2010-05-16

De: TAF - "Sexta ao fim do dia"

Submetido por taf em Sábado, 2010-05-22 23:31

Foz do Douro

Foz do Douro vista do lado de Gaia: uma pausa numa semana ocupadíssima.


Alguns apontadores:

- "majoração de 20% para aqueles que querem arrendar casa numa zona urbana histórica"
- Mais um dia de deserto no leilão de prédios municipais
- Novo dia de hastas públicas, novo deserto de interessados
- Sentença dá razão à Plateia no caso Rivoli mas não terá quaisquer efeitos práticos
- BE quer impedir construção da barragem de Foz Tua

- A minha paciência para seminários e conferências com teoria sobre Indústrias Criativas já se esgotou. Prefiro iniciativas concretas, como podem eventualmente ser o OPO'Lab (de que não conheço os detalhes nem sei se o modelo de negócio é sustentável) e o Monumento ao Desempregado do Ano, apropriadamente localizado em Serralves ;-)

De: Pedro Figueiredo - "A cultura da ilegalidade"

Submetido por taf em Sexta, 2010-05-21 23:58

Cara Cristina Santos:

Não está na questão dos falsos Recibos Verdes de Serralves em causa qualquer questão relativa ao Funcionalismo Público. Em causa está a diferença existente entre trabalhar a Recibos Verdes e trabalhar a falsos Recibos Verdes. A lei é claríssima - um trabalhador independente é isso mesmo: independente, patrão de si próprio, free-lancer, empresário, dono de um gabinete, escritório, etc... Por ser empresário e independente, "patrão", vá, assume riscos, parte-se do princípio que tira lucros da sua actividade.

Segundo a lei, trabalhar desta forma - a recibo verde - implica não obedecer a hierarquias, não possuir local estável de trabalho, não estar por conta de outro, prestar serviços ocasionais e limitados temporalmente. As empresas e o Estado Português há cerca de 17 anos (1993) têm vindo a transformar uma fatia gigante dos trabalhadores por conta de outrem (cerca de 900.000 estima-se) em Falsos Recibos Verdes ...Não em free-lancers, independentes ou patrões de si próprios, mas, Cristina Santos, em Falsos Recibos Verdes.

O que é um Falso Recibo Verde? É uma forma ilegal de "contratação". Um Falso Recibo Verde paga por mês a sua Segurança Social no valor de cerca de 160 euros. Um Falso Recibo Verde paga a segurança social do seu bolso, mas sem ter os direitos de um contratado. Um Falso Recibo Verde não tem direito, com ou sem crise, a subsídios de paternidade, maternidade, doença ou desemprego. E sim, continuo a ter de pagar por mês a casa, o meu filho, a segurança social e todas as despesas. Com ou sem crise. O FalsoRecibismoVerde transfere para o elo mais fraco - o trabalhador - a responsabilidade, o baixo valor, enfim, toda a precariedade. Toda a precariedade do livre mercado é transferida para o trabalhador. Ao "Patrão" do Falso Recibo Verde não cabe agora nenhuma responsabilidade, nem a tal "instabilidade" de que muito se orgulham nesta cultura de "ser fixe", ser "livre", ser "sociedade civil", etc. O Estado recebe o seu. O Patrão de um Falso Recibo Verde não lhe paga a Segurança Social como acontece com os contratados, mete esse dinheiro ao bolso, aumentando o seu lucro.

Cara Cristina Santos, eu tirei um Curso Superior e preciso de estabilidade para a minha vida. Já trabalhei e trabalho oito anos a recibo verde Falso. Pela lei, após 6 meses a trabalhar para uma mesma entidade é-se automaticamente considerado um contratado. Um contrato como num país civilizado e Europeu. E portanto com todos os direitos inerentes. Nunca disse que precisava de ter um emprego para toda a vida. Apenas queremos tudo aquilo a que temos direito. Segundo as regras. Sim, o livre mercado também tem regras. Não sou eu que o digo, são as leis da república.

Viva a República!
Pedro Figueiredo, arquitecto.

