2006-06-04

De: Paula Morais - "Aliados: «Só prédios, só prédios.»"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 22:54

Caros participantes,

Foi a leitura da notícia "Fez-se luz nos Aliados", mais precisamente a citação que transcreve os comentários proferidos por algumas pessoas aquando do discurso de um dos co-autores do projecto de renovação desta avenida com dimensão de praça (e a partir de agora, também com forma e com outras características), que me incitou a escrever este post sobre o principal tema da semana aqui no blogue.

De facto, e abstendo-me de comentar as opções projectuais (quer as relativas ao desenho urbano, quer à “mutilação do verde” que incluiu o corte de algumas árvores), uma vez que, no devido tempo, não existiu a tão desejável discussão pública do projecto*, ao contrário do que sucedia antes da concretização das obras de renovação, é neste momento possível ter uma percepção bastante mais abrangente de algo que antes permanecia semi-oculto por entre as copas das árvores e os bandos de pombos que nelas coabitavam: o conjunto dos edifícios que ladeiam este espaço central da Baixa portuense.

Com uma qualidade arquitectónica inquestionável, e responsáveis por oferecer, à agora avenida-praça, excelentes oportunidades para albergar actividades humanas que permitam assim revitalizar e trazer qualidade de vida a todo este conjunto urbano, é também um facto que neste momento tais edifícios não estão de todo a cumprir a sua missão. Estando grande parte deles obsoletos a nível de uso (inclusive sem aproveitamento), ou com utilizações, na sua grande maioria, bastante restritas ao público em geral (por exemplo, os Bancos e os stands de automóveis que ainda lá permanecem), bem como carecidos de simples obras de limpeza e manutenção, na minha opinião, dificilmente o espaço avenida, sozinho, conseguirá trazer pessoas para o espaço praça, ainda que com as medidas anunciadas de ocupação dos pavimentos com esplanadas. Por exemplo, à noite praticamente nenhum edifício tem ocupantes que por lá permaneçam, a não ser o caso de uma ou outra Albergaria ou Residencial ;-).

Assim, e numa época em que as preocupações de sustentabilidade ambiental se estendem também ao ambiente construído, uma boa forma de concretizar, nesta fracção do ambiente construído portuense, o princípio económico-ambiental de se conseguir o máximo rendimento e qualidade de vida com o mínimo sacrifício de recursos, a mínima hipoteca do futuro e o máximo de ciclos de reciclagem (e que aliás se resume muito bem na famosa frase “less is more” já aqui referenciada por Pedro Aroso), pode, e no meu entender deve, passar por estender o processo de renovação e requalificação dos Aliados, também aos edifícios contíguos, através de uma requalificação/actualização dos seus usos/utilizações. Trata-se deste modo de operacionalizar um verdadeiro processo de “reciclagem do edificado”, (re)aproveitando os edifícios existentes para albergarem usos mais atractivos, e cujo rendimento permita quer a reabilitação, quer a manutenção/preservação sustentáveis da estrutura física que os suporta por um prazo economicamente viável.

Para demonstrar que tal é possível, cito por exemplo o caso bem-sucedido da Avenida Paulista, localizada na cidade brasileira de São Paulo. Inaugurada em 1891, esta avenida que nasceu a partir do desejo dos “Barões do café” de possuir uma residência fixa no centro da capital do Estado de São Paulo, conheceu diferentes perfis a nível de usos predominantes das estruturas edificadas que a ladeiam. Permanecendo o uso residencial até meados dos anos 50 do século XX, com os seus palacetes alinhados rigorosamente segundo regras urbanísticas, rapidamente com o desenvolvimento económico da cidade foram substituídos por edifícios de escritórios e comércio, que ainda hoje persistem (passando a ser considerado como o “centro financeiro da cidade”). Durante a década de 60 e 70 do mesmo século, e seguindo as orientações de novas regulamentações relativas ao uso e ocupação do solo, a Avenida foi alvo de uma profunda reforma paisagística, da responsabilidade da arquitecta paisagista Rosa Grena Kliass e do escritório Cauduro e Martino, que introduziram os passeios de calçada portuguesa (calçadões)* na mesma. Hoje em dia, e com a importância económica cada vez mais deslocalizada para outras zonas da cidade, a Avenida Paulista está a tornar-se naquele que é um dos mais importantes centros culturais de São Paulo. Possuindo uma excelente acessibilidade por metro, bem como amplos passeios pedestres, os edifícios que ladeiam a avenida estão a receber ocupações bastante atractivas de uma população jovem. Além dos inúmeros e necessários estabelecimentos de restauração de qualidade e de conjuntos de lofts, que acompanham estes novos usos, localizam-se também neste espaço importantes equipamentos públicos de cultura, tais como por exemplo, o famoso museu Masp, e o Sesi, que possui um teatro para apresentações gratuitas de jovens companhias de teatro e uma biblioteca que permite o empréstimo gratuito de livros a qualquer pessoa que apresente um comprovativo de residente.

