2006-04-30

De: TAF - "Câmara do Porto é capa do DN"

Submetido por taf em Sábado, 2006-05-06 11:22

De: David Afonso - "Porto vazio"

Submetido por taf em Sábado, 2006-05-06 10:45

Porto Vazio

Ora aqui está uma boa ideia!

«Domingo, a partir das 15:00h, a Sem Mais Nem Menos*, realiza um safari fotográfico, com partida das n/ instalações. O objectivo é realizar o maior número de imagens de edifícios abandonados no centro do Porto (não é, infelizmente, difícil), com câmaras digitais, telemóveis, etc.
Deste registo far-se-á uma exposição intitulada "Porto Vazio" que encherá as paredes do espaço num manifesto contra o actual estado de degradação a que chegou a cidade.
Há 3 percursos definidos embora os participantes sejam livres de realizarem as suas fotos em quaisquer outros lugares ou dias até à data limite da iniciativa.
O percurso 1 será: Cedofeita/ Carlos Alberto/ Carmo/ Taipas/ Miragaia.
O percurso 2 será: Pr. República/ Almada/ R. Fábrica/ Pr. Liberdade/ Aliados/ Sá da Bandeira.
O percurso 3 será: Marquês/ Sta. Catarina/ S. Lázaro/ Batalha/ 31 de Janeiro.
A participação é gratuita e enquadrada por fotógrafos e arquitectos.
Não é a qualidade artística das imagens que é mais relevante mas a documentação mais extensa possível do estado de abandono a que a cidade chegou.»
«Mesmo que não possa participar neste domingo, faça-nos chegar as suas imagens, entregando-as no nosso espaço até 4ª F. dia 11. A impressão pode ser feita em qualquer suporte, inclindo papel normal.»
Mário Teixeira
[*Rua Mártires da Liberdade, 130]

A propósito:
1. Um excelente exemplo do que se pode ir fazendo para revitalizar a cidade, inventando força onde outros vêem fraqueza: Casa Viva;
2. Em Lisboa são um pouco mais sistemáticos. Não é apenas um safari fotográfico de protesto, mas um movimento cívico (embora, actualmente, um pouco parado): Lisboa Abandonada. O Porto, ainda mais do que Lisboa, precisa de uma coisa destas. Será que não se arranja por aí meia dúzia de entusiastas?...

David Afonso
attalaia@gmail.com

De: Joaquim Jorge - "Informação"

Submetido por taf em Sábado, 2006-05-06 10:25

Não entendo o que querem dizer "que valia a pena coordenar o Clube dos Pensadores com iniciativas já existentes". Talvez se fosse a um debate verificasse a adesão das pessoas e a diferença entre o que é feito. Sinceramente não sei o que se está a fazer, por mim vou continuar a intervir e a proporcionar que os outros opinem e debatam.

Com o tempo vamos ver o que vai acontecer. Estou aberto a trabalhar em conjunto mas até agora ninguém me contactou ou falou em fazer algo. Vamos ver... o que isto dá, mas acho pouco pertinente falar de coisas que não se conhece.

Joaquim Jorge
--
Nota de TAF: este comentário refere-se a um post já antigo, a propósito desta notícia. Qualquer iniciativa destinada a reflectir sobre estes temas é positiva. Pretendi apenas sugerir que se coordenem esforços entre iniciativas semelhantes, ajudando a ganhar massa crítica para provocar impacto na região. Já agora, eu não estou envolvido na organização de nenhuma das que conheço.

De: TAF - "Sejamos razoáveis..."

Submetido por taf em Sexta, 2006-05-05 16:21

Muito tenho aqui escrito contra vários aspectos da actuação do actual executivo camarário. Estou portanto à vontade para manifestar desagrado pela postura quase "paranóica" que vejo em alguns textos sobre as actividades da autarquia. Não tenho tido tempo para me debruçar sobre este caso com pormenor, mas veja-se este artigo no JN:
«Na altura foram apreendidos no gabinete de Teixeira um mapa de PDM "proposto" por Loureiro e um documento com os argumentos a favor da atribuição de capacidade construtiva no campo de treinos.».

Porquê as aspas no "proposto"? O Boavista não estará no seu pleno direito, tal como qualquer munícipe, de propor seja o que for quanto ao PDM? O facto de ter sido "encontrado" um documento do Boavista é algum problema? Se calhar até podiam também ter sido encontrados documentos meus, de José Pulido Valente, de Francisco Rocha Antunes, etc. Afinal todos nós fizemos propostas. ;-)

Poderá haver muitas outras razões de queixa, mas vamos ser razoáveis quanto aos argumentos que usamos!