De: Augusto Küttner de Magalhães - "TGV – chega, por favor"

Submetido por taf em Sexta, 2010-05-21 23:52

Para além da grave crise em que o país se encontra, parece que se está a propagar algo de ainda mais grave que é o TGV, qual campanha contra e a favor do aborto, qual conversa sobre casamentos de pessoas do mesmo sexo, qual Estatuto dos Açores, qual falta de liberdade de expressão, quais escutas, isto é muito pior! Que de comboio de rápida velocidade passou a obsessão para uns e total negação para outros. Como entrei na loucura, estou no segundo grupo, o da negação! Sendo que vou ter de defender a minha dama, e nem tenho interesses no caso nem desinteresses, não penso utilizá-lo, não penso que seja algo de assim tão necessário ao país, e admito que muitos, ou alguns, possam e devam pensar de forma diferente. Sendo que, esta “coisa” de termos TGV ao pequeno-almoço, ao almoço, ao jantar e antes de deitar, é TGV a mais, convenhamos. E mesmo que o raio do comboio que tão depressa anda possa ser muito útil para a modernidade deste nosso país, talvez seja da máxima importância colocar, como hoje se usa dizer, “em cima da mesa” as prioridades e igualdades.

No que se relaciona com prioridades, parece ao mais comum dos mortais que no momento não é prioritário. No que toca a igualdades, parece pouco crível que numa altura em que se pedem/exigem sacrifícios - que são muito mais que simples esforços, - a todos nós, em que as Scut´s vão deixar de o ser dado passarem a “ter custo”, em que todos ao fim do mesmo vamos ver os nossos proveitos reduzidos, em que vamos todos ter de ser mais contidos no “ter”, em que o mesmo dinheiro já não vai dar para encher o saco do supermercado e fala-se tanto em comboio de alta velocidade, quando temos comboios que já andam bastante bem, quando temos voos diários entre a capital portuguesa e a capital espanhola, quando nos são exigidos mais e mais sacrifícios.

Parece uma birra, e parece que temos todos de andar sempre e só a falar do mesmo, uns contra e outros a favor em vez de estarmos todos muito mais focados em assuntos que nos farão sair do buraco em que hoje estamos atolados e que não vai ser de certeza o TGV que vai tudo melhorar. Seria bem simples se hoje o TGV nos resolvesse todos os nossos gravíssimos problemas. Mas não é de certeza. Assim seria interessante não só para os que negam o TGV, como para os que o defendem com unhas e dentes, deixar ficar tudo em banho-maria por tempos ainda sem data! Acrescentando ao mesmo”lote”: o Aeroporto, dado que a Portela chega e sobra, mais a Ponte que não é necessária para atravessar o Tejo, já lá tem várias, nem auto-estradas, dado que já temos muitas.

A Irlanda que em boa altura nos serviu de exemplo – pelo desenvolvimento produtivo, tudo - e que hoje volta a servir dado estar a tentar sair rapidamente da crise, e não tem 1/5 das nossas auto-estradas, nem das nossas estradas, e não é por aí que vai não ficar melhor. Por favor esqueçam o TGV. Por favor macem-se de falar em TGV. E ficará para mais tarde fazer uma boa meia dúzia, mas hoje nem pensar!

De: Nuno Oliveira - "A cultura do «funcionalismo público(?)» 2"

Submetido por taf em Sexta, 2010-05-21 23:46

Cara Cristina Santos

Os recibos verdes são um modo legítimo de funcionar dirigido a trabalhadores independentes. Quem trabalha nesse regime legitimamente pode beneficiar das vantagens que mencionou. Quando se trabalha no mesmo local, sob uma hierarquia, com horário e posto próprio não se pode trabalhar a recibos verdes, é ilegal. A impunidade que a incapacidade de actuação da ACT permite leva a que se cometa esta ilegalidade, para prejuízo dos trabalhadores que não são nem querem ser considerados independentes e da livre concorrência entre empresários quando uns operam dentro da legalidade e outros não, fugindo às suas responsabilidades sociais. Não é a telenovela velhinha do "patrões e escravos", é a telenovela real e contemporânea daqueles patrões que impunemente funcionam na ilegalidade.

