real, nem as Pessoas. Não! Vivem noutra "onda"!
  2. as Instituições Financeiras ainda não se souberam ou quiseram adaptar a este tempo, e funcionam como se estivessem antes de 2008.

Ou seja, estamos com gravíssimos problemas, para além dos que aponta de desempregados e de juros elevados, os reformados a cada mês que passa recebem menos, logo também perdem poder de compra - qualquer dia será de subsistência! - e de ajuda a filhos e netos... ninguém está a ver isto! O País - O Porto, claro, é País! - está a desfazer-se... e ninguém de suposta responsabilidade "deita a mão"! Ainda se podia poupar em Fundações, Institutos, Universidades, PPPs, e mordomias de cargos políticos e públicos, mas não se está a querer ir por aí... logo... vamos ver até onde isto cai! É pena! Mas se andarmos nas ruas, nos supermercados, se nota que a Grécia está-nos a entrar porta adentro... Mas e daí?

VELHINHAS QUE COMEM QUEIJO. “Sem que se perceba porquê, ainda hoje, as senhoras continuam sem entregar os elementos legalmente requeridos” (CMP) O que não é estranho para seres humanos normais, inteligentes e sensíveis “é estranho” para a CMP. A Dona Maria Emília de 79 anos (ex - Bairro do Monte da Bela) e a Dona Ilda de 70 anos (ex - Bairro do Cerco) são duas senhoras com idade para ser minhas avós. Qualquer um (não a CMP) sabe que as pessoas a partir dos 60 anos, esquecem-se de coisas, “de tomar os remédios” por ex., sobretudo, de cartas e burocracias, que qualquer um de nós faz os possíveis mesmo aos 40 por esquecer…

AS PESSOAS, MEROS RECEPTÁCULOS DE CARTAS E COMUNICAÇÕES. É assim que a CMP e a DOMUssOCIAL trata “de cima” as pessoas. Vem a 1º carta, vem a segunda, vem a terceira. Uma máquina de debitar cartas e procedimentos maquinais e automáticos. Até podiam vir 500.000 cartas. Continua a não haver humanidade e conhecimento das pessoas por parte da instituição "apesar de todas as diligências efetuadas pela DomusSocial, tanto a nível das insistentes notificações enviadas, como até no alargamento de diversos prazos legais ao longo de todo um período de tempo superior a dois anos." (CMP) Não conhecem as pessoas, nem as “sinalizam” ou acompanham socialmente. Este trabalho social mínimo é uma coisa extraterrestre para a DomusSocial. Assim sendo, acontecem coisas como "Eu não sei se entreguei ou não, porque ia lá e faltava uma coisa e depois faltava outra. Perdi o primeiro papel que me deram e não dizia que dava despejo. Eu ia a pé com a papelada até lá e uma vez pediram-me um papel que não existia", contou ao JN o filho que vive com Maria Emília”

De: Pulido Valente - "Rui Quelhas"

Submetido por taf em Quarta, 2013-02-13 16:53

Tomei conhecimento de que o Rui Quelhas, administrador executivo da SRU, comprou, com o amigo Adérito Oliveira, um prédio no gaveto da Rua dos Mercadores com a Rua Clube Fluvial Portuense, à saída do Túnel da Ribeira. Claro que a escritura foi feita pelas “esposas”. Fê-lo negociando com a FDZHP, cuja administradora (Ana Teixeira, ex-tesoureira CMP) é muito sua amiga. O edifício está localizado num Quarteirão Estratégico, ou seja, sob a alçada da própria SRU. Isto não tem provocado a reacção de quem quer que seja; o que não surpreende sabendo o que sei.

É um tipo de imoralidade que revolta, pois os técnicos da Porto Vivo são capazes de obrigar um desgraçado de um proprietário a contratar um arquitecto para licenciar a reparação de um telhado e nada fazem em situações bem piores que envolvem amigos e eles próprios. Quem é o arquitecto?

JPV

--
Nota de TAF: Informei por email Rui Quelhas e Ana Teixeira de que, como será evidente, podem aqui responder se assim o pretenderem.

De: Pedro Figueiredo - "Esclarecer o Esclarecimento"

Submetido por taf em Quarta, 2013-02-13 16:35

SOBRE CERTAS FLORES:
Ana Carneiro: Arranjei-lhe aqui umas flores, finalmente. Lamentavelmente são de 2011 e foram “tiradas” em Serralves. Tentei em vão procurar nos meus ficheiros, mas de facto, e também assim de memória, há algum tempo que as árvores (tulipeiras?) com flores coloridas parecem ter desaparecido (!) do Porto. Aqui ficam, para já... “Uma flor para quem é uma flor”.

SOBRE CERTOS DESPEJOS DESUMANOS:
Aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ...
"até sábado, das 11h às 13h, os eleitos municipais do BE vão estar diariamente à porta da empresa Domus Social, que gere o parque habitacional da Câmara do Porto, numa acção de protesto contra os despejos e de esclarecimento à população."

SOBRE CERTAS OkUPAÇÕES HUMANAS: aqui, aqui e aqui.

