2011-07-03

De: Alexandre Burmester - "Os maus exemplos que vêm de «cima»"

Submetido por taf em Sábado, 2011-07-09 22:53

A recuperação da Baixa passa por muitos factores mas um deles tem de ser a forma como tratamos do Património. Muitos dos monumentos que temos pertencem à Igreja e esse é o caso da Igreja dos Clérigos, ex-libris da cidade. Hoje em passeio pelo centro do Porto lembrei-me de a visitar, algo que já não fazia há alguns anos. Para meu espanto deparei-me com várias situações que anexo nas imagens.

Na Igreja dos Clérigos  Na Igreja dos Clérigos  Na Igreja dos Clérigos


Em primeiro, a entrada da igreja que aparece virada para a Rua dos Clérigos encontra-se fechada, sendo a entrada feita por uma porta lateral sobre um corredor diminuto. Diga-se de passagem que até não fica mal, já que esta entrada principal tem uma antecâmara no interior da igreja que é digna do pior pato-bravo empreiteiro de construção, e que deixa qualquer pessoa indignada pela forma como o selvagem do padre trata do Património e como o IGESPAR o permite. Mas tudo se torna compreensível quando se vê no pavimento de tábua corrida pedaços de plástico colados para protecção contra as velas, ou ainda quando se olha para os altares e percebe-se que se juntaram os santos a granel, com etiquetas com o nome por baixo para que ninguém os confunda, como se tratassem de figurinhas das lojas para turistas.

Confesso que não percebo esta selvajaria praticada pela Igreja, que ao longo dos anos foi o garante da realização de tantas obras de que os Clérigos é um excelente exemplo, mas que hoje estando entregue a uns clérigos ignorantes e sem cultura, permitem tamanho atentado ao Património. Já em tempos aqui chamei a atenção para o mau exemplo do Bispo que todos os anos envolve o Paço com imagens comerciais e que este ano como não podia deixar de ser, e a troco de uns cobres, já por lá tem mais uns placares da SEAT que hão-de pontuar nas muitas fotos que os turistas tiram da cidade do Porto e que nós os Portuenses temos de ver todos os dias. Estes exemplos de ignorância e desrespeito em nada ajudam para a reabilitação da Baixa.

Alexandre Burmester

--
Nota de TAF: os Clérigos têm desde há muito pouco tempo um novo reitor, vamos ver se as coisas mudam. ;-)

Mais umas horas que rapidamente passaram, na noite de 6ª feira, 8 de Julho, na Casa da Música: a ouvir três violoncelistas, e a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, que bem tocavam o instrumento musical de paixão de Guilhermina Suggia, para um deles ter ganho o competente Prémio Internacional Fundação Casa da Música / Suggia. Prémio que lhe vai permitir, no caso a Michael Petrv, durante um ano, usar o violoncelo Montagnana que pertenceu a Guilhermina Suggia, hoje propriedade da Câmara do Porto, até à próxima edição do Festival Suggia, para além de um valor monetário que também lhe foi atribuído. A Cultura continua a ser essencial, e até em tempo de crise, serve para "acalmar e fazer estar e ser" e por certo se for conseguível haver alguma união, verdadeira e de facto na União Europeia, melhores dias virão e a Cultura nunca deixará de ser "servida" em todos os locais, e sempre também na Casa da Música.

(Segundo “Os Comboios em Portugal” por José Ribeiro da Silva e Manuel Ribeiro – Edições TerraMar, vol.1)

Parece impossível, não é? “Construírem-se linhas para desenvolver um país”? Dito assim até parece que faz sentido… (e faz) Parece que foi há muito tempo, mais foi apenas há cerca de 150 anos:

