De: José Ferraz Alves - "O combate à pobreza"

Submetido por taf em Segunda, 2012-12-03 13:30

Por tanto repetido, qualquer dia convencem-nos mesmo que vivíamos de forma inconsciente e acima das nossas possibilidades. E esquecemo-nos dos milhões no BPN, que ainda vive sobre garantia de todos nós. Das obras públicas, dos activos privatizados para monopólios privados. Das consultorias e assessorias dos amigos advogados, engenheiros, economistas e arquitectos. Atiram para a nossa culpa a resolução destes problemas: "… há pessoal mais novo, que adquiriu casa e carro com um certo rendimento, que acabou por perder nos últimos anos" - Associação Sindical dos Funcionários da Investigação Criminal.

Para quando a capitalização das pessoas? Depois de tanta reestruturação de Estado, da Banca, finalmente pensa-se nas empresas. Mas ainda não se pensou nas pessoas. Pelo contrário, atacam-se. Mas são as pessoas o patamar decisivo, que alimenta os outros, como clientes das empresas e pagadores dos impostos do Estado. Como o fazer?

Um caminho é o recurso aos 7,5 mil milhões da ajuda à Banca, que não foi usado por esta. Não para o Banco de Fomento, mas para o Banco Social, reduzindo estas prestações mensais e aumentando a possibilidade de cumprimento. Repito, "um pessoa com rendimento mensal líquido de 900 euros e dívida acumulada de 9 mil euros pagava 450 euros por mês. Ficava com 550 euros. Todos os meses aumenta o endividamento na medida do que pagava. Há anos. Foi substituída por uma operação Euribor mais 10% (nenhum favor), ficando a pagar 140 euros por mês". O credor recebeu o seu dinheiro, o novo Banco está a ganhar 10%, a pessoa aumentou o seu rendimento líquido em mais de 300 euros. Consome, contribui para que haja emprego. Todos ganharam. O IVA associado são 300 x 23% x 12 meses = 828 euros para o Estado. Já pensaram que 7,5 mil milhões de euros abrangeriam 800 mil famílias, quase 3 mil milhões de euros de rendimento líquido acrescido por ano, 700 milhões de euros de IVA para o Estado?

E o dinheiro está parado. Isto é desesperante. Quando não é possível aumentar salários, a tal perda de competitividade (muito discutível), reduzam-se as despesas dos monopólios e interesses instalados, a bem de todos, até destes. Que sociedade cega.