Paula Morais
Arquitecta

Nota *: “Até meados dos anos 1980, a avenida Paulista, em São Paulo, concentrava as sedes das principais empresas que operavam no país e, assim, figurava como ícone do capitalismo brasileiro. Mas, mesmo a famosa avenida não ficou imune à perversa lógica do mercado imobiliário, que foi deslocando o pólo empresarial para outras regiões paulistanas. Durante a década passada, empresas e profissionais liberais fundaram a Associação Paulista Viva, organização que tem como objetivo evitar o abandono da região e reafirmar sua importância na história e no futuro da cidade. Entre as realizações da Paulista Viva, uma das que tiveram maior repercussão foi a promoção de um concurso de idéias para o redesenho da avenida, com o intuito de melhorar sua qualidade urbana. O arquiteto José Magalhães foi o vencedor. No primeiro semestre de 2002, na esteira de uma série de reportagens de tevê que apontavam os problemas urbanos da avenida, a Paulista Viva, estimulada pela prefeita Marta Suplicy, encampou a idéia de realizar votação entre os freqüentadores do local para eleger um novo tipo de piso a ser implantado nas calçadas da Paulista.”
- fonte: Arcoweb

De: Rui Valente - "Então Sr. António Alves, são coisas que se digam?"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 22:00

Então o meu amigo, logo hoje, no dia de Portugal, foi acordar mal disposto? Então pensa uma coisa dessas do Dr. Cavaco Silva?

Não ficou comovido com as loas tecidas à nossa cidade e à nossa gente? Não ficou a gostar um bocadinho mais dele? Não ficou mais animado? E a condecoração a Rui Rio, não foi justíssima?

Ainda não percebeu que vai ser Cavaco o salvador da nossa região? Da pátria não direi, porque já teve oportunidade de a salvar (e foi o que se viu), mas do Porto, pode estar certo que é uma questão de dias. Além disso, não se esqueça que o Estado somos todos nós. Esta treta parece ter pegado de estaca...

Sejamos optimistas. As críticas não levam a nada, não é? E as bandeirinhas da selecção nacional, não darão uma ajudinha?

Força! Viva o Portugal risível!

Rui Valente

De: Cristina Santos - "Foi positivo..."

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 21:44

O Presidente da Republica visitou-nos, cumprindo assim as expectativas dos seus eleitores do Norte.

Deixou uma mensagem clara:
O desenvolvimento consolidado do País depende do equilíbrio entre o Norte e o Sul, o Governo não pode continuar a ignorar as ameaças de desagregação do território nacional, como a eventual integração do norte a Espanha.
O desenvolvimento do Porto é o contrapeso necessário a um Portugal activo em todo o seu perímetro, o país divide-se em duas grandes zonas, o Norte e o Sul, no Sul está Lisboa e no norte está o Porto, se o Porto (região) cair em desgraça o país cai com ele.
O Presidente da Republica veio abrir espaço ao Governo para investir e apoiar esta região, já que o seu apoio foi tornado público e garantido.

A parada militar embruteceu o evento, neste clima interno de contestação a entrada do exército pelo mar, afigurou, em alguns, o exercício da força e do regime.

Mas penso que no geral ficamos muito bem perante o País, é um evento que contará a favor de Rui Rio e da cidade.

Cristina Santos

Ps. a identidade do autor do texto será sempre contestável, uma vez que a maioria dos discursos políticos não são redigidos por quem os lê...

De: Laura Viegas - "Recordações"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 20:20

Em dia feriado e logo da Raça, é interessante recordar os momentos cruciais na nossa democracia, rever textos e discursos passados. Como sou professora (refomada mas sempre professora), achei que devia lançar um desafio aos bloguistas. Quem terá escrito o discurso que se segue:

"Assiste-se a um enfraquecimento do poder político e da própria democracia representativa, em larga medida esvaziados pelo aparecimento de poderes fácticos poderosos, na maior parte das vezes de perfil corporativista. A pressão da conjuntura, agravada pela excessiva superficialidade do mediatismo dos nossos dias, torna mais difícil fazer reformas, numa sociedade que, pela sua constante e rápida mutação, exige justamente pelo contrário. A difícil situação em que Portugal se encontra é, fundamentalmente, fruto de demasiadas cedências à lógica da simpatia fácil e popular e à gestão do tempo político em cómoda subordinação às imposições mediáticas."