  • 1862 - Linha do Douro: 212 Km entre Ermesinde e Barca d'Alva. 2ª metade do séc. XIX: Aumento da produção do vinho do Porto. Essencial melhorar o transporte do vinho entre a Régua e o Porto. Solicitação dos empresários da região ao governo a favor de uma linha de caminho de ferro.
  • 1867 – Construção de duas linhas, Minho e Douro. Indefinição quanto ao sítio para a estação central do Porto e quanto à ponte sobre o Douro (Eiffel e Dª Maria Pia). O traçado pelo rio seria mais fácil e menos dispendioso, mas passaria longe das cidades mais importantes. Só as linhas de via reduzida viriam a ligar mais tarde à Linha do Douro (Vila Real, Amarante, Bragança, Chaves).
  • 1883-1877 – Os “Caminhos de Ferro de entre Douro e Minho” davam lugar na direcção da obra à empresa “Caminhos de Ferro do Estado”. A partir de Mosteirô: muros de suporte, perfurações em rochas, condicionamentos devido a cheias, 23 túneis em 6900 metros, 35 pontes e viadutos. Eiffel constrói a ponte D.ª Maria, mais duas pontes metálicas entre a Livração e Marco de Canavezes com vãos entre 182 e 260 metros, respectivamente. À medida que cada troço era feito, era inaugurado e imediatamente aberto à circulação.
  • 1875 – Inauguração do troço Ermesinde – Penafiel, 30,3 Km.
  • 1881 – Aprovado o projecto de Linha Pinhão – Barca d'Alva, antes sequer de o governo espanhol decidir sobre a sua parte… Um grupo de banqueiros e capitalistas, comerciantes do Porto estão dispostos a executar a obra, com o apoio do governo e da maioria parlamentar.
  • 1889 – A “Companhia das Docas e dos Caminhos de Ferro Peninsulares" estabelece a 1ª ligação entre o Porto e Salamanca.
  • 1988 – 28 km entre Pocinho e Barca d'Alva são encerrados a 18 de Outubro.

No seguimento do excelente texto do Vítor e até porque é um assunto sobre o qual temos trocado impressões no seio da ACdP, enviei um pedido de contributo a alguém que conhece a realidade do Reino Unido de perto, já que se trata de uma pessoa que viveu numa das cooperativas ex-squatter (ocupa) de Londres e que actualmente trabalha numa instituição de peso na área do urbanismo e das cidades. A resposta foi mais ou menos a seguinte, em tradução livre do inglês:

"Não tenho conhecimentos legais ou políticos suficientes para compreender em detalhe as implicações de uma coisa destas (a proposta do Vítor), mas trata-se obviamente de uma grande ideia. De facto, esta podia ser uma boa oportunidade de negócio, criando-se "hubs" em formato de cooperativas de habitação, que para além das ligações entre os proprietários, empreiteiros e outros, fornecessem apoio ao nível da formação, assistência legal. Basicamente um processo semelhante ao adoptado para o co-working, mas com um impacto social muito mais alargado!

Penso que os aspectos principais são mesmo a identificação dos proprietários e a resistência aos promotores imobiliários que apenas ficam satisfeitos quando o stock de casas à venda é tão grande que as mesmas se conseguem comprar a custos reduzidos, para depois serem recuperadas para os segmentos mais altos do mercado."

Seria interessante ler aqui, para além dos contributos habituais, a opinião de alguns dos oradores que se dedicaram a este tema no segundo encontro Cidades pela Retoma no Porto, nomeadamente o Filipe Teixeira, o João Taborda e a Ewelina, a Adriana Floret e o David Afonso.

--
Miguel Barbot

De: Pedro Figueiredo - "Mudam-se os tempos, mudam-se as barragens"

Submetido por taf em Sexta, 2011-07-08 22:56

1 - Arquitectos e engenheiros trabalharam em conjunto entre 1952 e 1964 na construção de 3 magníficos empreendimentos hidroeléctricos realizados no Alto Douro. São os empreendimentos de Picote, Miranda e Bemposta, realizados com projecto de arquitectos como João Archer, Nunes de Almeida e Rogério Ramos para a Hidroeléctrica do Alto Douro. Outros tempos, outras barragens. Tempos de crescimento económico, tempos de crença neste tipo de progresso sem lhe saber ainda os males e contratempos. Tempos de colonização desta espécie de Far-Nordeste altoduriense selvagem, segundo os cânones do modernismo, do grande empreendimento de Estado, de opções racionais de projecto. Tempos em que o crescimento hidroeléctrico se fez à parte das culturas indígenas, como hoje, que não participaram nem viram mais rendimento ou alteração do seu paradigma. O seu território foi primeiro colonizado e posteriormente abandonado após o fim da obra, para (quase) nunca mais ninguém lhes ligar, tal qual no far-west as minas de ouro se abandonam sem piedade e repentinamente quando deixam de “dar”. As populações continuaram a emigrar após estas barragens.

... Ver o resto do texto e imagens em PDF.

De: António Alves - "Porto - Vigo mantém-se!"

