De: Pedro Figueiredo - "Alvos de ajustamento"

Submetido por taf em Quinta, 2013-02-07 00:10

Aqui - Câmara do Porto ordena 17 despejos em Campanhã e aqui - Idosas vão para a rua por não terem respondido a inquérito.

“Ilda Cabral fez 70 anos e Maria Teixeira tem 80. Vivem em casas sociais há mais de 20 anos e têm a renda em dia. Ambas receberam ordens de despejo por não terem respondido ao inquérito da Câmara. (…) O pesadelo inimaginável para Ilda tornou-se real na terça-feira: ficou sem casa aos 70 anos. A Polícia entrou na habitação no Bairro do Cerco (Porto) e disse-lhe que ela e a neta de 17 anos, Mariana, tinham de sair. (…)”

1º pensamento: Toda a gente faz enganos. É normal. Podia ter acontecido a qualquer um. A Câmara do Porto é uma pessoa de bem, corrigirá e pedirá desculpas pelo engano, certamente.

2º pensamento: A Câmara do Porto tem experiência de 11 anos em despejar e maltratar os mais pobres e fragilizados da população desta cidade e portanto “está tudo bem” “as senhoras não entregaram os papéis, a lei (não) é para cumprir porque este despejo é ilegal de todo, mesmo (e sobretudo) que as senhoras tivessem entregue os tais papéis…”

3º pensamento: A CMP, além de ter experiência em despejar e maltratar os mais pobres e fragilizados da população desta cidade, anda com as portas abertas de par em par com os mais ricos e poderosos da mesma cidade: a facilidade com que demole uma torre no Aleixo, despejando as pessoas para entregar os terrenos de mão beijada a especuladores imobiliários. A facilidade com que a CMP entrega um edifício património classificado para a destruição do seu interior classificado, despejando as vendedoras que passaram humilhante e indignamente a subsistir de mini-vendas (em garagens) semi-clandestinas nos arredores do mercado, quando o seu lugar era no mercado oficial. A facilidade e a violência com que despeja o projecto social do Espaço Colectivo Autogestionado da Escola da Fontinha para o substituir por “supostos gabinetes”…

4º e último pensamento: A CMP, para além de ser convicta na violência de classe exercida contra as classes mais baixas, julga-se escudada pelo governo central.

A “lembrar”: o governo faz de uma suposta “lei de rendas” uma “lei de despejos”. Verão muitíssimo em breve quantas e quantos velhinhos e velhinhas indefesas estão e estarão a ser ameaçados de despejo com esta lei que não promove arrendamento nenhum. Veremos toda a gratuídade e desumanidade para “libertar edifícios” sem promover o tal arrendamento (sequer) porque os preços de arrendamento novo que o mercado “exige” não podem ser pagos por populações brutalmente empobrecidas, sobretudo nestes últimos 4 anos. (…Lembram-se? Nós, Portugueses, estamos pobres :-) ) O que a CMP está a fazer (despejos ilegais, é isto que se chama) é estar a dar o exemplo aos privados das práticas autoritárias que se avizinham. Um “clássico” que exige toda a luta e resistência!