  • Hipótese 1: Hermínio Martinho - líder do PRD
  • Hipótese 2: Ramalho Eanes - Presidente da República
  • Hipótese 3: Tino de Rans
  • Hipótese 4: Outro

O seu palpite conta!

Não sou rica, mas prometo um rebuçado de mentol digital para quem acertar.

--
Nota de TAF: Estou a tentar perceber o alcance deste post. A questão é saber se foi o mesmo autor deste discurso cuja versão escrita tem uma parte extraordinariamente semelhante... ;-)

De: Rui Moreira - "Bucareste ano zero"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 14:41

As obras "ceausesquianas" estão concluídas. Quero ouvir agora os que defenderam, com deferência, o projecto. Pela minha parte, nunca tive dúvidas.

Hoje, dia de parada militar, pensei que pelo menos iria decorrer no ilustre cenário. Preferiram fazer na Avenida Montevideu, em frente ao mar, talvez para poderem adivinhar do palanque os submarinos que por aí navegam.

Também em Nevogilde, junto ao naufragado Castelo do Queijo, foi instalada a arena do Mundial. Claro que os comerciantes e os proprietários de bares da Ribeira se perguntam porquê.

A razão é fácil de perceber. A história da animação da Baixa e do Centro Histórico é uma balela. Há quem diga que o problema da nossa autarquia é que não passa das "boas intenções". Pelo meu lado, não reconheço nem bondade nem intenção, não há pachorra para a história da "pesada herança".

As máscaras estão a cair. (Leia-se a propósito o artigo do Manuel Carvalho no Público de hoje, que elogia este blog) .

Rui Moreira

De: António Alves - "Discursos avariados"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 14:33

tanque na Parada

Sempre que os políticos se deslocam ao Porto aos magotes, é costume os discursos tecerem elevadas loas ao carácter desta cidade e realçar a sua suposta importância na identidade nacional. Entre as costumeiras citações de passagens literárias elogiosas para com a cidade, aparecem sempre os epítetos de "capital moral", "capital telúrica", "cidade que resiste", "exemplo de ambição", etc. Em suma, todos estes discursos contribuem para alargar aquele que se convencionou ser o campo de estudo da ciência política: estudar o que a política na realidade faz e não o que ela diz que faz. E a acção política do actual presidente da república é um exemplo paradigmático desta "política": ele que é um dos principais responsáveis pela concentração, que nas duas últimas décadas teve lugar em Lisboa, não tem vergonha nenhuma em vir cá passar-nos manteiga no lombo.

Ainda não há muitos dias Cavaco Silva produziu a seguinte pérola: «a centralização em Portugal prova que é um país com uma forte unidade que não tem problemas linguísticos, étnicos ou religiosos».

Ainda há muitos que se deixam enganar com estes discursos. Para outros, felizmente cada vez mais, não passam de discursos avariados, tal como o tanque que rebentou em pleno desfile.

António Alves

De: Pedro Lessa - "Parabéns atrasados"

Submetido por taf em Sábado, 2006-06-10 14:30

Caro Pedro Aroso, aproveito lhe para enviar os meus parabéns atrasados.

De facto, aquela solução das cadeiras nos Aliados é de todo inqualificável. Contava que em relação a todo este processo dos Aliados, já nada me surpreenderia. Enganei-me. Quando lá passei de carro pensei: cravaram as cadeiras no pavimento. Mas, olhando melhor, lá percebi o insólito.

Será propositado? Será que o Arq. Siza nos quererá transmitir que as cadeiras só lá estão de passagem e estão estacionadas? Faz-me lembrar logo as motas, de que somos utilizadores. É que assim as cadeiras vão desaparecer rapidamente, aliás como desaparecem motas.
Enfim, fico-me com a minha perplexidade.

Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com

De: Pedro Aroso - "Less is less"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 20:11

Eu nasci no dia 9 de Junho de 1953, ou seja, faço hoje 53 anos. E nasci precisamente no coração da cidade, na antiga Casa de Saúde da Av. dos Aliados (creio que fechou há meia dúzia de anos).

Hoje à tarde fui até à Baixa e, com alguma emoção, desloquei-me pela primeira vez ao local onde nasci, no dia do meu aniversário.