De: TAF - "Seminário"

Submetido por taf em Sexta, 2006-05-05 14:57

Cimeira na Exponor

há tempos tinha referido aqui a realização de um Seminário sobre Revitalização Urbana, Qualidade de Vida e Competitividade das Cidades no âmbito da Cimeira do Ambiente, Segurança e Qualidade que se vai realizar proximamente na Exponor. Fica agora aqui o programa actualizado, em PDF.

De: TAF - "Com amigos destes..."

Submetido por taf em Sexta, 2006-05-05 00:01

- Associação Comercial do Porto quer movimento para salvar Exponor em Matosinhos - Este assunto merece meditação séria a vários níveis. Entre outras razões, porque mais uma vez prova que um dos principais problemas do Norte são os próprios nortenhos. Ou melhor, são alguns nortenhos que ainda têm peso político/económico e portanto poder de decisão. Faz algum sentido afastar uma estrutura destas do aeroporto, do porto de Leixões, do comboio, dos acessos à rede de estradas centrada na cidade do Porto, do metro, dos hotéis, ...? Do ponto de vista do interesse da região e do país, o que é que há em Santa Maria da Feira que justifique tal decisão? O Europarque é razão suficiente? Não haverá nenhuma maneira de resolver as limitações de espaço em Matosinhos que têm vindo a ser apontadas? Bem faz a Associação Comercial em procurar que o bom senso prevaleça. E talvez fosse tempo de mudar a Direcção da AEP.
- Saída da Exponor é decisão drástica

Outros assuntos:
- "Jardinagem de guerrilha" - com vídeo (via Dias com Árvores)
- Rui Rio acusado de arrogância
- Empresas registadas em segredo
- Oposição camarária exige esclarecimentos
- “Novo” Cinema Batalha inaugurado dia 11 com fado
- Investigação conclui que Estádio do Bessa é construção ilegal
- João Loureiro "de consciência tranquila"
- Vídeovigilância na Ribeira tem autorização do IPPAR
- Reservatório de água convertido em auditório
- A arquitectura em museu?

De: TAF - "Pergunta e outros"

Submetido por taf em Quinta, 2006-05-04 14:34

- Por que razão é que ninguém noticiou nos media (pelo menos tanto quanto eu tenha reparado) o aparente adiamento pela Câmara, há dias, da decisão sobre a Quinta da China?

- SMAS do Porto registados como empresa municipal
- Rio acusado de agir «à socapa»
- Rio transformou "à sucapa" serviços municipalizados em empresa

- Livro - Reflectir o Porto e Região Metropolitana
- Vários posts a ler no Fonte das Virtudes
- Chefe de gabinete de Rui Rio investigado no Apito Dourado

- Leilão na Árvore para pagar a artistas
- Cooperativa Árvore leiloa obras para pagar dívidas
- "Árvore" leiloa obras para pagar dívidas

- Artesão quer transformar a Praça de Lisboa em centro de arte - Parece haver massa crítica para algo deste género. Eu também conheço mais gente que até já fez há dias uma proposta concreta à autarquia, compatível com esta.

PS: Bem visto, no Blasfémias.

PS2: A resposta da CMP ao JN - JN lança suspeitas sobre Chefe de Gabinete do Presidente.

De: Pedro Lessa - "Os outros problemas do comércio tradicional"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-03 18:00

Esta questão dos horários oferece pouco de novo à discussão do funcionamento do comércio tradicional na Baixa. Contudo, nunca é demais discutir e fomentar este factor como impulsionador dos outros bem mais importantes. O exemplo do portal sugerido por Paula Morais seria bastante interessante e útil. Já aqui afirmei várias vezes que uma das possiveis metodologias a usar nesta discussão seria a de quantificar as condições que uma grande superfície oferece aos seus utentes e aplicá-las na Baixa. A questão dos horários, a meu ver, torna-se relativamente secundária, porque mesmo que fossem mais alargados, as pessoas não viriam na mesma.

Falando no meu caso concreto por exemplo, tenho porta aberta em pleno Centro Histórico e não seria por estar aberto até às 22 ou 23 h que os meus clientes teriam mais facilidades de cá vir relativamente, por exemplo, a estacionamento. Não existe, seja dia ou seja noite.
Quando converso com clientes regulares, e muitas vezes já está a ser via telefone porque desistem de cá vir, os argumentos são sempre os mesmos: falta de estacionamento, parques caríssimos, espaço público sujo e deteriorado, sensação de insegurança enorme.

Fazendo o paralelo com os shoppings, temos estacionamento de graça, corredores a serem limpos constantemente e segurança visível a todo o momento.