Se se procura racionalizar estes expedientes ilegais em nome do "baixar os custos da mão-de-obra" para "investir no país" recomendo a China ou a Indonésia, países muito mais eficientes e visionários no tratamento e regulamentação da sua mão-de-obra em nome da competitividade, Portugal, infelizmente, tem destes defeitos. Ninguém pediu trabalho para a vida, imunidade total dos despedimentos e das avaliações e estagnação. Isso não significa que se possa estar vulnerável a mudanças súbitas de emprego, a trabalhar por "biscate" a cada 6 meses e não ter qualquer possibilidade de construir uma carreira, essencial para ter uma família estável e/ou começar um negócio próprio, trivialidades essenciais para sustentar o país e reter os milhares de jovens que todos os anos fogem da precariedade. Existirá eventualmente um equilíbrio.

Entretanto tem de se exigir a reforma da ACT porque andam muitas empresas e instituições "subsidio-dependentes" à caça da isenção da Segurança Social aldrabando nos estágios e recibos verdes dos seus trabalhadores mais jovens. Com tantos discursos populistas à volta dos "malandros" dos RSI's é no mínimo curioso do ponto de vista da coerência que não se imponha à ACT a recolha da quantidade obscena de multas que andam aí por cobrar em falsos recibos verdes destes "prevaricadores".
Deve ser esquecimento.
--
Nuno Oliveira

De: TAF - "Alguns apontadores e sugestões"

Submetido por taf em Sexta, 2010-05-21 00:40

De: Cristina Santos - "A cultura do «funcionalismo público» 1"

Submetido por taf em Quinta, 2010-05-20 23:54

Pergunto-me: será que as pessoas de facto pretendem um trabalho para toda a vida, no mesmo sítio, com as mesmas funções, toda a vida não é tempo demais?

Este dogmatismo da estabilidade e do trabalho para toda a vida impede experiência, impede conhecimento, impede o desenvolvimento do país. Que tipo de reclamação é essa? Devemos concentrar esforços para que a tributação baixe, para que os custos de produção diminuam, e abandonar definitivamente essa ideia de patrões e escravos. É necessário que seja rentável investir no país, e isso só se consegue com a reforma completa do mercado de trabalho, das leis laborais, com o baixar da tributação, e baixar esses custos só é possível baixando o stock de proteccionismo que todos reclamam, numa injustiça tremenda que é a de esperar que os outros, as empresas, ou antes os patrões, assumam riscos que os próprios nem por sombras têm na ideia assumir.

Lamento, mas não vejo em que é que um trabalhador eficiente possa ser prejudicado por trabalhar a recibos verdes, não percebo como não vêem nisso uma oportunidade, e acima de tudo a liberdade que os efectivos não têm, para aumentar rendimentos.

Cristina Santos

Apesar de estar prevista na lei há quase 20 anos, a Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto ainda não começou a funcionar. Embora a congénere de Lisboa esteja em funcionamento desde Junho de 2009, no Porto continua o boicote à sua criação, por razões meramente partidárias. Em muitos países da UE encontram-se em funcionamento, há já muito tempo, estruturas intermédias que coordenam a organização do sector dos transportes, com claro benefício para as populações locais. Com a Lei de Bases do Sistema de Transportes Terrestres (Lei nº 10/90) parecia que o nosso país iria acertar o passo em matéria de mobilidade. Pura ilusão.

Um breve recordar de todo o processo pode ajudar a entender melhor o papel que PS e PSD, cada um à sua maneira, têm tido de autênticas “forças do bloqueio”: só em Setembro de 2002, depois de cinco anos de governo PSD e outros cinco de governo PS, mais de doze anos após a Lei nº 10/90, é que foi aprovada uma autorização legislativa para que o governo de então cumprisse a sua obrigação, dando origem ao Decreto-Lei nº 268/2003 de 28 de Outubro. Mas este diploma do governo Durão Barroso / Paulo Portas durou pouco tempo. No ano seguinte, o governo dirigido por Santana Lopes e apoiado pelos mesmos PSD e CDS/PP quis, através do Decreto-Lei nº 232/2004 de 13 de Dezembro, um outro modelo para as autoridades metropolitanas de transportes: em vez de instituto público, uma entidade pública empresarial (EPE).