Submetido por taf em Sexta, 2011-07-08 12:05

Esta é uma vitória da força da sociedade civil e daqueles que abnegadamente lutam em prol de um caminho-de-ferro que se constitua como a coluna vertebral de um sistema de transportes sustentável e de futuro. Para esta vitória não contamos com o contributo desta espécie de Peter Pan dos automóveis sem a mínima visão e prospectiva estratégica. Está reduzido ao seu quintalinho e entretido com os seus pequenos brinquedos.

--
Nota de TAF: notícia no Público e gráfico no Faro de Vigo

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Quinta, 2011-07-07 22:18

De: Vítor Silva - "Uma ideia para a recuperação da Baixa"

Submetido por taf em Quinta, 2011-07-07 21:42

Este artigo do Miguel Barbot, os exemplos da Quinta Musas da Fontinha, e Es.Col.A bem como o projecto WochenKlausur levaram-me a pensar o que poderia ser um projecto de comodato (ou similar) mas para habitação familiar. É provável que até já tenha sido falado aqui n'A Baixa mas não me lembro de o ter visto. A ideia seria as pessoas poderem ocupar casas vazias pagando um montante que seria aplicado em obras nessa própria habitação, ou seja o valor da renda seria convertido em obras de manutenção (numa espécie de pagamento em géneros) e assim em vez de termos casas vazias a estragarem-se poderíamos ter casas ocupadas a serem recuperadas.

O incentivo para quem procura casa poderia ser um valor de renda menor que o das casas actualmente no mercado de arrendamento e o incentivo para quem tem as casas abandonadas e que muitas vezes está descapitalizado, eventualmente por ter sido vítima da lei das rendas, seria ficar com um património mais valorizado. Também poderíamos jogar com um incentivo negativo, ou seja, os proprietários que preferissem ter as casas abandonadas fora deste programa poderiam ver o seu IMI (ainda) mais agravado.

Claro que o apelo para ir morar numa casa velha a precisar de obras não atrai todos, será provavelmente mais interessante para alguns estudantes, famílias com rendimentos muito baixos e eventualmente alguns casais em início de vida, ou seja, esta proposta não resolve a totalidade dos problemas associados ao abandono das cidades mas penso que poderia ser mais uma ferramenta para combater isso. Outro problema habitual nestas coisas de imóveis antigos é saber de quem são as casas, seja porque não há cadastros ou estão desactualizados (que se insiste em não actualizar provavelmente porque não sabendo quem são os donos essas pessoas não têm que pagar o imposto devido) ou qualquer outra razão. Assumindo que todas as obras efectuadas seriam para melhorar o estado de conservação da casa (isso seria algo que provavelmente teria de ser definido e/ou validado ao longo do tempo) e que não haveria pagamentos a fazer ao proprietário da casa, já que tudo era convertido em obras, esse problema talvez pudesse ser ultrapassado havendo uma entidade independente que intermediasse este processo, por exemplo as câmaras municipais e/ou freguesias.

Cenários

  • Moradias do séc. XIX, parecidas com estas - arrendamento a 5 estudantes, cada um paga 150€/mês, ao fim de um ano teríamos 5*12*150€ = 9000€ para aplicar em obras;
  • Prédio 3 andares como este, 3 apartamentos T2 + loja, 1 empresário 150€ + 1 família 200€ + 2 estudantes por apartamento = 150€ + 200€ + 4*100€ = 9000€ para aplicar em obras;

Estamos a falar de investimentos curtos mas que poderiam até ser feitos em conjunto com a ideia (readaptada ou não) das hipotecas invertidas do José Ferraz Alves para dar um impulso inicial maior, por exemplo garantir que no primeiro ano o investimento era no mínimo 20000€ ou garantir que o valor anual da renda estava disponível para obras logo no primeiro mês.

De: António Alves - "Uma solução imediata"

Submetido por taf em Quinta, 2011-07-07 21:39

- Circuito da Boavista: Rui Rio admite prejuízo de 700 mil euros – três anos de circulação do Comboio Porto-Vigo segundo os números da CP.

