2011-04-03

De: TAF - "Ontem"

Submetido por taf em Sábado, 2011-04-09 17:13

Foz do Douro


Praça de Lisboa

NO RULES, GREAT SPOT! - a frase inscrita num dos muros da demolida Praça de Lisboa, em pleno centro do Porto - é o mote para este concurso de ideias aberto a todos os arquitectos, estudantes e cidadãos, interessados em participar no debate urgente sobre a reabilitação urbana e sobre o uso dos espaços públicos da cidade do Porto.

Partindo do caso paradigmático da Praça de Lisboa (objecto de um outro concurso altamente exclusivo e complexo, que não só deixou de fora arquitectos e cidadãos, como anulou qualquer hipótese de debate em torno deste espaço essencial da Baixa Portuense), este concurso pretende afirmar a importância dos concursos de arquitectura como modo de participação da sociedade e dos arquitectos nas decisões políticas e nos destinos do projecto colectivo que é a cidade. Mas pretende, sobretudo, fazer da reabilitação urbana um projecto mais partilhado e informado, mais participado e discutido. Mais que eleger este ou aquele projecto, esta ou aquela imagem, o NO RULES, GREAT SPOT! quer, acima de tudo, convocar todos, cidadãos e arquitectos, a discutirem o futuro da sua cidade e a reclamarem esse direito fundamental: o direito à cidade, o direito a participar na cidade!

Compreendendo o suporte urbano e multi-disciplinar deste concurso de ideias, o júri será constituído por Pedro Bandeira (arquitecto), João Fernandes (director museu de Serralves), Nuno Grande (arquitecto), Catarina Portas (Vida Portuguesa) e por um representante do colectivo Esta é a minha cidade?, organizador deste concurso.

Contamos com as vossas propostas até 31 de Maio. O formato da entrega é digital e deverá ser enviado por mail - toda a informação em www.norulesgreatspot.com!

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Sexta, 2011-04-08 14:45

- Metro do Porto diz que liquidez da empresa está garantida
- Metro do Porto tem problemas de liquidez “em vias de resolução”
- Rio critica “injustiça” em que “apenas uns pagam tudo”
- Autarcas querem suspensão das portagens na antiga SCUT do Grande Porto
- Destino das esplanadas de “Parada Leitão” decide-se dia 26
- Souto de Moura: “As coisas que mais mudaram o Porto nos últimos tempos foram o metro e a Ryanair”
- As ruínas do Porto pela objectiva de um lisboeta
- Os moradores do Bairro de São Tomé puseram mãos à obra e nasceu um ginásio comunitário

- Entrevista de Alexandre Soares do Santos, vídeo recomendação de Frederico Torre
- Projecto Preliminar: Delimitação das Áreas de Reabilitação Urbana, sugestão da Porto Vivo, SRU

- "Catequese" (a minha crónica de ontem no JN, também com cópia no meu blog pessoal, agora no novo endereço: opiniao.taf.net):
"Uma freguesia com 11452 eleitores no Porto será demasiado pequena? É cerca de um quarto dos existentes em Paranhos, um terço dos de Ramalde ou Campanhã, metade dos de Cedofeita, semelhante aos da Foz ou Aldoar. E uma área de 149 hectares? É um quinto de Paranhos ou Campanhã, um quarto de Ramalde, menos que a Foz ou Massarelos, apenas um pouco maior que Santo Ildefonso. Esta freguesia não existe. Existirá quando se fundirem as actuais quatro freguesias do Centro Histórico: Sé, São Nicolau, Vitória e Miragaia. (...)"

- PMA Bookshop, convite de Paula Morais: "Uma livraria online de livros e outras publicações sobre normas urbanísticas (legislação, regulamentos, boas práticas, etc e tal) relativos à Arquitectura, Urbanismo, Imobiliário, Ambiente, Património Cultural e afins. Para começar, o livro de lançamento é nada mais e nada menos do que o RGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas) que este ano completa 60 anos de existência!"

- www.salvarportugal.com, convite de Sérgio Legrand: "O Salvar Portugal é uma experiência social na área de open government que pretende disponibilizar uma plataforma aberta e apolítica para a partilha e votação de ideias. Também permite a partilha de bons e maus exemplos de serviço público. Apresentação disponível aqui."