SOBRE CERTO ESCLARECIMENTO QUE PRECISA SER ESCLARECIDO: há que destacar várias pérolas.

... Ver imagens, resto do texto e apontadores em PDF.

De: José Ferraz Alves - "Fundo de Desendividamento para o Porto"

Submetido por taf em Quarta, 2013-02-13 16:00

A cidade do Porto tem mais de 20 mil desempregados. A taxa de desemprego oficial nacional chegou aos 17%, no Porto é de quase 30%. O emprego é criado pelo investimento. Este depende das perspectivas de consumo, da existência de clientes, do rendimento disponível que exista nas famílias portuguesas. O sobreendividamento é o maior dos problemas que temos em Portugal, que reduz esse rendimento e essa procura potenciadora da criação de emprego. Entendo que este problema tem soluções que não estão a ser aplicadas e que não perceberam a perversidade do mecanismo associado aos cartões de crédito.

A propósito de uma notícia de 2013.02.13 do Diário Económico "Bancos já baixaram os juros de 40% dos cartões de crédito", que nos parece isentar de preocupações relativamente a este problema dos sobreendividados, reafirmo que o problema está na exigência de cobrança de 5% do capital, mensalmente, o que pressupõe o reembolso em menos de um ano e meio, o que se torna impossível e obriga a mais pedido de crédito, sucessivamente. O mecanismo é que é perverso. Uma dívida de 10 mil euros obriga ao pagamento mensal de 5%, 500 euros. Com juros a 40% acresce 330 euros. Com a descida dos juros para 25%, 210 euros. Um devedor com rendimento mensal de 900 euros tem de entregar 830 euros ou 710. Claro que volta a usar o cartão de crédito, pelo menos, em mais 500 euros. Nunca sai deste mecanismo.

Aquilo que proponho, uma reestruturação para 10 anos e juros de 10%, significam um pagamento mensal de 130 euros. Mesmo se a taxa fosse de 40%, a prestação mensal seria de 330 euros, não 830 euros. O credor recebe sempre. O devedor paga. A economia fica com mais rendimento disponível. A descida das taxas de juro não resolve o problema e lamento que não se perceba a gravidade de toda esta situação e o potencial de desbloqueio desta crise que vivemos, de poucos estarem a ficar com tudo. A reestruturação dos 600 mil sobreendividados permitiria a libertação de 3 mil milhões de euros de rendimento, 600 milhões de IVA e mais investimento e emprego. Não são os Bancos que têm de ser capitalizados, mas os seus clientes. Não o Estado, mas as pessoas que podem pagar impostos.

Basta o poder político para efectuar um Protocolo de Reestrututação Financeira com alguém do Sistema Financeiro. Essa instituição, que pode obter garantias do Estado ou mesmo de fundos da União Europeia, sairia a ganhar.

José Ferraz Alves
Movimento Partido do Norte

De: TAF - "Algumas sugestões e apontadores"

Submetido por taf em Terça, 2013-02-12 20:49

De: Judite Maia Moura - "Escarpa do Rio Douro IV"

Submetido por taf em Terça, 2013-02-12 15:25

O sonho de vir a ter um percurso de sonho

Acabámos o capítulo anterior mencionando o acesso ao Bairro da Aguada. Ele faz-se, actualmente, pelo número 65 da Rua Gomes Freire. Já em Fevereiro 2010, quando procedemos à identificação de lixeiras para o “Limpar Portugal”, nos apercebemos de que havia muito lixo entre a linha férrea actual e a Marginal, mas não conseguimos descobrir como lá chegar. Em 2012, na nova identificação de lixeiras para o “Limpar Portugal”, através dos moradores das ilhas da Rua Gomes Freire, que já mencionamos atrás, conseguimos descobrir esse acesso, onde afinal tínhamos estado várias vezes em 2010, sem lhe encontrar a continuação… A passagem do número 65 acede a escadas que ladeiam a linha férrea actual e, quando parecem ter terminado numa parede, afinal viram à direita e continuam por um túnel por baixo da linha férrea, prolongando-se ainda por mais uma série de lanços. Um dia deu-nos a curiosidade de contar os degraus e chegámos a 155, alguns deles sendo patamares e não propriamente degraus.

Mal saímos do túnel já com uma paisagem magnífica à nossa frente, as ruínas começam a aparecer, consequências de uma derrocada em 2001 e posterior incêndio em 2010. Essas ruínas, em vez de terem sido imediatamente demolidas, para evitar mais perigos, ficaram por ali e assim foram servindo para armazenamento de toda a espécie de lixo, desde mobiliário, sanitários, vestuário e mesmo lixo doméstico. Só mesmo vendo! Mas, no meio desta lixeira monstruosa, há casas habitadas. As primeiras aparecem ainda ao longo das escadas, logo à saída do túnel, do nosso lado esquerdo, depois de se subir outro lanço de escadas diferentes; as outras casas estão depois no fundo, mesmo ao lado do Ramal da Alfândega, tendo estas sido já mencionadas no nosso capítulo III.