E as Autoridades Metropolitanas de Transportes continuaram metidas na gaveta. Finalmente, após 19 anos de incumprimento da Lei de Bases do Sistema de Transportes Terrestres, foi aprovado um novo regime jurídico das Autoridades Metropolitanas de Transportes de Lisboa (Lei nº 1/2009 de 5 de Janeiro). Às AMTransportes cabe coordenar os diversos operadores de transporte, promover o bom desempenho do transporte colectivo, elaborar um Plano de Deslocações Urbanas, etc etc.

Infelizmente, no seguimento das anteriores linhas de actuação, o governo do PS não resistiu à tentação de hegemonizar, através da representação maioritária da administração central, a estrutura de decisão das AMT’s. Enquanto que o Bloco de Esquerda apresentou um Projecto de Lei (nº 548/X) que, em oposição à visão centralizadora do PS, propunha uma representação maioritária dos municípios e uma participação das Assembleia Metropolitanas no órgão superior das AMT, o PSD e o CDS/PP não apresentaram quaisquer projectos de lei alternativos, o que só pode significar que estavam de acordo com o modelo governamentalizado proposto pelo PS para as AMTs. PS e PSD, na tentativa de criarem modelos de funcionamento que melhor servissem os seus interesses partidários, enterraram durante muitos anos a organização do sistema de transportes a nível metropolitano, subalternizando o interesse do país e a qualidade de vida de milhões de pessoas. É escandaloso que a AMTransportes do Porto continue por instalar. Rui Rio e o PSD não podem pôr os milhares de habitantes da AMPorto reféns dos seus interesses partidários.

20 anos de boicotes, é demais !
Deixem funcionar a Autoridade Metropolitana de Transportes do Porto!

José Machado de Castro
(membro da Assembleia Metropolitana do Porto)

De: Nuno Oliveira - "A Cultura da Precariedade II"

Submetido por taf em Quarta, 2010-05-19 23:58

Está acessível o relatório da ACT relativo ao despedimento ilegal dos trabalhadores de Serralves, já referido neste post. (via Precários Inflexíveis). Serralves é uma instituição de referência do Porto e do País e não tem agora qualquer desculpa para rectificar imediata e exemplarmente esta situação para que retenha a sua reputação. Usar o expediente de recorrer a empresas de trabalho temporário como modo de lavar as mãos do assunto é tudo menos uma saída digna.

Se em vez de demagogias populistas e redundantes que sugerem que trabalhadores que descontaram façam trabalho gratuito houvesse coragem política real e um desafio ao que é realmente politicamente correcto - que é não chatear o peixe graúdo - para propôr uma reforma da ACT e dar-lhe um "empurrão" na eficiência como se fez à ASAE, fiscalizando todas as grandes empresas e organismos do Estado (e a própria ACT!), era garantido que desapareciam centenas de milhares de casos deste tipo de "poupanças" em Recursos Humanos por parte de muitos empregadores, que competem assim injustamente contra os empresários que cumprem a lei e que levam a sério a sua própria estrutura laboral e profissionalismo.

A cultura da precariedade resulta da cultura da impunidade que a precede.
--
Nuno Oliveira

Este tema vem sendo aqui muito bem abordado! Sendo que não será assim tão linear, julgo, que o não pagamento de entradas em museus aporte mais gente. Alguém refere que no Reino Unido tal procedimento fez com que as mesmas pessoas fossem, com a gratuidade, mais vezes visitar o mesmo museu, e não novas pessoas. Penso ser uma realidade! Com direito a estar enganado. Não sei se o Museu Berardo é exemplo! Com direito a estar enganado.