De: Pedro Figueiredo - "Bilhete Gaia-Gaia, custo 9 euros e tal"

Submetido por taf em Quinta, 2011-04-07 17:02

Louis Phillipe, "imperador de Gaia" e Rui Rio, "contabilista do Porto" viram ainda ontem descer os ratings das respectivas autarquias... Novidade? Nenhuma. Em Portugal, a luta agora é para ver quem tem o rating mais baixo. "O meu rating é mais baixo que o teu... nhã nhã nhã nhã nhã". "Os mercados estão "insaciáveis, coitadinhos, ninguém lhes deu ainda nada de comer". Mas bonito - FMI à parte - foi ver anteontem na TV Rui Rio, "o bem-comportado", queixar-se da injustiça de o rating da Câmara do Porto ter tido uma queda... Bem-vindo, Rui Rio, "o despesista em corridas automóveis", ao mundo no-rating... Junte-se ao Estado, Metro, empresas, famílias, desempregados, etc... Se as agências de rating são o que são (puros especuladores e agiotas) não dúvido... Se quer Gaia quer Porto desceram de rating com políticas aparentemente opostas, dá que pensar...

Dá que pensar percebermos que Menezes, o "Despesista" e Rui Rio, "o Avarento", são afinal muito mau "rating"... um e outro. Rui Rio, "o poupadinho" nunca promoveu "o investimento", ou seja, é de facto um péssimo rating, tão péssimo como as políticas anti-económicas e anti-investimento que o PS tem feito, o PSD pretende fazer e o FMI pretende "obrigar a que se faça"... Onde está "a direita" que promove "a economia"? Percebo agora (sou um bocado lento) o que Pedro Aroso havia dito em certo post quando se referiu a Rui Rio como candidato a Primeiro Ministro. É evidente que Rui Rio "o austero", "o Franciscano" tem todas as qualidades que qualquer taxista vê no "Doutor Salazar": alguém capaz de "pôr as contas em ordem", Promover a Austeridade (para os outros), Governar com "tranquilidade" (Dita Dura). Em vez de Strauss-Kahn (FMI), Rui Rio pode ser o nosso homem a impôr as políticas FMI à nova "União Nacional" que se prepara - a união nacional PS, PSD, CDS, FMI" precisam de um Salazar assim, com provas dadas a Lisboa, "a gastadora"...

Mais um bom momento em 05.04.2011, pelas 21h40, na Católica - Porto, em conjugação, sempre, com o Público. Interessante começar por ouvir Basílio Horta a dar uma imagem do momento económico do nosso país, apesar da crise, e do que se passa a Norte, e da força de grandes empresas e grupos que por cá existem, tais como Amorim, Sonae, Efacec e bastantes mais, e muitas e boas pequenas e médias empresas, bem como a força e empenho das mesmas, aumentado percentualmente as exportações. E, se não exportarmos mais, não vai ser confortável, mas parece estar a ser seguido o bom caminho. Uma panorâmica da AICEP a que preside e referindo que a mesma está bem representada no Norte e no Porto, até para esclarecer algumas dúvidas levantadas noutros locais, por algumas pessoas.

Luís Filipe Pereira, CEO da Efacec, deu-nos uma muito importante ideia da posição da empresa que vem dirigindo entre 2007 e 2010, e foi-nos possível perceber como uma empresa que nasceu no Grande Porto, que tinha passado por um momento menos fácil, conseguiu crescer globalmente. Neste momento estando representada nos mais diversos locais do mundo, com pólos, por forma a abranger os mercados em que a sua engenharia (core business) funciona em parceria com outras empresas com quem trabalha. Um exemplo muito positivo de como se consegue, mesmo num país pequeno, enfrentar um mundo tão global.

Quanto ao moderador desta sessão, Alberto Castro, esteve muito bem, e conseguiu sem interferir excessivamente fazer com que esta conferência sobre Economia, com o subtítulo A aposta nas exportações. Uma oportunidade para o Norte? tivesse corrido muito bem, e tivesse tido uma plateia atenta, e interessada, que essencialmente ouviu, para isso ali estávamos, e falou-se entre si, muito pouco, como assim deve ser (sempre).