Como referi num post anterior, estive lá na noite da "inauguração" por isso, quando nos corredores da Câmara ouvi dizer que já tinham colocado os bancos à volta da fonte, aproveitei para ir ver o último "upgrade". Pois bem, ao ver os "bancos" fiquei… petrificado! Não vale a pena descrever. Quando puderem, passem lá e compreenderão onde quero chegar.

Eu sou duma geração de arquitectos muito marcada pela máxima do Mies Van der Rohe: "Less is more". Hoje cheguei à conclusão de que "Less is less".

Meu Caro Professor Álvaro Siza:

O Dr. Rui Rio tem defendido o seu projecto incondicionalmente. Creio que dificilmente encontrará algum cliente como ele. Peço-lhe, por isso, que repense a solução para os bancos. No lugar dele sentir-me-ia embaraçado com aquelas cadeiras presas ao chão por um cadeado…

Pedro Aroso

De: LF Vieira - "Avenida Desaliados"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 19:05

Blog: Cabo Raso
Post: Avenida Desaliados
--
Nota de TAF: A propósito, pelos vistos vale tudo para encher os Aliados:

- Zona da Ribeira sem ecrã gigante
- Ribeira protesta por falta de animação

De: Rui Valente - "A obra de referência"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 18:54

Caros participantes,

Há aqui qualquer coisa que me escapa ou que ainda não me foi convincentemente explicada.

Quando, praticamente isolado, propus e tentei entusiasmar-vos para a organização de um forte movimento contestário como forma de defesa dos interesses da cidade do Porto, à excepção de algumas pessoas, não consegui obter uma reacção favorável à minha proposta de forma assumida e corajosa.

Entretanto, fui acusado de revolucionário, de choramingas, fadista e (imaginem), responsável pelo marasmo da nossa cidade! Pela minha parte, nunca rejeitei outras soluções para a saída da crise, mas sempre me pareceu errado pensar que o problema do Porto se limitava a questões de carácter meramente económico ou da falta de espírito empreendedor. Apresentei muitos exemplos. Falei nos empresários mais conhecidos e poderosos da região e chamei a atenção para o facto de, apesar do seu sucesso pessoal e dos múltiplos investimentos realizados pelo país, todos eles desprezaram um sector fundamental para a nossa região: o da comunicação social, nomeadamente a Televisão, tendo-o contudo feito em Lisboa, onde o negócio está mais do que saturado. Os empresários, como é natural, preocupam-se em primeiro lugar com o lucro e não se lhes pode exigir que o façam com simetria e justiça, porque não é essa a sua missão.

O blogue "A Baixa do Porto", tem como tema base o debate livre sobre os problemas do Porto e suponho que também a procura das melhores soluções para influenciar a sua resolução. A juntar a isto, procura igualmente inibir a efectivação de obras e eventos que possam vir a prejudicar a cidade.

O facto de eu ter frequentemente posto em causa a força interventiva deste blogue gerou (e gera ainda) alguma "resistência" e provavelmente alguma antipatia pelas minhas posições desalinhadas. Este último aspecto é o que menos me preocupa, mas o mesmo já não posso dizer da questão da "resistência". Afinal, o que será concretamente que provoca tal "resistência"? Tratar-se-á de um vulgar paradoxo?

Quando leio aqui, manifestos absolutamente desenquadrados do status quo, críticos e quase exasperantes, nomeadamante da parte de alguns jovens arquitectos, pergunto-me se não estarão também eles a "chorar" por alguma coisa. É a autarquia, é o IPPAR, são as autoridades fiscais, todos eles (e com toda a pertinência) já foram acusados das mais variadas asneiras! Ora, isto, em si mesmo, basta-me para continuar a reforçar a minha postura crítica e as minhas posições iniciais. Não devo ser eu quem anda enganado.

Houve artigos contra as obras da Baixa? Houve acções em tribunal? Houve blogues temáticos?

Resposta: houve! E daí? Quem levou a melhor? Quem de novo contornou a lei e fez vingar o projecto agora concluído, contra tudo e contra (quase...) todos?

Resposta: o poder local (neste caso a Câmara do Porto).