E por outro lado, vender mais “coisas” dos museus e nos museus, não é a cultura individual do momento. Penso! Talvez em alturas de menos preocupações seja de entrar por esse esquema. Hoje de facto há que aproveitar quem é jovem e quem é velho na gratuidade de entradas. E há que saber aproveitar por exemplo aqui no Porto, o Non-Stop SERRALVES PRIMEIRO FIM DE SEMANA DE JUNHO! Entradas gratuitas, com espectáculos gratuitos!

Quanto a pessoas por exemplo a receber subsídios e até aos 55 anos irem ocupar alguns lugares de vigilância, limpeza, de museus. Porque não? A comparação com as SCUTs é até adequada, dado que já se vai ter de PAGAR para nelas circular, logo até o nome vai mudar, e agora deixar de receber pelas entradas em museus seria uma inoportunidade flagrante!

Augusto Küttner de Magalhães

Faria de Oliveira, presidente da CGD: "Temos de mudar radicalmente de vida. Temos de mudar a sério"; "não nos podemos resignar ao aparente crescimento lento que a desalavancagem acarreta".

Alavancagem: In finance, leverage refers to the use of debt to supplement investment.

Boletim estatístico de Abril de 2010 do Banco de Portugal, quadro B.4.4. - EMPRÉSTIMOS DE OUTRAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MONETÁRIAS A SOCIEDADES NÃO FINANCEIRAS E PARTICULARES, Por distrito / região autónoma - Saldos em fim de ano de 2009:

  • Dívida do Distrito de Lisboa: 109 317 milhões de euros
  • Dívida total do Continente e Ilhas: 255 773 milhões de euros

O distrito de Lisboa representa 42% da dívida privada nacional.
«Portugal está muito alavancado». Deveria ler-se «Lisboa está muito alavancada».

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José Silva - Norteamos

Relativamente à notícia do Público de hoje – “E se os museus do Estado tivessem entrada gratuita” -, apenas sugiro o seu complemento com a integração em políticas de inclusão social, e que, à semelhança da praticado em alguns museus públicos europeus, se enquadre a colaboração de idosos na vigilância e na apresentação desses mesmos espaços. Deste modo, a Sra. Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, até pode ir buscar parte do orçamento que procura para o seu projecto a políticas de Coesão Social. É só transferir verbas de um Ministério para o outro, com ganhos para a felicidade pessoal de pessoas que tanto precisam deste tipo de medidas de apoio e de inclusão.

O nosso problema decorre da concentração regional e sectorial das coisas. Transferimos o dinheiro todo, impostos, taxas e depósitos, para o mesmo local do país e depois sempre com o mesmo destino, as grandes empresas que operam em mercados pouco concorrenciais, oligopolistas. Porque não passar a dar pouco dinheiro a muitos, neste caso, não o retendo ou taxando, do que muito a poucos, via Parcerias Público-Privadas, como sempre se tem feito? Fazer algo diferente, antes da chegada do FMI a Portugal, que está para muito breve. Pode ser que proponham a regionalização como um dos meios para a correcção do problema de competitividade estrutural do país… Olhar para o deficit público é ter vistas curtas, o problema do país é de longo prazo e está visível é no deficit externo.

Já a referência que Serralves faz a cada seu visitante lhe custar 25 euros, para os quais não sei se estão descontados os apoios públicos à sua programação, e pelos quais solicita a cada visitante o pagamento 5 euros, me faz lembrar a questão das SCUTs. O que aconteceria se o Estado deixasse de financiar parte da programação destes museus não públicos e os deixasse dependentes das receitas de mercado, mesmo que garantindo uma parte desse mesmo bolo de proveitos, que é o que pretende fazer neste novo sistema a implementar, em que os concessionários mantêm as receitas, agora vinda de dois lados, taxas de um lado, impostos pelo outro? Quanto se teria de pagar à entrada dos museus, que afluência de público teriam, que actividades culturais, agora consideradas indústrias criativas, seriam de facto sustentadamente lançadas ao mercado - desde que não pré- assegure, como está a fazer aos concessionários das SCUTs, essas mesmas receitas totais pré mudança do sistema.