De: António Alves - "Túneis e asfixia financeira"

Submetido por taf em Quarta, 2011-04-06 02:47

Caro TAF,

Atribuir as dificuldades financeiras da Metro do Porto à opção pela construção de troços de via em túnel e não à superfície é pegar no problema pela rama e não ir às causas profundas. Mas vamos por partes.

O Metro do Porto é apenas - realço o apenas - enterrado entre a Trindade e Campanhã e entre S. Bento e a Asprela. Troços onde obviamente não podia ser de outra forma sob pena de perder toda a eficiência que sobejamente demonstra. Já imaginou as composições saírem da Trindade à superfície e seguirem com destino a Campanhã por ruas estreitas e sinuosas, subindo rampas e descendo pendentes, pelo meio do trânsito automóvel e dos milhares de peões que por lá permanentemente circulam? Só retirando radicalmente o tráfego automóvel do seu percurso é que tal seria possível - e mesmo assim de um modo muito menos eficiente que em túnel. O Metro do Porto tem seguido a metodologia correcta: onde é possível, sem grandes perdas de eficiência, circular à superfície tal é implementado; quando tal não é possível circula enterrado. Na projectada linha do campo Alegre houve que defendesse a sua implementação à superfície na artéria do mesmo nome. Já imaginou o caos que se instalaria numa das principais vias de entrada e saída da cidade e de acesso a uma das áreas residenciais (Foz e Nevogilde) que mais utiliza o automóvel? Eu uso frequentemente o Metro entre a Casa da Música e Campanhã. A viagem dura 11 minutos. Caso todo o percurso fosse à superfície e sem canal exclusivo esta marca seria impossível. Muito provavelmente triplicaria. Até um autocarro seria mais rápido. O investimento seria verdadeiramente inútil, por muito mais barato que ficasse, se não houvessem ganhos significativos.

Passemos agora à questão financeira. Como sabemos, a construção da rede de metro no Porto tem sido quase exclusivamente financiada com recurso a empréstimos bancários. A fundo perdido, e em clara discriminação em relação a outros projectos no país, o financiamento ficou-se por uns escassos 25%. Apesar da maioria do capital ter passado para as mãos do governo central nada se alterou, tanto no aspecto do financiamento da obra como na questão das indemnizações compensatórias. Aliás, a única mudança significativa foi o facto da Transdev ter perdido a operação do sistema para um grupo com claras ligações ao partido do governo. Um daqueles consórcios privados que vivem agarrados ao estado que nem lapas. Um dos mais paradigmáticos casos do crony capitalism nacional.

Como os empréstimos bancários vencem juros e a política de pricing é imposta pelo governo, obrigando a empresa a cobrar preços muito abaixo do real custo do serviço, os resultados da operação não são suficientes sequer para cobrir o seu próprio custo quanto mais para libertar capital para amortizar empréstimos e pagar juros. Estava escrito nas estrelas, como agora está em voga dizer, que o resultado seria este. Era apenas uma questão de tempo. Aliás, não foi apenas a Metro do Porto que chegou a este ponto. Como também sabemos, o próprio estado está no mesmo beco sem saída. Em resumo: fosse a rede toda construída à superfície ou toda construída em túnel o resultado seria o mesmo. Seja a dívida de 2 mil milhões, ou fosse ela apenas metade, nesta altura a empresa estaria na mesma à beira da asfixia financeira. Como não se acredita que o estado viesse a assumir as suas responsabilidades no financiamento a fundo perdido, e como já vimos que a operação (somada às indemnizações compensatórias) nunca seria capaz de se pagar a ela própria e ainda libertar capital, a solução teria que ser a mesma de sempre: recorrer a empréstimos para pagar empréstimos anteriores. Como o estado está ele próprio falido e já nem a banca nacional e a internacional lhe emprestam dinheiro muito menos emprestarão a estas empresas que dele dependem.