Enquanto a admnistração local se demitir das suas obrigações relativamente a questões como referi anteriormente, nunca a Baixa irá evoluir. E mesmo que sejam os próprios comerciantes a unirem-se para tomarem medidas que não lhes compete mas que quem de direito não toma, surgem entraves de toda a espécie para a sua concretização. Já existem exemplos no passado, desde a cobertura de ruas, contratação de segurança privada etc etc. que morrem à nascença. A título de exemplo, vamos ver o que dá a iniciativa da Associação de bares da Ribeira relativamente à instalação de um sistema de câmaras de segurança.

Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com

De: Pulido Valente - "Resposta"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-03 17:04

Cara Cristina,

para começar tenho que dizer que os seus últimos contributos são ainda melhores que os anteriores. Obrigado.

Quanto ao que me diz: fui com o Dr. Paulo Duarte, como deve saber, consultar o processo. Como cada um tem a sua área por mim fiquei pelos aspectos relacionados com os terrenos a expropriar. Para ele ficou todo o amplo território da análise da correcção dos procedimentos burocráticos e políticos. Será ele a dizer algo sobre os inúmeros atropelos que detectou.

Quanto à parte urbanística a Cristina não quer que faça uma crítica ao projecto pois não? Acha que construir uma "estrada de montanha" em zig-zag para ligar a marginal do rio à zona das Fontaínhas é um empreendimento particular? Acha que pode a CMP delegar num investidor a tarefa e a responsabilidade de DECIDIR como deve essa ligação DEVE ser feita? Já sabe que o investidor, ao colocar a via no papel, vai levar em conta prioritariamente os seus interesses e portanto não é garantido que os interesses do ambiente, da cidade e dos cidadãos sejam contemplados DA MELHOR MANEIRA.

Isto quanto à ligação rodoviária.

Quanto à colocação de uma ou mais frentes - consideravelmente extensas - de edifícios de seis e mais pisos pela encosta abaixo tenho a dizer o seguinte:
O anterior PDM considerava que "o volume global ... das edificações a construir nas parcelas situadas nas vertentes abruptas sobre o rio Douro, com declive superior a 60º, será definida caso a caso pela Câmara Municipal."

Como as normas provisórias não são aplicáveis (não interessa aqui dizer outra vez porquê) de nada vale que elas dêem a esta zona, na sua maior parte, a densidade construtiva maior.

Fica o aspecto paisagístico, ambiental, e de integração. Quanto a isso posso dizer que me parece incorrecto não procurar uma solução arquitectónica - aqui se vê como a arquitectura engloba o urbanismo porque não pode o urbanista não arquitecto inventar modelos de arquitectura específicos para cada caso pois deixaria de haver arquitectos - adequada ao território a invadir.
Não foi o caso pois usaram-se os tradicionais caixotes tão caros ao pato bravo impreparado e tacanho. Escolha péssima. Desrespeitadora do sítio, agressiva e desconhecedora das soluções usadas genericamente pela cultura popular e tradicional, culta, para casos destes. Conhece Machu-Picchu, é assim que se escreve? As soluções portuguesas - das Azenhas do Mar, Sesimbra (arq. Conceição e Silva) etc. poderiam ter sido uma inspiração.

Há outro aspecto a considerar que é o da vida que se pode fazer num terreno com aquela topografia que condiciona tanto a mobilidade das pessoas e máquinas automóveis. Claro que admito que um bom arquitecto que tenha tempo e condições para estudar a sério o assunto encontre para ali uma solução que considera a construção para habitação e comércio e lazer etc. Mas duvido que os índices alcançados fossem do interesse de um investidor. Porque aquele território é sensível e traz problemas vários entre os quais não é de esquecer a presença das linhas de caminho de ferro, para além da eventual ligação das cotas alta e baixa.

Concluindo: a CMP, se entende que há a necessidade de fazer a ligação das zonas das Fontaínhas e da Av. Gustavo Eiffel terá que ser ela a fazer ou mandar fazer (com concurso público) o projecto. Dada a dificuldade do território o aconselhável é o de se fazer o concurso público para uma UOPG - para utilizar os termos do PDM - para aquela área com a indicação da ocupação, dos modelos e das volumetrias. Enfim deve ser a CMP a fazer aquilo que a Mota-Engil pretende, alargando a área de intervenção.

Espero ter sido útil. JPV

De: F. Rocha Antunes - "A Essência do Comércio"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-03 16:44

Cara Cristina,

Acredito que as suas preocupações são genuínas, mas por favor nunca fale em público em mais regulamentação. Acredite ou não há dezenas de pares de olhos que ao lerem o seu post estão a esfregar as mãos de contentes, a pensarem em formas maquiavélicas de garantir que os candidatos a comerciantes vão ter de explicar, direitinho, que mania é essa de quererem ganhar dinheiro, de passarem à frente dos outros comerciantes já estabelecidos, imagine-se até com vontade de lhes roubarem a clientela mais interessante…

O comércio é uma actividade económica já suficientemente regulamentada. O que é preciso é que a regulamentação seja simples, clara e aplicável a todos, sem excepção. Mas a liberdade comercial é isso mesmo, uma liberdade, em que cada potencial comerciante imagina, sonha, visiona, delira, com a forma mais eficiente de seduzir, atrair, deliciar os consumidores que ainda não são seus consumidores. Essa é a essência do comércio.