Esta é uma boa ocasião para os responsáveis do Eixo Atlântico mostrarem o que valem e passarem das grandiloquentes promessas de cooperação à prática. Se estas entidades - Eixo Atlântico, Junta Metropolitana do Porto, Câmara de Braga, Câmara de Barcelos, Câmara de Viana do Castelo, Câmara de Caminha, Câmara de Valença, Autarquia de Tui e Autarquia de Vigo – resolverem suportar durante um ano a verba que a CP diz ter de prejuízo (235.000 €), isso ficaria por uma média de 26.111 € a cada. Uma módica quantia. São apenas 71,5 €/dia. E davam um ultimato à CP e à RENFE: Têm um ano para tornar esta ligação competitiva e útil para a Eurorregião!

De: Augusto Küttner de Magalhães - "Ainda a Invasão das Gaivotas"

Submetido por taf em Quinta, 2011-07-07 21:33

Convenhamos que "aquilo" são gaivotas monstras, enormes, bem nutridas. E o grave é que estão a ficar demasiado ambientadas em todos os espaços, por toda a cidade, por onde circulam, desde estarem em cima de automóveis, e já não se afastarem quando alguém se aproxima, e até já comem em pareceria com gatos, dado que estes até parecem ter medo de as afastar. E tornam-se agressivas. Para além do mau aspecto e desconforto que criam (e porcaria que fazem), se não há vontade, nem empenho, em fazer com que as pessoas não alimentem os pombos, como o fazem, e por "simpatia" as gaivotas alimentam-se!, haverá que fazer o que várias cidades mais civilizadas que a nossa têm feito, que é o Município tratar de "cuidadosamente" espalhar uma medicação que as aniquile. Não pode - não deve - ser possível ver-se a cidade invadida por gaivotas e até um exagero de pombas, que incomodam, sujam, e até criam algum receio, e nada se fazer. Espera-se que quem de direito actue, por vezes até elucidando "antes" e "depois" actuando mais.. deixar andar... é pouco... apesar de ser o mais fácil...

Duas horas e meia de percurso entre Porto e Vigo, nas actuais condições de via e material circulante, não é um tempo excepcional mas é um tempo que já se pode considerar muito competitivo com a rodovia, nomeadamente com o serviço de autocarros que gastam em média duas horas para ligar as duas cidades. Isto num eixo densamente povoado por mais de 5 milhões de pessoas não é de modo algum desprezável.

A ligação internacional que dá menos prejuízo à CP vai ser encerrada. É uma típica medida de uma empresa estatal centralizada e centralista que quer fazer de conta que corta custos cortando na periferia mas não tocando no centro onde estão, na realidade, as gorduras que são perigosas para a sobrevivência do organismo. Chama-se a isto cortar nos amendoins para tentar manter o abacaxi.

Diz-se que a ligação ferroviária entre Porto e Vigo não tem competitividade em relação à rodovia e por isso tem vindo a perder passageiros e vai ser encerrada. Ora bem, não tem nos moldes em que é efectuada hoje mas poderia ganhar bastante competitividade com algumas alterações, ajustes e muita vontade. O problema, parece-me, é mesmo esse: falta de vontade.

O actual serviço é completado em 3 horas e 20 minutos. Mas se fizermos uma análise grosseira, ao alcance de qualquer pessoa, aos horários da Linha do Minho descobrimos algumas curiosidades interessantes. Por exemplo, o comboio mais rápido entre Porto Campanha e Viana do Castelo não é o Internacional (IN) para Vigo. Não se espantem, é mesmo assim. O mais rápido é um Interregional (IR). O comboio nº 857, que sai de Campanhã às 20:15h e chega a Viana às 21:39h, percorrendo a distância em 1:24h. Mas escolho para esta análise o IR nº 851, porque tem um tempo de percurso mais médio (1:30h). Sai às 6:00h de Campanhã e chega a Viana do Castelo às 7:30h. Isto é, 90 minutos de viagem apesar de ter mais paragens que o IN. Pára em Ermesinde, Trofa, Famalicão, Nine, Barcelos, Tamel, Durrães, Barroselas, Senhora Das Neves, Alvarães, Areia-Darque e Viana do Castelo. O IN pára apenas em Ermesinde, Trofa, Famalicão, Nine, Barcelos, Barroselas e Viana do Castelo.

... Ver o resto do texto e imagens em PDF.

