De: Pedro Figueiredo - "O populismo que interessa"

Submetido por taf em Sábado, 2012-08-18 23:02

Em 1975
(foto do 1º de Maio de 1975 frente à Câmara do Porto, Fotolândia, Facebook)

“Face à maior crise internacional dos últimos anos, o ministro da economia fala-nos em pastéis de nata…” (Catarina Martins, actriz e deputada pelo BE)

Menezes, face à maior crise internacional e que se abateu (localmente) por cima de Porto e Gaia, ambos com altíssimos níveis de desemprego propõe-nos “pontes e túneis”… Como se sabe, pontes e túneis empregam (muito temporariamente) alguns projectistas e operários. Nada mais. Gaia tem uma percentagem de desemprego ainda maior que o Porto e é obrigação da autarquia meter no saco as “obras faraónicas” e activar todas as medidas económicas sociais para resolver a atenuar os dramas sociais. Face à crise que se vive na Fábrica de Valadares, o Estado (também local) tem o dever de actuar. Mas actuou? Não, Menezes não actuou o suficiente para resolver a crise da maior fábrica cerâmica de Gaia. Mas em contrapartida promete “pontes e túneis” aos cidadãos do Porto, igualmente desempregados e subempregados… Ficamos “contentes”. Mas é só.

O seu vice-presidente Marco António Costa e Secretário de Estado da Segurança Social está sim a “actuar”: está a pôr em prática, muito populistamente, a ideia magnífica de tornar o RSI dependente de a pessoa fazer “trabalho voluntário obrigatório”… Ideia esta logo apropriada pelo ditador ainda em funções aqui no Porto, contratando trabalhadores para a CMP a preço RSI… a troco não de um salário (como numa “civilização”), mas a troco de um direito de subsistência que já tinham mesmo sem esse trabalho… (o chamado RSI, um direito de subsistência mínimo). Se uma entidade “precisa” cria um posto fixo. Se uma entidade “precisa”, arranja “meios para pagar”. Se há trabalho, há uma mais-valia, logo esta terá de ser para o trabalhador… Mas não, mas não. Há neste caso um aproveitamento em pôr pessoas a trabalhar a salário zero, como se fossem disponíveis para tudo o que a entidade patronal quisesse. Sobretudo não, Sobretudo nunca por 180 euros, que nem dá para a sopa ou o quarto ao mês! O Estado dá este exemplo agora aos privados: “Vejam e explorem assim”.

É isto o PSD, dê por onde der, troque-se as voltas, os nomes, as personalidades, vai sempre dar a mais desigualdade e exploração, seja a montante ou a jusante do rio Douro. As pontes da era Sócrates a pagar no futuro são más, mas já são boas se forem as da era Menezes? Em política fazemos escolhas. Escolhemos castigar uma classe social em vez de outra. Escolhemos aplicar o dinheiro em pontes em vez do Bolhão. É isso a política. Escolher. Por isso Rio escolheu reabilitar as fachadas de todos os bairros sociais menos o Aleixo. Para o Aleixo escolheu outra política. Também escolheu que o dinheiro para reabilitar o Bolhão viria da Privatização das águas… De forma a justificar que, não conseguindo a tal privatização, o Bolhão não teria dinheiro para ser reabilitado... (O que é que tem a ver "alhos com bugalhos?”… Sim, Menezes e Rio foram eleitos e por isso – só por isso - podem fazer “o que quiserem” segundo a novíssima teoria da democracia total, agora actualizada pelo PSD.)

(E no entanto, a ponte do Alexandre Burmester é bestial. É mesmo. É interessante, bem desenhada e implantada, com uma curvatura expressiva… Só que não estou aqui a falar de Arquitectura. Antes fosse.)