Para que não pense que apenas os promotores imobiliários e outros capitalistas empedernidos como eu pensam assim, deixo aqui um trecho escrito por alguém que não pode ser metido no mesmo saco que eu e que definiu, brilhantemente, A Essência do Comércio.

“…Esta história, em aparência tão simples, encerra um ensinamento que todo comerciante, que não o seja simplesmente por brincar às vendas, devia tomar a peito, compreender na sua essência. Um comerciante, qualquer que seja, não é mais que um servidor do público, ou de um público; e recebe uma paga, a que chama o seu “lucro”, pela prestação desse serviço. Ora toda a gente que serve deve, parece-nos, buscar agradar a quem serve. Para isso é preciso estudar a quem se serve - mas estudá-lo sem preconceitos nem antecipações; partindo, não do princípio de que os outros pensam como nós, ou devem pensar como nós - porque em geral não pensam como nós -, mas do princípio de que, se queremos servir aos outros (para lucrar com isso ou não), nós é que devemos pensar como eles: o que temos que ver é como é que eles efectivamente pensam, e não como é que nos seria agradável ou conveniente que eles pensassem.

Nada revela mais uma incapacidade fundamental para o exercício do comércio que o hábito de concluir o que os outros querem sem estudar os outros, fechando-nos no gabinete da nossa própria cabeça, e esquecendo que os olhos e os ouvidos - os sentidos, enfim - é que fornecem os elementos que o nosso cérebro há de elaborar, para com essa elaboração formar a nossa experiência.”

Leiam o resto que vale a pena. Ah, quase que me esquecia de dizer quem escreveu isto: Fernando Pessoa.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

De: Cristina Santos - "Não há Pomar na minha Rua!"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-03 15:34

Acredito que de uma maneira ou de outra o comércio da Baixa do Porto se revitalize, mas a liberalização do horário não é mais de que uma desculpabilização de entidades, que até hoje não conseguem traçar um projecto de revitalização do comércio urbano.

A liberalização de horários é uma falsa questão, há muitos anos que os cafés podem funcionar ao Domingo, e é difícil encontrar cafés abertos nesse dia, os quiosques idem. Para além de que o comércio tradicional não se reduz às imediações dos monumentos, o comércio tradicional é um pilar na qualidade de vida dos centros urbanos. Tem que ser protegido de acordo com a importância que representa poder dispor de uma mercearia em cada quarteirão da Cidade, há zonas densamente edificadas onde não existe pomar, peixaria, nem nenhum tipo de comércio a retalho, isto tem custos enormes no tal «plano social» que outros países já analisam e debatem com afinco.

É urgente regulamentar o comércio interno nos grandes centros urbanos:

É preciso regulamentar o sentido da concorrência; é inadmissível que num mês se abram 4 Centros de Estética no mesmo quarteirão, as associações comerciais têm que orientar os associados, informar que não há interesse em concorrer com os produtos das grandes cadeias, importante é a especialidade, a diversidade.

Depois, e por muito que nos custe, essa regulamentação passa também por estagnar e limitar a construção de centros comerciais nos limites das grandes cidades - os centros comerciais são um atentado à coesão social.

Os que cercam a Cidade do Porto causam-nos diariamente problemas de tráfego, de ordenamento do território - de qualidade de vida. À partida dizemos – o comércio que se actualize, mas em última análise quem perde somos nós. Os centros comerciais periféricos foram implantados em terrenos baratos, acessíveis e lucrativos, não foi tida em linha de conta a sua integração no espaço urbano existente, o benefício que nos trazem tem uma duração limitada, trata-se de um investimento com uma esperança de vida na ordem dos 20 anos.

O problema é que limitar a construção de centros comerciais não garante que as grandes cadeias de investimento se dispersem pelos centros das cidades - no Centro o custo de implantação rebenta com a escala dos interesses dos grupos - imaginem as perdas de emprego e movimento financeiro que a limitação aos shoppings acarretaria em países pobres, nos países pobres nem sequer com a Lei do trabalho nos podemos proteger.

O comércio dos centros urbanos afundou, apesar das inúmeras tentativas por parte de todos, só a Grécia e a Itália cresceram no comércio a retalho ou pequeno comércio, de resto todos se afundam e sucumbem a um capitalismo imparável, rentável e inevitável nos dias que correm.