Esquerda, direita, cidades, territórios…

Há quem defenda que não se devem usar os vocábulos esquerda e direita, por já não não terem correspondência com a realidade ou outras alegadas razões. E apesar das reflexões tão estimulantes dum Norberto Bobbio, por exemplo, é também certo que “A Baixa do Porto” não é o espaço mais adequado para tal debate. Mas como tive o privilégio fantástico de poder viver intensamente o 25 de Abril de 1974, não posso deixar de referir que as vivências pessoais ajudam a perceber que há direitas e há esquerdas…

A direita, na versão extremista de Salazar e Caetano, ou em versões mais “actualizadas” tem os seus (des)valores: autoridade, ordem, nacionalismo, intolerância, centralismo… que deixam as suas marcas nas cidades e nos territórios. Os presidentes das Câmaras Municipais e até os regedores das freguesias nomeados pelo Terreiro do Paço. A participação cidadã era uma miragem, “uma pessoa - um voto” não era de fiar… A bitola ibérica na via férrea dava muito jeito, até para evitar o contágio da “decadente Europa”.

À esquerda, diversidade, cosmopolitismo, igualdade, participação, tolerância, valores que também marcam as cidades e os territórios: governos locais eleitos directamente pelos cidadãos, regionalização, ligação às redes europeias de transportes. E voltamos à cidade, não esquecendo os interessantes trabalhos de Richard Florida, da universidade de Toronto, sobre as 3 condições-base indispensáveis à afirmação das cidades e os territórios mega-regiões: Talento (que o Porto tem), Tecnologia (que o Porto também tem) e Tolerância - como são tratadas as pessoas de diferentes estilos de vida, raça, religião ou ideologia – (que os decisores do Porto, o seu poder local, não têm).

Concluindo: a distinção entre direita e esquerda ajuda-nos a conhecer melhor a realidade… e a nós próprios.

De: Paulo Espinha - "Porto - A Invasão das Gaivotas!"

Submetido por taf em Quarta, 2011-07-06 18:44

Gaivota


"As gaivotas são aves marinhas da família Laridae e sub-ordem Lari. A maior parte das gaivotas pertence ao grande género Larus. São, regra geral, aves médias a grandes, tipicamente cinzentas ou brancas, muitas vezes com marcas pretas na cabeça ou asas. Têm bicos fortes e compridos e patas com membranas. A maioria das gaivotas fazem o ninho no solo e são omnívoras, e comem comida viva ou roubam alimento conforme surja a oportunidade. Com excepção das gaivotas-tridáctilas, são espécies tipicamente costeiras ou de interior, e raramente se aventuram em mar alto. As espécies de maiores dimensões levam até quatro anos a atingirem a plumagem completa de adulto, mas as espécies menores normalmente apenas dois anos." in Wikipedia.

Até aqui tudo bem. A questão que me traz aqui hoje é a "invasão de gaivotas" a que estamos a assistir na cidade... E da zona costeira já vamos na Praça da República, na Boavista, no Marquês, em Costa Cabral, etc... Em especial ao fim da tarde, esperam para depois rasgar os sacos de lixo e atacar a oportunidade. Há uma que na Rua do Paraíso espera logo de manhã em frente a um talho... Nós, cá por casa temos a visita agradável dum morcego amigo que é também a garantia de pouca mosquitada e é um prazer ver os voos em bando sobre a Baixa, mas as gaivotas... nos últimos dias... não ganho para lavar o automóvel...!!!

De: Pedro Figueiredo - "Túneis à Direita e Pontes entre as Esquerdas"

Submetido por taf em Quarta, 2011-07-06 18:19

Sim, há diferenças entre Direitas e Esquerdas. Na governação da CMP há diferenças claríssimas e óbvias, por exemplo. A primeira diferença é que as direitas têm sempre a "visão" de se unirem para conquistar o poder e as esquerdas o "orgulho" de não se unirem (quase) nunca para governar, local ou nacional. No caso do poder local, sobra a honrosa coligação de Jorge Sampaio, capaz de unir vontades, do "centro" até à "extrema" esquerda, e assim, conseguir o que foi necessário para naquela altura fazer um governo local, "progressista", modernizador e com políticas "públicas"...