A Avenida dos Aliados aí está, pronta sem o mínimo respeito pela opinião do cidadão. Com o tempo, as pessoas acabarão por conformar-se. Não serão as árvores que daqui a uns anos já frondosas irão remediar o irremediável. Poderão suavizar o impacto cinzento e industrial do granito, mas a Avenida nada terá ganho em beleza e harmonia em realção à anterior. Aquela fonte em escada parece uma piscina de hotel de 3 estrelas. Os materias envolventes são do mais pobre e rudimentar que há. Não têm nobreza, são cubos de pedra! Mas o povo, com o tempo, há-de habituar-se. Gente, também não faltará. Mas não pelas razões que o Dr. Rui Rio nos quer impingir. A Baixa será mais frequentada, como serão todas as zonas por onde o Metro agora passa, porque o Metro provoca o fenómeno. Só isso.

Não acrescentarei mais nada ao que já me vou cansando de afirmar, a não ser esta citação: "é uma tristeza muito grande e um enorme desalento por verificar que não houve nesta cidade uma veemente acção de rejeição àquele projecto. Parece-me que é um verdadeiro cataclismo urbano transformar a Av.dos Aliados numa praça inóspita. O que encontramos ali, pretensamente referendado por uma noção de modernidade, é a modernidade mais impessoal que grassa por essa Europa. A modernidade massificada, com falta de alma. Sinto naquela praça uma total ausência de afectos".

O autor deste pequeno texto saído no "Público" de quinta-feira é o escritor Mário Cláudio. Pode, como eu, não entender nada de arquitectura, mas é figura tão ou mais prestigiante do que o Arq. Siza Vieira.

Rui Valente

De: Cristina Santos - "JN à procura da falência"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 18:49

O site da Câmara desta vez tem razão.

Há que perguntar como é que o JN conseguiu prever que 3 jovens devidamente equipados com calções de banho iam tomar banho na nova fonte aquela hora da noite.

Não é que a fonte não convide a isso, estamos todos fartos de ver no parque da cidade a fonte redonda ser invadida por crianças e adolescentes, onde nem o perigo dos ferros afiados as sustém … mas os jovens da fotografia do JN estavam preparados para o efeito, sintonizados, não eram propriamente adolescentes e é de estranhar que o JN vá lá tirar o enquadramento às 11 horas da noite para publicar no dia seguinte.

Grande intuição jornalística, pena é que a intuição se reduza à fotografia. O JN devia esforçar-se para noticiar situações como as referidas pelo Pedro Lessa... mas não lhe agrada consultar os arquivos.

Na minha opinião, o JN já perdeu há muito esta guerra, deveria começar a pensar numa estratégia para não perder mais leitores portuenses, e acima de tudo devia considerar que um mandato dura invariavelmente 4 anos e uma empresa privada pode não aguentar tanto tempo de prejuízo…

De: Luís de Sousa - "OMA"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 14:33

OMA

OMA (O METRO ARQUITECTO), não confundir com a OMA (Office for Metropolitan Architecture) do arquitecto holandês Rem Koolhaas, autor da Casa da Música, pode muito bem vir a ser o nome do consórcio de arquitectura e urbanismo da Metro do Porto que neste momento já existe ainda que de uma forma dissimulada e que vai decidindo o modo como a cidade evolui ao nível do espaço público e da restruturação e requalificação da malha urbana.

No meu ponto de vista esta situação é grave e ao mesmo tempo perigosa em alguns aspectos que passo a citar:

1- Este papel que a Metro do Porto assumiu dá a entender uma certa demissão de responsabilidades por parte da Câmara ao nível das políticas do urbanismo que passam não só pela requalificação do espaço público, mas acima de tudo pela restruturação da mobilidade automóvel e pedestre em certas zonas da cidade.

2- Tendo uma equipa, neste caso comandada pelo arquitecto Eduardo Souto Moura, ganho o concurso para o projecto do metro do porto e estando esta responsável ao que parece não só pelo subsolo mas também pela superfície da cidade, isto cria uma monopolização arquitectónica em favor de uma pessoa em todas as zonas por onde o metro passa ou irá passar. O que é lamentável quando o espaço público deve ser plural em termos conceptuais e de linguagem para que a cidade não se torne monótona e previsível onde todas as ruas e praças são semelhantes.

3- É lamentável que os Autarcas e Administradores, executivos ou não, continuem a insistir com estes arquitectos de inegável qualidade para que projectem mais um espaço público para as suas cidades, pois este tipo de projecto é tão problemático e tão absorvente que acredito que o tempo destes arquitectos era mais bem empregue noutras áreas e escalas do projecto, já que a característica que é salientada e alvo de louvores a alguns destes arquitectos portugueses é o facto de controlarem bem as escalas mais pequenas, o que sem dúvida não é uma característica dos projectos de urbanismos.

