De: Tiago Cortez - "O Porto precisa de se afirmar!"

Submetido por taf em Segunda, 2006-10-09 11:19

Venho lançar um tema que provavelmente irá chocar algumas mentes menos abertas.

A questão, são antes duas:

- Partindo do princípio que a cidade real já é constituída pelos municípios do Porto, Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar, considero que a essa cidade (que terá talvez mais de um milhão de habitantes) deveria ter um modelo parecido ao de Paris em certos aspectos: o centro de maior vida cultural, comercial de produtos "especiais" que não sejam encontrados em qualquer centro comercial, e político-administrativo, deveria ser a zona abrangida pela baixa do Porto e o centro de Gaia, aproximadamente na zona delimitada pela VCI.

- Admitindo a AMP segundo os dados fornecidos por F. Rocha Antunes, a área metropolitana de 2.400.000 habitantes e a cidade de 1.000.000, deveria ter um local onde concentrar serviços e sedes empresariais, escritórios, etc. A área, na minha opinião, deveria ser a faixa menos urbanizada entre Leças (as duas) e Ermesinde, essa zona seria o correspondente portuense a "La Defense", sendo uma zona de frente urbana, não suburbanizada (o desenvolvimento urbano dar-se por suburbanização é o maior de todos os problemas do Porto a nível urbanístico). A zona teria de ter uma densidade muito mais elevada que a do resto da cidade de forma a não afastar as pessoas da malha urbana (com todas as vantagens que se podem tirar da situação), e aí poderiam surgir os primeiros verdadeiros arranha-céus do Porto (de 40 andares para cima; esta questão já se debate seriamente em Lisboa havendo propostas sérias e diversos artigos a discutir o assunto)*. Nessa zona de consolidação urbana as ruas e avenidas seriam largas, e deveriam ser criadas novas avenidas que formassem uma ligação mais sólida à demais cidade. Sendo essa área densa e ordenada, perderia as ainda observáveis características rurais e de subúrbio, e ganharia parques, novas oportunidades de negócio, uma melhor qualidade de vida (o trânsito por exemplo seria melhor distribuído pela cidade, e devido à densificação as pessoas teriam de percorrer menos tempo para chegar ao emprego), as condutas subterrâneas teriam mais facilidade de servir toda a população pois esta já não estaria tão dispersa (neste capítulo poupava-se muito dinheiro e o serviço ficava bem mais eficaz).

* Aconselho a pesquisa dos projectos para a Margueira em Almada; vejam os projectos de Graça Dias e de Pioz, e por fim o de Richard Rogers!

Esta cidade teria já capacidade para captar população da restante área metropolitana (a tal com 2.400.000), ganhando uma dimensão bastante apreciável e provavelmente bastante atractiva para investidores estrangeiros e nacionais, e quiçá tornando o Porto uma verdadeira alternativa a Lisboa, formando verdadeiramente um país bipolarizado (embora eu pense que outras cidades portuguesas deveriam também ter margem de manifestação), e tornando o Porto também a base de instalação de empresas que tenham como alvo o noroeste peninsular (o Porto seria como a capital de um "país" de 7/8 milhões de habitantes (como a Catalunha); e acabando de vez com a imagem de cidadezita de província de 225.000 habitantes, onde a par com prédios existem hortas, em vez de parques, uma cidade pouco atractiva, etc. (uns primos meus de Valência - terceira cidade espanhola: 700.000 hab. / 1.500.000 na área metropolitana - referiram que o Porto era uma pequena cidade como Valladolid).

Isto é uma solução possível a meu ver para resolver alguns problemas do Porto, gostaria de ler opiniões acerca dela, e só a dei porque vejo que o Porto vive como se fosse o que não é, puxando-se a si mesmo para trás, tentando ter o menos visibilidade possível em vez de fazer o oposto, fazendo com que apareçam comentários de galegos a dizer que Vigo tem mais que condições de ser a capital do Noroeste, embora tenham um peso demográfico 6 vezes menor (área de Vigo - 400.000 hab.; área do Porto-2.400.000).

Os meus cumprimentos e bem hajam!
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Nota de TAF: a pergunta que eu faço é - por que razão havemos de apostar em construção nova, quando há tanta a necessitar urgentemente de reabilitação?