Para breve - autárquicas 2013 - para o Porto, será absolutamente necessário LANÇAR (ir lançando) PONTES ENTRE AS ESQUERDAS PARA QUE HAJA UMA COLIGAÇÃO PARA GOVERNAR O PORTO COM POLÍTICAS PROGRESSISTAS, MODERNIZADORAS, PÚBLICAS e, já agora, com SENSIBILIDADE SOCIAL e TACTO, ou seja, para "corrermos" com as "políticas" de direita que o povo votou e concordou para 12 anos, e que são o contrário. Seja com Menezes (ou Rui Moreira que seja...) Para tal, orgulhos de parte, as Esquerdas têm de se sentar e escrever um PROGRAMA COMUM que as UNE e que responde "áquilo" que os Portuenses precisam e para o qual "a direita" se está a marimbar! A candidata ou o candidato desta hipotética Coligação das Esquerdas vai ter de governar com políticas óbvias mas que fogos-fátuos como Rio ou Menezes não são capazes de propôr, por incapacidade e - sim - por serem de direita (legitimamente e consequentes com a sua própria visão, de resto).

Menezes - Depois de entregar um teleférico a um privado que cobra cerca de 10 euros para ir e voltar da ponte D. Luís até à ribeira de Gaia, ou ainda: depois de propor em tempos de contenção orçamental e fim de fantasias faraónicas de autarca, propor um "túnel" portajado entre Foz e Praias de Gaia... Numa zona "de paisagem" calha mesmo bem um túnel / Numa altura de contestação a toda e qualquer portagem calha mesmo bem uma portagem "entre duas cidades que estarão (!) em rota de aproximação / Numa altura de austeridade calha mesmo bem fingir que há ou haverá dinheiro para uma "coisa" tão descabida... Quanto a Rio, nem vale a pena falar: salazarista, sem visão, ditador, não dialogante nunca com as forças "vivas" do Porto, anti-história, sem-memória.

A minha " declaração de intenções": sou do BLOCO (favor bater, se quiserem, não há problema) mas, antes de ser do BLOCO, sou "de Esquerda" e até "das Esquerdas". E sei, por intuição, partidos à parte, que o Porto precisa desta COLIGAÇÃO DAS ESQUERDAS como de pão para a boca. haja abertura para:

De: Vítor Silva - "Entretanto no IP4"

Submetido por taf em Quarta, 2011-07-06 18:13

Queria deixar um alerta, que não tem a ver com o Porto, mas sim com a região Norte. Quase tão vergonhosa como o fecho da ligação Valença/Vigo para poder pagar os carros novos dos administradores da CP é a suspensão das obras no túnel do Marão.

De relembrar que eu acho que o dinheiro que vai ser gasto na reconversão do IP4 em autoestrada poderia ter sido mais bem gasto mas a verdade é que agora, tendo começado as obras, deve ser garantido que elas acabam o mais rápido possível (de qualquer forma já fora dos prazos iniciais que previam a abertura dos primeiros troços ainda este ano). Para quem não está a par desta situação, o que acontece actualmente é que vários troços do IP4 têm desvios para a antiguinha EN15, que se já há 20 anos quando demorava 5 horas para fazer Porto-Bragança era de difícil utilização, agora, com carros genericamente maiores (parece que toda a gente tem SUVs e afins) e com pessoas pouco habituadas a estas estradas, torna verdadeiramente impraticável qualquer deslocação para essa região.
--
blog.osmeusapontamentos.com
oportoemconversa.com

De: Augusto Küttner de Magalhães - "Ainda os Comboios"

Submetido por taf em Quarta, 2011-07-06 18:08

Parece que estamos todos sintonizados com a necessidade de "destruir" o menos conseguível, Linhas de Comboios. Torna-se necessário preservar o que "ainda" vamos tendo. Claro que voltando à Linha do Tua, por exemplo, já não temos, e como isto vai muito mal, talvez seja de preservar o que ainda temos e não perder mais tempo com o resto. O Douro é das zonas belas que há no Mundo, e voltando à forma de "ver e estar" no Douro, claro que a melhor forma é ir pelo próprio rio, outra é de comboio. E não sendo por vezes economicamente acessível ir "até lá acima" de barco, é possível ir a preços razoáveis até ao Pocinho de comboio. Uma viagem do Porto ao Pocinho e volta é maravilhosa e vamos grandes momentos quase "em cima" da água. E, se possível, ir de comboio até à Régua.

Bem, como vem aqui sendo sugerido ainda é possível, parece, cortar em mordomias e grandes salários, em empresas púbicas, antes de cortar na base, e na ferrovia. Faça-se, sendo de direita ou de esquerda. E ir daqui ao Douro de automóvel é uma maçada, e é igual, andar de automóvel "aqui ou ali". Andar junto ao Douro é inigualável e não se faz de automóvel. E não precisamos de andar de comboio, onde a linha já se foi, mantenha-se o que ainda existe. Mas todos os que aqui estamos a defender este conceito, de ir e estar no Douro sem ser de automóvel, convém praticar e não só indicar, "aos outros"... algo que é muito nosso hábito...