Junto a estas casas está aquela a que, desde 2010, mesmo sem a vermos de perto, chamávamos a lixeira grande. Inacreditavelmente grande! Seguindo para a direita, no mesmo sentido que vínhamos a seguir anteriormente, desde Campanhã, tínhamos, logo a seguir, aquela a que chamávamos “a casa suspensa”, porque, na realidade, ela estava meia assente na rocha e meia suspensa em ferros, algo surrealista. Apenas mais uns metros, agora do lado direito, e mais uma casa grande totalmente em ruínas e, a seu lado, outra mais baixinha, também em ruínas, mas onde viviam emigrantes, eventualmente clandestinos, pois sempre foram muito fugidios. Ainda um pouco mais à frente entra-se no segundo túnel do percurso. Ao longo deste percurso até ao túnel, embora mais disperso, o lixo continuava, nas suas mais diferentes espécies; nesta zona ele era lançado ainda mais de cima, do Bairro de São Nicolau, de que viremos a falar mais tarde. Curiosamente, e também lamentavelmente, do lado esquerdo existem várias escadas em pedra, que descem para a Marginal, mas que se encontram igualmente muito mal tratadas.

E aqui surgiram as primeiras acções de limpeza de Voluntários da AMO Portugal, cheios de boa vontade e de esperança de melhorar um espaço sem igual na nossa cidade. Fez-se a primeira acção em Março 2012, na nova edição do “Limpar Portugal”, outra em finais de Maio e depois ainda algumas mais pequenas posteriormente. Na acção de Maio limpou-se uma grande parte da lixeira grande e batemo-nos junto da Câmara do Porto para colocarem ali um colector, tipo manga, para o lixo doméstico, a descarregar para a Marginal, tal como existe na Calçada das Carquejeiras, pois consideramos que é preciso ter em conta a componente humana e que não é fácil, sobretudo com temperaturas superiores a 30° no Verão ou com enxurrada pelas escadas abaixo no Inverno, subir 155 degraus ainda com a carga do lixo a dificultar a subida. Infelizmente foram pedidos feitos em vão. Apenas uma verdade tem de ser dita: a Divisão de Limpeza da Câmara do Porto sempre colaborou com simpatia e prontidão na cedência de materiais e na recolha do lixo que os Voluntários iam apanhando e tentou mesmo limpar a lixeira grande, depois de nos terem recomendado que não o fizéssemos, por falta de segurança, mas ela aluiu, de facto, e desistiram.

Tínhamos orgulho no que tínhamos conseguido fazer e acompanhámos as nossas acções de limpeza com acções de sensibilização junto dos moradores, para que não voltassem a lançar lixo para a Escarpa: mensagens escritas, distribuídas porta a porta; apresentação de imagens em Power Point (uma num café, durante uma sessão de karaoke, e outra durante o baile de São Pedro, no intervalo); e fez-se mesmo uma cascata se São João com lixo apanhado da Escarpa, envolvendo as Crianças ali moradoras, que esteve com essas Crianças no Largo das Fontainhas durante todos os festejos de São João. Os resultados pareciam começar a ver-se. No entanto, entre Julho e Agosto, a Câmara do Porto, através da GOP – Gestão de Obras Públicas, resolveu mandar “rapar” a Escarpa, com vista a um levantamento topográfico pormenorizado. Raparam a vegetação e deixaram ficar toda aquela imensidão, juntamente com o lixo que tinha agarrado, ali estendida ao longo de todo o percurso que os Voluntários tinham primorosamente limpado. Hoje todo aquele corredor está pior do que estava antes de os Voluntários começarem a limpar e a lixeira grande está novamente tão grande como antes de lhe mexermos.

Em Setembro 2012 rebentou subitamente uma conduta de água ali mesmo perto da “casa suspensa” e desta vez ela não resistiu, desfazendo-se quase por completo. Da mesma forma, a casinha que havia um pouco mais à frente, precisamente no local do rebentamento, onde viviam emigrantes, ficou como que cortada com uma faca a meio da sua altura. Finalmente, com o temporal de Janeiro 2013, o pouco que ainda existia da “casa suspensa” desmoronou-se totalmente, incluindo os ferros que a mantinham suspensa.

E, nesta zona, temos ainda mais de insólito. Quando, em Fevereiro, fizemos a caminhada pela Marginal, identificando lixeiras, a água do rio ia tão baixa que até tirámos uma fotografia a um dos pilares da Ponte São João, mostrando as marcas do nível da água. Qual o nosso espanto quando, a dada altura, mais à frente, vimos dois grandes esgotos a descarregar para o rio, precisamente nesta zona da Aguada. Um deles vem, nada mais nada menos, por um cano escarpa abaixo, que desaparece enterrado na rua e depois volta a aparecer descarregando para o rio. Agora já temos a certeza de que esse cano leva os esgotos daquelas casas, já que não têm saneamento devido. Mas, infelizmente, ainda vamos ver pior…

... Publicado também no site da AMO Portugal. Ver álbum de fotografias aqui.