O mesmo se aplica a outras áreas - construir na periferia/ abandono ruína do centro urbano -, mas escolher entre a nossa tradição e o conforto imediato que o novo mercado nos oferece … geralmente escolhemos o imediato, é natural perfeitamente aceitável, o que resultar dessas escolhas havemos de resolver.

Agora o que está dar é grandes grupos e rotatividade.

Os horários quanto a mim não tem muito a ver com isto, já agora os Chineses tem alguma autorização especial para abrir em Domingos e Feriados?!

De: F. Rocha Antunes - "Duas razões para os Dois sábados"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-03 11:55

Meus Caros,

A revitalização do comércio é, para mim, a peça central do processo revitalização da Baixa. Concordo que o regresso dos habitantes é o que vai permitir dar sustentabilidade de longo prazo, mas é sempre um movimento mais lento do que a revitalização do comércio. Os primeiros novos habitantes serão sempre de nicho de mercado, e o habitante médio vem depois de os pioneiros se terem estabelecido. São sempre uns anos.

O comércio na Baixa tem possibilidade de se desenvolver mesmo que os habitantes demorem algum tempo a reocupar o centro da região porque beneficia de duas vantagens que se tornarão cada vez mais evidentes: a nova centralidade regional e o turismo.

A nova centralidade regional, criada pelo Metro e pelos comboios suburbanos, permite que a área de influência de cada loja na Baixa tenha aumentado significativamente. Nunca a Baixa do Porto teve tanta gente como agora a atravessá-la, e com o Corte Inglês em Gaia isso vai ser ainda mais evidente. O conceito de área de influência é determinante na localização de qualquer estabelecimento comercial e define a área de comércio com que cada loja pode contar para desenvolver a sua actividade. Essa área costuma ser medida pelos tempos médios de acesso dos clientes à loja e que, com a introdução de transportes públicos qualificados, aumentou substancialmente. O que permite que qualquer estabelecimento comercial destinado a mercados mais segmentados de toda esta vasta região tenha na Baixa a melhor localização.

As condições desta nova centralidade comercial são uma excelente oportunidade de negócio que em nada perde, racionalmente, para os centros comerciais. São realidades complementares, dispensando a guerra clássica entre as duas situações. Vou exemplificar com um caso real: as lojas de roupa alternativa que existem na Rua Mouzinho da Silveira. Essas lojas destinam-se a um público específico e menos massificado e, como tal, não faz qualquer sentido estar presente nos diferentes centros comerciais, que têm regras de rentabilidade do espaço muito exigentes. Contudo, e uma vez que são centrais em relação a toda a região, permitem atrair consumidores de uma área alargada, viabilizando comercialmente o negócio. A Baixa tem, agora que a lei das rendas vai libertar milhares de espaços comerciais bloqueados, a oportunidade de um grande renascimento comercial: as rendas baixas, determinadas por uma enorme oferta, permitirão a comerciantes de todo o lado desenvolverem negócios que têm um mercado alargado.

A segunda grande oportunidade é a do turismo. E o turismo é mais do que o turismo internacional, é também muito o turismo nacional e até, digo eu que moro no meio do Porto e vejo o desconhecimento que as pessoas desta zona têm da Baixa actual, do turismo local. Qualquer pessoa que decida passear no Porto tende a passar pela Baixa. Depende dos comerciantes criarem razões para que essas pessoas fiquem mais tempo e gastem mais dinheiro na Baixa do que gastam actualmente. E repitam a visita. E ainda mais importante, que digam aos amigos que a experiência foi boa.

É claro que as obras terão de acabar, que a limpeza tem de melhorar, que o estacionamento selvagem tem de desaparecer, que as pessoas da Baixa se habituem a encarar os visitantes não como carteiras que podem ser aliviadas de forma expedita mas como carteiras que podem voluntariamente abrir-se. Mas tudo o que é preciso para que isso aconteça é que os comerciantes abandonem de vez a guerra de alecrim e manjerona que decidiram travar aos centros comerciais, aprendam com esses centros comerciais as lições de cooperação e coordenação de esforços comuns e se concentrem em fazer aquilo que é essencial: criar serviços e produtos que sejam experiências agradáveis e únicas para os consumidores. Essa é a chave do valor do comércio. E o segredo que permitirá libertar o enorme potencial de valor que todos reconhecem à Baixa do Porto.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

Caros participantes, e, em especial, cara Cristina Santos,

Com o objectivo de trazer a este blogue mais alguma informação que considero ser deveras interessante a propósito do tema do meu último post, e porque também entendo que é sempre possível aprender com o exemplo das experiências realizadas por aqueles que efectuaram mais cedo o mesmo percurso que nós, aproveito então para divulgar um documento elaborado pelo Centro Regional de Observação do Comércio, da Indústria e dos Serviços (CROCIS) da Câmara do Comércio e da Indústria de Paris, e intitulado Rue des Francs-Bourgeois à Paris: 10 ans d’expérience d’ouverture dominicale (redigido em francês).