Ninguém de bom senso poderá esperar a operação deste tipo de infra-estruturas seja capaz de pagar o investimento. Devem isso sim ser geridas de modo à operação ser no mínimo sustentável para não acumularem dívidas atrás de dívidas. Mas o seu financiamento a fundo perdido tem que ser assumido pela colectividade. Estes investimentos devem ser avaliados pelas externalidades positivas que geram. E este é um dos que gera externalidades de enorme valor. Mais de 5 milhões de pessoas usam-no mensalmente. Além da mobilidade regional ter sido imensamente melhorada, o que em si já é um enorme factor de competitividade e qualidade de vida, gera poupanças em combustível, tempo e emissões de CO2 que a seu tempo cobrirão o pesado investimento efectuado. O TGV, por exemplo, limitando-se à Linha Lisboa-Madrid, não gerará externalidades positivas, antes pelo contrário.

De: TAF - "Sugestões recebidas"

Submetido por taf em Segunda, 2011-04-04 23:59

Avenida Fernão de Magalhães

Avenida Fernão de Magalhães, há dias


- Filme do Porto no início do séc. XX, de Mário Araújo Ribeiro
- Teleférico de Gaia, vídeos de José Macedo do Couto
- A Exposição do Projecto Ruin'Arte já tem referência no site da Fundação da Juventude, de João Faria
- Portugal paga mais 330 milhões para evitar FMI até Junho, de Nélson Vidal
- Uma Estratégia Ferroviária para o Norte, de António Alves

- Um comentário a esta afirmação de António Alves: "Se o Grande Porto não tivesse tomado nas suas próprias mãos o projecto do Metro ainda hoje estaríamos a ouvir argumentos como o que nos dizia que o subsolo do Porto era demasiado rochoso e impossível de perfurar."
Certo, mas o custo elevadíssimo dessa opção está agora a fazer-se notar na asfixia financeira da empresa, que vamos todos acabar por pagar. Eu teria optado por uma solução diferente, menos enterrado ou apenas enterrado "em trincheira" sempre que possível, mas economicamente mais sustentável. (Claro que essa opção teria obrigatoriamente de ser acompanhada por uma gestão decente do trânsito automóvel e das vias de circulação do metro.)

De: José Ferraz Alves - "O que é que esta cidade tem?"

Submetido por taf em Segunda, 2011-04-04 23:56

Avenida dos Aliados

Concordo com Manuel Correia Fernandes, Vereador PS da Câmara do Porto: «… o facto é que os "nossos" Pritzker não existiriam sem o génio de Siza e de Souto Moura, mas ainda menos sem o caldo de cultura que fez nascer na cidade uma tal "escola"».

Continua o nevoeiro sobre a cidade. Agora é a extinção da Direcção de informação da RTP-N, integrada na Direcção de informação da RTP liderada por Nuno Santos, mais um golpe de centralismo, de redução do emprego qualificado e do poder de decisão a Norte. Ainda acreditam na Descentralização? O País e o Norte perdem pelo estado em que deixaram cair a cidade a nível cultural e empresarial. É um erro o ostracismo que a maldade de alguns da Linha de Cascais nos votam, com o apoio de traidores do Norte, que nos tratam como caso único no País, como vai ser com o pagamento único das ex-scuts pós 15 de Abril.

Isto é uma vergonha acumulada. Já só resta o FC Porto, que bem demonstra até onde as pessoas desta cidade, bem geridas, com uma missão bem definida, organização e recursos podem ir. E o País a afundar-se... Alternativas? Só a Regionalização e o Movimento Partido do Norte.

José Ferraz Alves

De: Tiago Grande - "Porque deve a Metro do Porto tanto dinheiro?"

Submetido por taf em Segunda, 2011-04-04 23:45

Perguntas:

1ª Porque razão a dívida da Metro do Porto é de 2.200 milhões de euros?

2ª Considerando a relevância do serviço prestado pela metro do Porto, porque razão o governo não vende os submarinos, liquida a dívida e inicia uma nova fase de expansão da rede?

3ª Se é um dado adquirido que a facturação não é suficiente para a despesa corrente (sem empréstimos para pagamento da obra) porque razão o governo não toma uma de duas opções?

  • 1ª manda fechar o metro;
  • 2ª aumenta, para valores idênticos aos do Porto, os passes de Lisboa e revê equitativamente (entre Lisboa e Porto) o financiamento dos transportes urbanos.