Cumprimentos
Luís de Sousa

P.S. Caro Pedro Aroso foi um prazer ter trocado algumas palavras consigo naquele dia, pois mostrou ser um cidadão presente e preocupado com os destinos da sua cidade.

De: Valério Filipe - "A Avenida dos Aliados"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 14:18

Sobre a inauguração da Avenida dos Aliados e sobre a cobertura mediática, devo dizer que vi, nos diversos telejornais, as peças jornalísticas da RTP (canal 1 e RTP-N), da SIC (e SIC Notícias) e da Invicta TV.

Em todas elas foram ouvidos o Presidente (que se lembrou dos críticos profissionais) e o Arquitecto Siza Vieira. Em todas elas se viu a inauguração da fonte pelos 3 portuenses com mais calor.

Quando no dia seguinte vi a capa do JN, calculei imediatamente que o site da CMP, certamente por indicação do Presidente (ver entrevista ao Correio da Manhã) se iria insurgir contra a fotografia.

Dito e feito. Será que o Presidente e o site da Câmara não tiveram, ainda, noção do ridículo? Esta sanha persecutória não faz qualquer sentido. Outros órgãos de informação deram igual importância à "inauguração" da Fonte. A continuar assim qualquer dia verei o Presidente a dar razão ao Professor Carrilho (Ah! Estes malditos jornalistas...)

Os jornais e televisões, provavelmente deveriam ter dado mais eco às palavras do Arquitecto, justificando o deserto de pedra no meio da Praça: "É a sala de visitas do Porto, onde se reúne a cidade", reiterou Siza Vieira, explicando a opção pelo "piso duro" em vez dos espaços verdes e relvados, permanentemente "espezinhados". O Arquitecto exemplifica a utilização pelas massas: as vitórias do Futebol Clube do Porto, ou a manifestações (e agora digo eu: dos trabalhadores da recolha de lixo ou dos bombeiros).

Ainda bem que o Presidente não o ouviu, senão mandaria já lá plantar um belo relvado, com grandes avisos a proibir que pisem a relva e certamente que lá colocaria uns quantos "eco-cães". (aproveito para pedir uns quantos "eco-homens" para o Jardim de São Lázaro)

Quanto ao mais importante: no essencial gosto da nova Praça. O Garrett ficou com o piso em calçada portuguesa (e agora fica mal), a Fonte (espelho de água?) está muito bonita, parece estar num plano inclinado desafiando as leis da física (pelo menos para quem passa de carro).
Não gosto do já referido deserto de pedra (sem árvores) - a lembrar a Praça dos Poveiros - onde foi montado o palco para as comemorações do 10 de Junho - onde o Presidente vai receber a condecoração...

Temo que, mais tarde ou mais cedo, as massas espezinhem aquele piso duro com os automóveis, obrigando à colocação de pilares.
A iluminação, parecida com a da re-aberta Praça do Marquês resulta muito bem. No caso do Marquês transmite mesmo segurança para quem lá passa (ou passeia) a desoras.

Valério Filipe
vnfilipe@gmail.com

De: Nuno Gonçalves - "Avenida dos Aliados"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-09 01:21

Esta noite passei na renovada/revirada avenida e não pude deixar de reparar num facto que já se previa óbvio, o vazio, alguns portuenses que aproveitaram para passear nesta agradável noite de primavera decidiram ir até à dita avenida, curiosos com a obra e curioso o facto que praticamente todos ficaram na zona dos bancos em frente à câmara, o resto deste novo amplo espaço não passou disso mesmo, um amplo espaço vazio!

Creio que estamos a precisar de organizar algo deste tipo para a nossa avenida. Sim, a nossa! E não a de um arquitecto ou dois.

Nuno Gonçalves

De: Pedro Aroso - "Finalmente!"

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-08 23:58

O meu colega Luiz (com z) Botelho Dias e eu resolvemos aproveitar o dia de ontem para andar no Metro do Porto (coisa que ainda não tínhamos experimentado). Como este meio de transporte não serve a zona ocidental da cidade, subimos a Boavista e deixámos o carro nas traseiras da estação da Casa da Música.

Afinal, foi fácil comprar os bilhetes. A explicação da funcionária também não deixou margem para dúvidas. Na Trindade, mudámos de linha e seguimos em direcção ao Corte Inglês (que também não conhecíamos).

No regresso, era nossa intenção sair na Av. dos Aliados e dar uma espreitadela, mas acabámos por não o fazer. Quando cheguei ao escritório e vi anunciada para as 21:30 a "inauguração" dos novos Aliados, com a presença do Arq. Álvaro Siza, achei que não podia faltar...