Este documento, de 4 páginas, corresponde ao n.º 33 (Dezembro de 2001) da publicação “Enjeux Ile-de-France: l’économie francilienne en bref”, e faz parte de um conjunto de documentos que a Câmara do Comércio e da Indústria de Paris publica periodicamente nos quais esta entidade reúne e sistematiza os principais dados da estrutura e conjuntura económica que permitem identificar e analisar as evoluções da mesma neste departamento parisiense.

Como o próprio nome indica, este número é dedicado ao balanço dos 10 anos de experiência no funcionamento do comércio ao Domingo nas lojas situadas na Rua Francs-Bourgeois em Paris (localizada no centro do Marais, próximo dos museus Picasso, Carnavalet e Victor Hugo), tendo sido elaborado com base num inquérito efectuado in loco aos comerciantes. Após a apresentação do contexto jurídico, e da descrição das lojas que integram a rua, neste documento é possível obter dados sobre o número de lojas abertas ao Domingo, quais os respectivos horários de abertura, que adaptações em termos de organização interna foram realizadas, bem como que compensações e contra-partidas foram identificadas com o funcionamento do comércio neste dia da semana.

Apenas a título de curiosidade, e para não me alongar muito, aproveito para destacar algumas informações que mais me chamaram a atenção:

  • - do número de lojas instaladas na rua (75), 88% abrem ao Domingo;
  • - a principal razão invocada pelos comerciantes com as lojas fechadas é a pesada penalização em caso de incumprimento da lei (depreendo que seja relativa a legislação laboral);
  • - algumas lojas fecham à Segunda de manhã, e outras fecham à Terça (dia de fecho dos museus do quarteirão);
  • - a oportunidade de trabalho em part-time, por ex. para estudantes;
  • - balanço final positivo;
  • - é dado destaque nos guias de turismo (principalmente japoneses) que as lojas abrem ao Domingo;
  • - e claro, a expressão da gíria comercial muito representativa dos ganhos da actividade que é dita com entusiasmo pelos comerciantes “C’est une rue à deux samedis!”.

Paula Morais
Arquitecta

De: TAF - "Apontadores"

Submetido por taf em Terça, 2006-05-02 20:49

De: Rui Valente - "Economia e debates"

Submetido por taf em Terça, 2006-05-02 16:57

Sobre a cidade do Porto, é tanta a inépcia, tanta a orfandade, que prefiro não fazer comentários e deixá-los para aqueles que, de boa fé ou por optimismo exacerbado, continuam estoicamente convencidos que a autarquia lhes dá ouvidos. Lamento desapontá-los, mas não dá. Ou se der, será apenas para tentar controlar a "fervura das águas" deste Porto manso, quase irreconhecível para, em caso de ameaça de fogo deitarem mãos aos bombeiros, não vá dar-se um "incêndio"!

A decadência do país acelera e, na cidade do Porto, em particular, é multiplicada várias vezes, mas o lume mantém-se por enquanto brando, com a população estupidamente serena e apática. Tão serena como o país. Um país que se está a habituar com candura à perversão de tarefas e valores. Um país deprimido, mas igualmente inconsciente, que aplaude quem o flagela e que anda muito próximo de legalizar a irresponsabilidade dos seus governantes e, até, de pôr em causa o seu próprio sentido de existir.

De tanto se procurar esvaziar a função do Estado neste país, ao mesmo tempo que se hiper-valoriza o da iniciativa privada, já não se consegue bem perceber qual é o papel reservado aos políticos além daquele que todos conhecemos, que é o da preservação dos seus postos de trabalho (melhor dizendo, dos seus tachos!), isto, claro quando não fazem gazeta ao Parlamento...

Curiosamente, agora não faltam comentadores políticos e políticos comentadores a defender a economia como o salva-vidas justiceiro da pobreza e da exclusão social. Proliferam à velocidade da luz e multiplicam-se como coelhos!