... Ver tabela e resto do texto em PDF.

Amanhã, 5 de Abril teremos a 2ª Conferência Olhares Cruzados Sobre o Porto, na Católica do Porto, com o forte e bem vindo empenho do Público. Evidentemente, sem se estar a pretender que o Norte e o Porto sejam sobreprotegidos ao resto do país, devem ter o espaço que lhes é merecido, e tem sido totalmente descurado por Lisboa, algo que já vem de antes do 25 de Abril. E como o Norte e o Porto sempre tiveram uma força económica e não só para fazer o País estar melhor, deve ser por tudo isto - e não só - bem melhor defendido, até por Lisboa. Sem promessas, antes com realidades!

Com a presença de Basílio Horta a 5 de Abril, esperemos que nos faça querer melhor entender qual o motivo que fez com que a associação pública que dirige tenha - como quase tudo que depende do Governo (Poder) Central - deixado de estar em pleno no Porto. E já agora qual o motivo que leva a RTP-N a ir para Lisboa, em vez de ser o inverso. E se tudo o que se acha ser importante é para ir para Lisboa e os restos vão sendo distribuídos pelo que sobra do País? Sendo que os grandes investigadores TAMBÉM se encontram no Porto e no Norte, mas a tendência para se focar tudo em Lisboa é intestina e parece que não muda, nem com mudanças de Governos, de Presidentes, não muda, quem de fora de Lisboa vai a Lisboa fica "encantado" e esquece o resto.

E já não é suficiente quando vem alguém de Lisboa dizer-nos que se encanta com Serralves, com a Casa da Música, com o IPATIMUP. Nós sabemos que ISTO que cá temos é excelente, mas não chega dizerem-nos o que já sabemos, e uma vez por ano - nestas conferências - ou em outras situações pontuais de circunstância, é necessário sustentar o País de norte a sul e não só Lisboa. Sendo que é de felicitar o Público e a Católica por manterem estes Olhares Cruzados Sobre o Porto no Porto, no Norte. Podia até nisto haver tendência para ser visto também de Lisboa, para o Norte...

Augusto Küttner de Magalhães

Com muito humor e simpatia, o Arq.º Siza comentou para a rádio “Gosto muito de ser vizinho de alguém com o Pritzker”.

Das obras de Souto Moura que mais me impressionam, destaco: O estádio de Braga à cabeça. Magnífica estrutura expressiva em betão aparente e sensibilíssima inserção em (improvável) terreno, a pedreira. No fundo é como a Casa de Chá da Boa Nova de Siza: Só um óptimo arquitecto consegue provar à exaustão que qualquer terreno pode ser bom para construir. Seja uma pedreira abandonada ou um conjunto disforme de calhaus...

Depois, a reabilitação do Convento de Terras do Bouro para pousada é outro esforço para levar mais longe a crítica ao sítio, questiona a filosofia do que é ou pode ser “intervir” numa reabilitação. Até ali, ninguém em Portugal se tinha perguntado se uma reabilitação de um edifício não poderia ser antes simular a “fixação de uma ruína”?... Fingir que um edifício novo é uma ruína mantida “perpetuamente” com o aspecto de ruína... e ser Arquitectura nova, afinal.

Por fim, o Metro do Porto, por ser a inovação no método. Aqui o questionamento ao status é obviamente a “intromissão” de um arquitecto num tipo de filosofia de intervenção tradicionalmente reservado a um pensamento “engenheiro”, que é a coordenação, normalização de procedimentos, racionalização gráfica, construtiva e coordenação de especialidades várias, sobretudo de um projecto tão técnico como o será sempre uma qualquer rede de transportes. Provar que as especialidades se submetem à Arquitectura e a “servem”. Todas as especialidades encaixam no projecto do Metro do Porto.

Para quem não sabe que a Arquitectura é um árduo trabalho em equipa, a tendência é para achar que o trabalho é o de um artista solitário, que é “genial” e que desenha coisas de uma vez só com esquissos mágicos... Os media nunca o desmentem. Apresentam “o” arquitecto, apresentam as fotografias da obra “feita”. Nada transparece do “processo”. Da equipa. Dos arquitectos colaboradores. Do trabalho árduo dos engenheiros de especialidades que muitas que asseguram que “a ideia” se torna coisa real. Há uma enorme omissão e desconhecimento
sobre o que é a Arquitectura.