É que, com o pagamento de portagens, num momento em que o problema crítico do país é sobretudo o deficit externo, das contas com o exterior, do que propriamente o público – que decorre mais do primeiro – estamos a retirar competitividade ao país e ao seu relacionamento com o exterior, neste caso a Galiza, visível no cluster automóvel e de componentes - da Corunha a Aveiro - e no reequacionamento do investimento da IKEA. Coisas concretas. Chamo a atenção para um “paper” que a Administração Obama recentemente lançou a público, a propósito de deduções fiscais a suportar as contribuições que as pequenas empresas terão de fazer para o novo sistema de saúde. Barack Obama não tem problemas em falar no exemplo da pequena empresa que conheceu em New Jersey, no último Verão, e dos problemas que sofria. Porque é das realidades que se vive, não de ficções académicas muito ricas de argumentos e de conteúdos teóricos que a nossa brigada de especialistas nacional prefere usar, com os resultados que temos. Já agora, não tenham medo de escrever, sugerir, propor, a probabilidade de ser melhor para todos nós é muito grande. É que cluster automóvel não é só a Auto-Europa. Há mais no país, de muitas pequenas empresas, na Euroregião Galiza Norte de Portugal. Como as SCUTs não são só a Norte, o IC 19 o que é? Não seria mais fácil taxar ali, na região mais rica do país? E o evento automóvel que ameaça ser transferido do Estádio do Dragão no Porto, que o Turismo de Portugal considera não ter impacto nacional para apoiar, para o Aeródromo de Portimão? É por causa deste bom calor que já só vêem Lisboa e o Algarve?

José Ferraz Alves
nortesim.org

Ao cuidado:

  • dos promotores imobiliários ou dos que fornecem construção civil contra crédito bancário;
  • das autarquias endividadas do Porto e de Gaia;
  • dos proponentes de obras públicas baseadas em crédito;
  • dos que tem poupanças bancárias;
  • dos que me acham pessimista.

"O dia em que batermos na parede não está muito longe. Talvez por semanas. Lamento, mas o país tem de saber."

A frase foi dita hoje por Fernando Ulrich, CEO do BPI.

José Silva

De: TAF - "Alguns apontadores e sugestões"

Submetido por taf em Terça, 2010-05-18 23:37

- Câmara do Porto e APEL não se entendem quanto à localização da Feira do Livro
- Rio indica vereador do Urbanismo para o substituir na administração da Metro do Porto
- Porto Lazer lançou concurso para encontrar organizador do Circuito da Boavista em 2011
- Mais de um quarto das comarcas do distrito judicial do Porto não têm procurador
- Gaia: lontras estão de regresso ao rio Febros

Duas sugestões de Rui Rodrigues:
- Já está no YouTube: TGV no Pinhal Novo - Como poupar 2 mil milhões
- As ligações ferroviárias ibéricas ao resto da Europa - "A Espanha está a construir uma nova rede ferroviária de bitola (distância entre carris) europeia que vai permitir o transporte directo dos contentores para a Europa. 75% da nova rede será constituída por vias mistas para mercadorias e passageiros e os restantes 25% será exclusiva para passageiros. O diagrama da futura rede de bitola europeia, onde estão representadas a azul as vias mistas para mercadorias e passageiros e a vermelho as vias exclusivas de passageiros, pode ser visualizado através do site do Ministério de Fomento Espanhol (mapa da rede espanhola)."

Outras duas de José Macedo do Couto: "Dois pequenos filmes caseiros, que realizei, sobre o Desfile de Carros Eléctricos, realizado no Porto - Sábado, 15 de Maio. Como se pode verificar, o vento forte que se fez sentir também serve para compor a bonita paisagem, pelo que decidi mantê-lo."
- Desfile de Carros Eléctricos (1)
- Desfile de Carros Eléctricos (2)

De: Vítor Silva - "O Porto em Conversa - Maio 2010"

Submetido por taf em Terça, 2010-05-18 01:22

A mais recente entrevista do Porto em Conversa foi com o jornalista Alexandre Gamela e o tema foi o jornalismo digital, nomeadamente o seu contexto e os desafios que apresenta. Na primeira parte falámos do glamour do jornalismo, da gestão de comunidades virtuais e da realidade portuguesa do jornalismo digital e na segunda parte desta detalhámos principalmente a experiência do site que acompanhou a tragédia da Madeira, porque teve tanto sucesso e como evoluiu.