Para tentar ir de encontro a tamanha onda de euforia económica, lancei-me na busca e selecção de um empresário de "peso" da nossa praça e o primeiro que me ocorreu foi Belmiro de Azevedo. Depois, procurei a fórmula mais correcta para fazer a leitura da riqueza gerada por um dos homens mais dinâmicos da sociedade civil e tive algumas dificuldades. É que, tendo como certa a ideia de que Belmiro de Azevedo paga muito bem aos seus quadros superiores, de cuja competência não me atrevo a duvidar, não me pareceu honesto avaliar o nível médio dos rendimentos dos seus funcionários baseado nos "comandos", mas antes calcular com quanto teriam de viver os seus empregados menos qualificados (como "caixas" de supermercados, funcionários Optimus, etc.) que são a grande maioria, e não tardei a reconhecer que eram pessimamente mal pagos. E é precisamente pelas classes mais baixas, pelo seu poder de compra, que se pode apreciar o nível de vida de um país. Daí, não ser disparatado concluir que um empresário pode ser eficaz a administrar algarismos e a produzir riqueza, mas não é forçosamente justo e competente a distribuí-la! Berlmiro de Azevedo é apenas um entre muitos! Será este o modelo de economia que vai salvar o país?

Mas, esta realidade é tanto mais grave, quanto os políticos, falhos de ideias e de propósitos, tendem a auto-desresponsabilizar-se dos seus deveres e a passarem cada vez mais tempo em debates televisivos remunerados, filosofando sobre os problemas da humanidade com aparente sapiência ao mesmo tempo que engordam o seu pecúlio pessoal. A população assiste e aplaude.

D. Afonso Henriques: por que raio quiseste armar-te em herói?

Rui Valente

De: Cristina Santos - "Comércio Tradicional"

Submetido por taf em Terça, 2006-05-02 14:20

Em relação ao excelente post de Paula Morais, e a Paula poderá vir a corrigir esta minha informação.
Em França os trabalhadores do comércio reclamavam há uns tempos a união familiar, que assentava nesta situação:
Se as escolas encerram ao domingo, então nenhum pai ou mãe deve ser obrigado a trabalhar nesse dia, mesmo que em regime de turnos, porque isso terá custos a todos os níveis para a Nação.

Os jovens adolescentes devem ser motivados a conviver com as famílias e as famílias devem conviver entre si, num ambiente de descanso proporcionado por uma lei que regule um plano social nos grandes centros urbanos.

Esta é uma questão importante que a meu ver o Governo francês soube ouvir, não posso afirmar a 100%, mas acho que em França todos os centros comerciais estão encerrados ao Domingo e o comércio Tradicional implantado nas avenidas abre, mas apenas lojas de lazer- a Fnac a Virgin.

França tem os melhores espaços verdes urbanos, baratos e simples, cada um com as suas características para servir a população e as famílias, em qualquer calçada aderem um tapete de relva, colocam uns bancos e equipamentos e está feito um Jardim. Pelo que ao Domingo não são os Shoppings que enchem, mas sim os parques e as zonas verdes.

Se a liberalização de horários resultou em França para o pequeno mercado, francamente acho que não, mas enfim França é um espaço social, a união europeia um mercado comum e nesse mercado salvam-se as melhores marcas e a originalidade do pequeno comércio.

Se vai resultar aqui no nosso Porto, não sei, mas é positivo que se permita que cada um governe o tempo em que acha que a sua actividade é mais rentável.

--
Cristina Santos

De: TAF - "Grande Juiz!"

Submetido por taf em Segunda, 2006-05-01 02:00

Rui Rio e Nuno Cardoso

- Juiz condena Rui Rio e Nuno Cardoso por insultos e obriga-os a anunciar - "O juiz condenou cada um dos políticos a pagar 15 mil euros ao outro e a anunciarem, nos órgãos de informação, a respectiva condenação." - É assim mesmo: portam-se como miúdos, é como miúdos que têm de ser tratados. :-)

PS: A SIC tem um vídeo sobre esta notícia.

Caros participantes,

A propósito da notícia sobre o novo horário de funcionamento do comércio no Porto, aliás merecedor da minha inteira concordância, pois entendo que enquanto imprescindível função humana e urbana, o comércio, ou para quem preferir outra terminologia, a distribuição de bens, constitui um elemento determinante nas diferentes políticas de renovação e reabilitação (quer seja urbana, económica e mesmo social) que incidem no território, neste caso na Baixa portuense (sobretudo nos períodos temporais em que tais políticas são visível e notoriamente muito necessárias – à noite e ao fim-de-semana), não quis deixar de partilhar algumas reflexões minhas dedicadas ao tema, na expectativa de que sejam um contributo com interesse para o debate público que se tem vindo a realizar neste blogue.

Curiosa sobre o tempo disponibilizado em outros países para a indispensável tarefa humana de abastecimento de bens, fui então indagar acerca do que passa em alguns países da Europa sobre o horário permitido por lei para o funcionamento do comércio, e eis o que descobri:

Alemanha: de 2.ª a Sábado (é permitido até às 20 horas); Domingos (não é permitido, excepto raras excepções em locais turísticos).