De: TAF - "Comboios"

Submetido por taf em Segunda, 2011-07-04 23:52

Não resisto a comentar que, até pelo que já tanto aqui se discutiu e revelou sobre o assunto, esta posição me parece totalmente insustentável. O problema é basicamente incompetência de gestão e erro na aplicação das verbas ainda disponíveis para investimento. Mas sobre isso, repito-me, já muito aqui se escreveu. Um dia destes as pessoas vão perceber que não têm é dinheiro para andar de carro...

António Alves chama a atenção para esta notícia - Ligação a Vigo dá prejuízo de 19.600 euros/mês - e faz contas: "13 passageiros x 4 comboios diários x 365 dias x 12,5 euros/bilhete = 237.250 euros. Por mais 13 passageiros por comboio já dá lucro. E ninguém se demite."

Também não compreendo como se pode atribuir a "políticas de direita" esta situação! Eu defendo "políticas de direita" e acho este abandono da ferrovia praticamente um caso de polícia... É estúpido do ponto de vista económico, é irresponsável do ponto de vista ambiental, é puro vandalismo do ponto de vista patrimonial. Que tem isto a ver com "direita" e "esquerda"?

PS: O Vítor Silva lembra aqui exemplos de poupança da Administração da CP. Já há bases mais que suficientes para despedimento dos administradores por justa causa, Álvaro.

PS2: Mais pormenores sórdidos aqui.

O anúncio pela administração da CP do encerramento da linha Porto-Vigo, já a partir do dia 10 de Julho, é mais um acto hostil à região Norte. O encerramento da linha férrea, justamente no mês em que, por força da realização do Dia da Pátria Galega e doutras festividades, é habitual uma maior deslocação de portugueses à Galiza, prejudica a mobilidade na euroregião Norte de Portugal-Galiza e o reforço, tão necessário, das relações económicas. Acresce que esta decisão ocorre num momento em que se verificam diminuições muito significativas na movimentação de pessoas entre o Norte de Portugal e Galiza em resultado da introdução, sem qualquer racionalidade económica e social, de portagens na ex-SCUT A28.

É certo que a política defendida pela direita de “regresso ao passado”, de manter o Porto e a região Norte confinados à sua geografia e inteiramente dependentes do “Terreiro do Paço”, não é de agora. A ferrovia na região foi deixada ao abandono, com a consequente degradação do serviço prestado: por exemplo, na linha Porto-Vigo apenas um horário, às 7h55, e mais de três horas de viagem para percorrer, por 12 euros, menos de 150 kms! PSD e CDS/PP tudo fizeram para inviabilizar a construção da nova linha férrea mista Porto-Vigo, com a qual se obteriam, de acordo com o estudo rigoroso elaborado em 2008 pelas universidades do Porto e do Minho para a CCDRNorte (“Efeitos económicos da melhoria da ligação ferroviária Porto-Vigo”), benefícios sociais de 615 milhões e impactes, durante a construção, de 5 mil milhões de euros de incremento do produto e 20.000 empregos.

Infelizmente, o PS rendeu-se inteiramente à política centralista e centralizadora do PSD e CDS/PP. Apesar de ter aprovado em 2009 (Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2009) medidas preventivas pelo prazo de 2 anos no troço ferroviário Braga-Valença, o PS alinhou com o disparate da introdução de portagens (como o PSD exigia) e aceitou as posições da direita de cortar todo o investimento público na região Norte e em concreto na melhoria da ligação ferroviária com a Galiza. Também por razões ambientais (que nunca entram nas “contas” dos governantes) o investimento na ferrovia, mista e de bitola europeia, é fundamental para tirar a região Norte da lista das regiões mais pobres da União Europeia. Como o encerramento da linha Porto-Vigo bem demonstra, é preciso pôr em causa as políticas de direita do PSD e CDS-PP (e que o PS tem subscrito) que afundam a região Norte e o país.