Primeiras impressões

Tenho dito repetidas vezes que não gosto de me pronunciar sobre obras inacabadas. No entanto, abri uma excepção defendendo, desde o início, este projecto dos arquitectos Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura. Aguardava, por isso, com grande expectativa, o resultado final. Aqui vão as minhas primeiras impressões:

1. Por aquilo que me foi dado ver no projecto, tinha a ideia que iria encontrar um maciço de árvores mais denso. Obviamente, essa leitura será corrigida quando as árvores já plantadas atingirem o seu estado adulto.

2. A presença da fonte não é tão forte como esperava, porque está enterrada e, como muito bem referiu a Cristina Santos, é preciso aproximarmo-nos para ver a água.

3. Devo dizer que também fiquei surpreendido por não ver a fonte iluminada, por isso perguntei ao Arq. Siza se nunca lhe tinha ocorrido essa hipótese. Como é seu hábito, respondeu-me laconicamente: "Não. A luz dos candeeiros é suficiente".

4. Houve um estudante de Arquitectura que interpelou o Dr. Rui Rio, perguntando-lhe porque motivo a CMP não promove concursos abertos a todos os arquitectos. Esse estudante, que hoje descobri ser o Luís de Sousa, ouviu do Dr. Rui Rio uma resposta com a qual estou em total desacordo mas, tal como tive oportunidade de lhe dizer na altura, neste caso a história é bem diferente. Se bem se recordam, houve um concurso para a construção do Metro do Porto, que incluía não só a empresa construtora, como também os projectistas. Esse concurso foi ganho pelo consórcio em cuja equipa estava integrado o Eduardo Souto Moura que, por sua vez, convidou outros colegas para trabalharem com ele.

5. A vista a partir da Praça da Liberdade é magnífica, deixando claramente a sensação que a Av. dos Aliados "cresceu"!

6. O Francisco Rocha Antunes, que também esteve no local, chamou-me a atenção para um aspecto muito importante: a maioria dos edifícios que ladeiam a praça, estão desocupados. Imaginem a Broadway em Nova Iorque, ou as Ramblas em Barcelona, com os edifícios todos abandonados? A "cor" e o "entusiasmo" que o jornal Público diz faltarem no coração do Porto, não pode ser atribuída só ao granito...

Pedro Aroso

PS: Acabei por jantar no café Guarany, onde encontrei o Dr. Paulo Morais, que teve e gentileza de me convidar para passar pela Feira do Livro no próximo sábado, onde estará presente para autografar o seu livro. Lá irei, com todo o gosto. Estou certo de que este convite é extensivo a todos os habituées da Baixa.

Junto enviamos notícia relativa ao Espectáculo Multimédia "Manifestis Probatum II", cuja divulgação solicitamos e agradecemos antecipadamente.

Gratos pela atenção dispensada, subscrevemo-nos, atenciosamente.

O Departamento de Comunicação
Lucília Pinto, Instituto Multimédia
--
Espectáculo Multimédia Assinala Dia de Portugal

Inserido no Programa Oficial das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, realizar-se-á, no próximo dia 10 de Junho pelas 22:00 h, na Praça D. João I, um espectáculo multimédia intitulado “Manifestis Probatum II”.
Trata-se de um espectáculo (de entrada livre) que, tomando o nome da bula papal que reconheceu a independência de Portugal, em 1179, irá desenvolver-se à volta de três ideias: identidade, cultura e cidadania. Num palco especialmente montado para o efeito, o bailado conjugar-se-á com poesia, música, imagens virtuais e sons, ingredientes da beleza multimédia para um espectáculo singular.
A autoria deste espectáculo pertence ao Instituto Multimédia e conta com a participação de cerca de uma centena de pessoas (professores, alunos, grupo de elocução, atletas acrobatas, artistas de movimento, coro) estando a direcção artística e técnica a cargo de João Lorga e Margarida Pereira.
Este “Manifestis Probatum II”, que assinala o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, tem a duração aproximada de sessenta minutos e conta com a participação de 22 artistas de movimento e 9 atletas acrobatas numa relação de cooperação estabelecida com o Centro de Formação de Desportos Gímnicos da Escola EB2/3 do Cerco do Porto.
O bailado terá como pano de fundo a temática da memória, da identidade e do mito da génese da nacionalidade portuguesa e será articulado a diversas composições poéticas conhecidas. Associado ao bailado, haverá a projecção de imagens dinâmicas de grande formato alusivas aos descobrimentos portugueses, a Luís Vaz de Camões, à cultura e à cidadania.
(...)