Tratando-se de uma entrevista sobre jornalismo digital achei curiosa a afirmação dele referindo que apesar de toda a tecnologia "nós só sabemos o que se passa no mundo em que vivemos ao andar na rua e olharmos para as pessoas que vivem nele e falar com elas directamente". Mesmo assim, isso não quer dizer que não se deve usar a tecnologia ou que só se deve usar a tecnologia, acima de tudo, refere, "a tecnologia permite-nos repensar como construímos o produto [notícia]." "Como temos interactividade, comunidade, redistribuição de conteúdos, multimédia é preciso criar um produto jornalístico que tenha em conta todos esses factores e que mantenha/aumente o seu valor central informativo".

Espero que gostem.
Para quem quiser ir acompanhando as novidades do Porto em Conversa, para além do blog têm também a página do Facebook.
--
blog.osmeusapontamentos.com

Depois de a Comissão Europeia ter respondido à queixa da JMP sobre o desvio de verbas do QREN, confirmando que a mesma teve efectivamente lugar, mas ao abrigo de uma excepção permitida, eis que surgem novas notícias, de que este Governo tenciona desviar as verbas destinadas ao financiamento TGV Porto-Vigo para a 3ª travessia do Tejo.

Ora bem, talvez devêssemos, nós, o elo mais fraco, remeter à CE um manualzinho sobre a teoria das restrições, aplicado ao nosso país. Em linguagem simples e básica, explicar que a JMP tem razão, que o desvio de verbas preconizado não melhora o sistema, antes reforça elos que já são 20% superiores àqueles que quebram continuamente, e que provavelmente se vão romper em definitivo por não suportarem tanta força de um só lado da corrente, e que o efeito será a falência total do país. Enfim, tentar despertar a CE para o facto de o Governo português, ao considerar a JMP um organismo bacoco, provinciano, sem poder, sem projectos definidos, está a reconhecer exactamente onde é necessário intervir. Retirando verbas aos que mais necessitam de equilíbrio, está obviamente a exercer força no sentido contrário, a quebrar o sistema.

Se não dependesse o Norte e Portugal tanto como depende do sistema político, isto dava para milhares de anedotas de economia, embora nos últimos tempos também fosse um mercado saturado.

Cristina Santos

De: Augusto Küttner de Magalhães - "Feira do Livro no Porto 2010"

Submetido por taf em Segunda, 2010-05-17 23:46

Não consegui entender quais os motivos que levaram a Feira do Livro a não ser na Avenida dos Aliados este ano, mas agrada-me que seja na Rotunda da Boavista. Acho um espaço muito mais agradável, com bastante verde em volta, com melhores acessos, e com árvores!

Entende-se ou não que não foi na Avenida dos Aliados porque veio o Papa a 14 de Maio, depois porque vai haver um Road Show a 23 de Maio, depois porque a de Lisboa - Feira do Livro - vai ter de acabar mais tarde e vêm as barracas de lá para cá! Quando houve anos em que ambas eram feitas em simultâneo, como aconteceria? Com as barracas? Mas o espaço da Boavista, da Rotunda, é mais convidativo, é mais agradável, é mais humano! Sejam quais forem os motivos que fique sempre por lá!

Augusto Küttner de Magalhães

De: Paulo Pereira - "Movimento Norte Sim - Debate SCUTs"

Submetido por taf em Segunda, 2010-05-17 23:45

Já está acordado o local do Debate SCUTs", na próxima 3ªF, às 21h00.
Será no Maus Hábitos - Rua Passos Manuel 178, 4º - 4000-382 Porto (em frente ao Coliseu)

Paulo Pereira
www.nortesim.org

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Domingo, 2010-05-16 23:57