E também é o lado negro da coisa. Que é a precariedade a que os gabinetes em geral submetem os seus colaboradores. Em geral, e o gabinete do Arq.º Souto Moura não é excepção – a cultura do “mundo da Arquitectura” é generalizar o “falso recibo verde” como se de profissional liberal se tratasse quem (também) cumpre ordens, quem colabora em equipa de gabinete, quem usa o material do escritório, quem cumpre horário, etc... Chama-se a isto um “contrato de trabalho” com todos os direitos inerentes incluindo “protecção”. Muitos arquitectos “não sabem” disto. Segundo a lei, só o patrão é que é ”liberal”, os outros não (dura lex sed lex).

Isto, em (quase) nada diminui os parabéns mais do que merecidos ao Arq.º Souto Moura. A justiça das coisas obriga-me a lembrar-me quer do arquitecto coordenador quer dos arquitectos “colaboradores”. Ambos suam as estopinhas, experimentam, desenham, redesenham, corrigem e recorrigem. Todos fazem directas se preciso for para uma Arte que é de facto maltratada pela sociedade que acha que fazemos apenas “uns riscos”, uma coisa gira. A Arquitectura agora atravessa uma crise. Os falsos recibos verdes já eram a crise. A crise antes da crise. Crises à parte: não há crises quando se ganha o Pritzker. Parabéns Souto Moura e colaboradores!

... Ver imagens em PDF.

De: TAF - "Mais alguns apontadores"

Submetido por taf em Domingo, 2011-04-03 10:43

- O Projecto Ruin'Arte no Porto, fotografias da cidade a não perder. (Descobri agora que supostamente estão em exposição no Palácio das Artes, Largo de S. Domingos, mas não me consigo descobrir referência no respectivo site...)
- Dia Nacional dos Centros Históricos Degradados, sugestão da SSRU

- E se o Metro do Porto usasse o poder do crowdsourcing?, sugestão de Vítor Silva
- Os Andante agora também são válidos nos comboios urbanos
- A viagem que Eu queria - Tertúlias TRENMO, sugestão de Gabriel Silva
- Voando sobre os telhados de Gaia
- E se o LinkedIn apoiasse a reabilitação urbana do Porto?, sugestão de Vítor Silva (A Baixa do Porto já tem perfil no LinkedIn)

- Catálogo Colectivo das Bibliotecas Municipais do Porto, sugestão de Carla Isabel Afonso
- Futuro da RTP-N começou a ser discutido
- Fotografia Panorâmica do Porto - 1 Gigapixel, via Fernando Zamith
- Assis vai liderar lista do PS no Porto, via Porto 24

- Em 19 bancos, 18 recusaram emprestar dinheiro à Metro do Porto (informa Pedro Figueiredo que segundo o JN em papel o metro pode parar dia 18...)
- Metro do Porto não tem crédito para funcionar, vídeo da RTP
- Daqui a 15 dias tem de pagar 100 milhões de euros ao BCP

- Fusão das quatro freguesias do centro histórico defendida em debate - Fui aqui identificado como "professor universitário", mas de facto agora já não sou; de qualquer modo não é relevante.

- A 7ª edição do Troféu de Orientação do Porto e a 3ª edição do Justlog Park Race, realizam-se respectivamente no Parque da Cidade do Porto e Quinta de S.Inácio nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, sugestão do Grupo Desportivo 4 Caminhos

- Palácio das Cardosas: De convento a hotel de luxo
- O histórico Astória ganha uma nova vida
- Rivoli: Incertezas e contradições marcam o futuro do Teatro Municipal
- Moradores pedem obras no Bairro de São Tomé
- O Porto e o Pritzker
- Vender online e entregar em mãos para aproximar a agricultura ao consumidor
- Freixo noutros tempos, Praça D. Manuel I e Avenida D. João II, Pedra de Armas ou Brazão do antigo mercado do peixe da Cordoaria, Hospital Real de Santo António