Itália: de 2.ª a 6.ª (é permitido até às 22 horas); Sábados (é permitido até às 20 horas); Domingos e feriados (não é permitido).

Áustria: de 2.ª a 6.ª (é permitido entre as 5 horas e as 21 horas); Sábados (permitido até às 18 horas); Domingos e feriados (não é permitido); nas regiões de intenso turismo as lojas podem funcionar entre 66 e no máximo 72 horas por semana.

Grécia: tem os mesmos horários que a Itália, no entanto existe a possibilidade de as lojas permanecerem abertas durante as 24 horas de 2.ª a Sábado.

Espanha: tem os mesmos horários que a Itália, contudo existe alguma flexibilidade.

Dinamarca: de 2.ª a 6.ª (é permitido durante as 24 horas); Sábados (permitido até às 17 horas); Domingos (não é permitido).

Holanda: de 2.ª a Sábado (é permitido das 6 horas até às 22 horas); Domingos e feriados (não é permitido).

França e Bélgica: de 2.ª a Sábado (é permitido durante as 24 horas); Domingos e feriados (é permitido, apenas com algumas restrições de horário devidas à regulamentação laboral).

Inglaterra e Irlanda: de 2.ª a Sábado (é permitido durante as 24 horas); Domingos (não é permitido).

Polónia: não existe regulamentação quanto ao horário de funcionamento do comércio.

Portugal e Suécia: de 2.ª a 6.ª (existe grande flexibilidade de horários); Sábados (permitido até à meia-noite).

(fonte da informação: www.de-usw.com)

Da minha rápida pesquisa sobre estes exemplos aproveito então, como anunciei no título deste post, para dar um especial destaque a duas curiosidades sobre dois deles e aproveito ainda a ocasião para fazer uma sugestão ao Porto:

- A primeira curiosidade é relativa à Alemanha. Conhecida no mundo jurídico como o exemplo a seguir nas discussões públicas sobre as propostas de lei antes de as mesmas serem aprovadas pelo Parlamento, a nação germânica deu início ao apaixonado debate sobre o horário de funcionamento do comércio apenas recentemente (com a aprovação em 2004, pelo Bundesrat – câmara alta do legislativo alemão –, do projecto de lei que prevê maior flexibilidade no horário de funcionamento do comércio); segundo a Deutsche Welle (cadeia de informação alemã), “a meta é acabar com qualquer restrição de horário durante os dias da semana e deixar a cargo dos governos estaduais e municipais a regulamentação para os fins-de-semana”, pois, segundo a mesma entidade, a lei que vigora actualmente, “é antiquada e carente de uma reforma radical”.

- A segunda curiosidade relaciona-se com a França, que tendo sido pioneira na regulamentação jurídica de protecção do pequeno comércio (e que em 1973 promulgou aquela que ficou conhecida por “Lei Royer”, que visava a protecção do pequeno comércio contra a proliferação desordenada de grandes superfícies), foi por sua vez igualmente pioneira na liberalização dos horários de funcionamento dessa mesma categoria comercial.

- Por fim, e tendo como fonte de inspiração um exemplo francês, apresento então uma sugestão que, no meu entender, associa duas vertentes: por um lado concretiza, ainda que a uma escala reduzida (abrangendo apenas o Porto), o conceito de “funcionamento em rede”, permitindo colocar as novas tecnologias ao dispor dos interesses dos consumidores, e por outro lado, constitui uma ferramenta útil para a disponibilização de informação pública sobre o comércio portuense, no que diz respeito aos horários de funcionamento; a minha proposta é então a de se criar uma plataforma de informação comercial, através de um portal, alimentado pelas informações disponibilizadas quer pelos comerciantes portuenses, quer pelos consumidores, que permita averiguar on-line o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais do Porto que aderirem ao portal, bem como permita averiguar em tempo real quais os estabelecimentos abertos no momento em que se efectua a pesquisa; o exemplo francês que referi, para os curiosos, é o www.les-horaires.fr (Horaires d’ouverture des commerces en France), portal gerido pela Beyoung Interactive SARL.

Paula Morais
Arquitecta

De: TAF - "Multimédia de fim de semana"

Submetido por taf em Domingo, 2006-04-30 17:37

Leça

- Outgrowing Jane Jacobs and Her New York e os dois "audio slide shows" que acompanham o artigo do New York Times.

Estou a tentar encontrar condições para produzir trabalhos deste tipo para A Baixa do Porto, em colaboração com órgãos de comunicação social que foquem assuntos da cidade e eventuais patrocinadores. Veremos se se consegue ou não. Se houver interessados em participar de algum modo, já sabem o meu contacto. ;-)