De: Pedro Lessa - "Mais um..."

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-08 23:52

Ainda a propósito do Património Arquitectónico, parece que já se foi mais um edifício. Envio uma imagem para ficar no arquivo da memória.

Porto

Porto

A interrogação surge na Visão desta semana. Uma revista de Lisboa. O Porto está mesmo adormecido! E assim vai continuando a destruição do património do Porto.

Relativamente ao projecto na cimenteira da Secil, infelizmente as sucessivas câmaras já nos habituaram a estas "alterações impostas", não é de agora. Sempre em claro prejuízo da qualidade do projecto. Se o argumento tem sido proteger a encosta, não se percebe como se a protege colocando à sua frente um comboio...Continua a ter-se aversão à construção em altura, numa clara situação em que era de longe a melhor solução.

Quanto aos Clérigos, parece que o Sr. Vereador está aberto a sugestões e novas ideias. Penso que já por aqui foram apontadas algumas. À atenção do Sr. Vereador, portanto.

Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com

P.S.- Caro Luís, a triste resposta que obteve ontem já não espanta. Espanta-me é como ainda vá alguém ouvir tal insígne figura.

De: David Pinto - "JN está mesmo a ir longe demais?"

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-08 23:50

Pelos vistos parece que o JN está mesmo a ir longe demais, no que se refere aos ataques à Câmara do Porto. Estes problemas passam-me um bocado ao lado, pois centram-se essencialmente em “politiquices”, onde existem sempre assuntos que o JN poderá pesquisar e publicar para denegrir a imagem dos responsáveis pela Câmara do Porto. Mas no caso de hoje, a abordagem do JN à inauguração dos Aliados, já me diz algo mais. Salta a vista, logo na capa, a foto que mostra, possivelmente, a faceta mais negativa da inauguração e até mesmo, na minha opinião da nova Avenida. Também não gosto muito da fonte, que me parece mal enquadrada e ainda bastante suja. Mas acho também que tudo o resto ficou bastante agradável e muito melhor do que as minhas expectativas. Faltam agora as esplanadas, uns banquinhos e o crescimento natural das árvores.

Lá estarei no dia 10 de Junho, para fazer a festa do Dia de Portugal (também em D. João I).
E força Portugal!

(Envio em anexo, fotos que tirei hoje à hora de almoço)

Avenida dos Aliados

Avenida dos Aliados

Avenida dos Aliados

Avenida dos Aliados

Cumprimentos, David Pinto

De: Joaquim Silva - "A Casa Mário Amaral"

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-08 23:49

Relativamente ao post de David Afonso acerca da mutilação da designada “Casa Mário Amaral”, localizada na Rua de Latino Coelho, perto da Praça do Marquês de Pombal, a gravidade da situação é maior do que o anunciado. Na verdade, por trás da demolição do miolo e da sua transformação numa garagem a céu aberto (visível por quem passa na rua, se o portão da garagem não estiver encerrado), está… o Ministério da Saúde!!!

Pois é, os serviços distritais do Ministério, que funcionam num prédio contíguo, dos anos 70, precisavam de um espaço onde os senhores directores pudessem parquear as suas viaturas, oficiais ou não. E vai daí, provavelmente por um preço de ocasião, adquiriram os dois imóveis e neles promoveram a sua readaptação ao fim em causa, não cuidando do valor arquitectónico/patrimonial que se perdeu…

E – atenção! – duas casas mais abaixo, na mesma rua, está a decorrer idêntica “remodelação”, pelo que se pergunta: será que aumentou entretanto o parque automóvel do Ministério da Saúde no Porto?

Joaquim Silva

De: TAF - "Vou a Lisboa..."

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-08 10:33

... e volto ao fim do dia. Ou seja, pausa por umas horas na publicação.

Estação de Campanhã

Entretanto, sugestões de leitura:

- Fez-se luz nos Aliados
- Fez-se luz nos Aliados com direito a banhos
- API sair do Porto é “disparate”
- Revolta na Ribeira contra a Câmara
- Câmara afirma legalidade no Transparente - com argumentos muito forçados
- Câmara ainda não tem projecto para os Clérigos

- Cimenteira Secil dá lugar a urbanização - Veja-se o projecto inicial (esquerda) e a versão final com as alterações impostas pela autarquia (direita). Qual é melhor? Por que é que os promotores e o arquitecto, em face disto, não se manifestam publicamente denunciando mais uma demonstração de incompetência da autarquia?

Secil versão inicial  Secil à moda da Câmara

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