José Machado Castro – deputado metropolitano do Porto

De: António Alves - "Port of Call: Douro"

Submetido por taf em Segunda, 2011-07-04 23:19

Agora está na moda o Cluster do Mar. Ainda bem que assim é. Existe um pequeno livrinho, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e escrito por Tiago Pitta e Cunha, cuja leitura recomendo como obra introdutória ao assunto embora aqui ou ali sofra da tradicional miopia centralista de quem vive em Lisboa e pensa o país apenas a partir de lá. Mas isso é a minha opinião. Subjectiva e discutível, como sempre.

Ora bem, um dos sectores desse Cluster é o Turismo Marítimo. Esta Região tem agora dois activos importantes que deve promover e rentabilizar neste campo: a nova Barra do Douro e o novo Terminal de Cruzeiros de Leixões. Este último ainda em construção.

A indústria dos cruzeiros marítimos tem tido um grande desenvolvimento nos últimos anos. Navios de grande porte e capacidade para mais de três mil passageiros têm sido construídos por várias companhias. Estes navios, baixando os custos fixos por passageiro, têm permitido a massificação e a democratização deste tipo de viagens. Devemos entender esta “democratização” de modo relativo. Na realidade, estes turistas são ainda pessoas com um muito bom poder de compra. E isso é uma vantagem: muitos e com dinheiro. Os outros, os verdadeiramente ricos, habituados a viver normalmente no luxo, começam a fugir destes luxuosos gigantes do mar. A oferta de luxos e divertimentos, que tanto fascina a classe média, já não os atrai a eles que procuram outro tipo de experiências e navios, bastante mais pequenos, onde possam em viagem criar interacções próximas com os outros passageiros e inclusivamente com parte da tripulação.

Se o novo terminal de cruzeiros de Leixões vem colmatar a lacuna existente para podermos receber os grandes navios, o Douro, agora com o acesso facilitado e muito mais seguro, pode beneficiar da exposição internacional que Leixões trará e constituir-se como um excelente “Port of Call” para este segmento mais rico que prefere navios de pequeno e médio porte que, por esse motivo, possam escalar o Porto do Douro. Só na Península Itálica é que se poderá na Europa encontrar uma paisagem urbana oferecida a partir da coberta de um navio como aquela que o Porto pode oferecer. Uma outra potencialidade é a captação do tráfego marítimo de recreio que circula entre o Norte da Europa e o Mediterrâneo, nomeadamente o dos iates de luxo. Eu já há alguns anos me referi aqui a essa potencialidade (O Vieux Port, o Douro e os Stones). Por essa razão assusto-me sempre um bocado quando se fala em construir novas pontes entre Porto e Gaia principalmente à cota baixa. O acesso à Ribeira de navios altos, como por exemplo Tall Ships, deve ser preservado.

Aqui há dias escrevi sobre como transformar a Praça na montra do que melhor se faz no Porto e Norte de Portugal. Na passada sexta-feira dia 1 de Julho a rota aérea Porto–Luanda foi inaugurada. Os primeiros voos têm sido um sucesso. Muitos angolanos ricos podem agora vir directamente de Luanda ao Porto para passar um fim-de-semana ou um curto período de férias. Quem puder que aproveite. :-)

De: Augusto Küttner de Magalhães - "Comboios pelo Douro!"

Submetido por taf em Segunda, 2011-07-04 23:11

A Linha do Tua não era uma mais-valia para o Douro e, como não podemos ter tudo, já seria bom conseguir manter o que já tínhamos, activo e a funcionar. Ou seja, a Linha do Douro o mais extensa conseguível, e a Linha do Tua já deveria ter sido assimilado por todos que sendo "impraticável" tinha acabado. Pelo que se houver dinheiro para continuar a construir a barragem, sê-lo-á no Tua. Pior se nem para tal houver dinheiro, mas espera-se que sim.

O mais triste e grave é que nos cortes de linhas férreas vai ser necessário que a Linha do Douro se fique pela Régua, e não vale a pena perder tempo em manifestações ou protestos, vai ser assim, e o mesmo com mais uma série de linhas, que não dão dinheiro! Vão-se acabar! A Linha do Douro é toda ela belíssima do Porto ao Pocinho, e estava em muito boas condições, e vai-se ficar pela Régua.. .claro que nada há a fazer, e o problema vem de nas últimas três décadas, todos, todos, os PM´s terem apostado nas estradas e auto-estradas, e esquecido a ferrovia... e esta há-de voltar, mas nunca nos tempos próximos. Esperemos melhores momentos...

1 - 20 / 23.
Seguinte › Fim »