De: José Sousa - "A negociata do Aleixo"

Submetido por taf em Sábado, 2012-05-19 23:18

Pois é... não há dinheiro! A crise tem destas coisas, destes finais felizes (esperemos). Sem resgate, os BPN's deste país continuariam a financiar estes esquemas fraudulentos que o Povo português engole satisfeito com o acompanhamento do costume: a droga, a marginalidade, os rendimentos mínimos, a corja que merece o calabouço, a deportação, etc., etc.. Mas os verdadeiros criminosos esses andam por aí de colarinho branco... Ainda segundo a notícia do JN (versão papel), a autarquia apreçou-se em corrigir a fonte da notícia - uma jurista da sociedade Abreu Advogados que montou o negócio - dizendo que as participações no fundo mudaram de mãos e o principal investidor, o sr. Vitor Raposo, deixou de subscrever os 60% do Fundo, passando agora a ESPART a ter a posição dominante com cerca de 58%. Entretanto, os amigos defendem que o negócio é importante demais e que não se pode perder, pelo que a Câmara Municipal do Porto deve assegurar o negócio injetando o dinheiro que falta. Assim defendeu o prestigiado advogado portuense Lobo Xavier. Há no entanto outras questões por responder:

  • 1) O sr. Vitor Raposo já não detem 60% do Fundo, mas segundo o JN já investiu 2 milhões de euros. Onde foi este senhor buscar o dinheiro? Quem o financiou? Tem fortuna pessoal que sustente tamanho investimento? Relembro aos mais esquecidos que este senhor, em 2007, apresentou ao Fisco rendimentos de 34.128 euros! Em 2008, 31.307 euros! Uma das suas empresas, a DULIVIRA tinha, em 2008, quase 10 milhões de euros de dívidas a terceiros! E um saldo liquido que acumulava prejuízos nos três anos anteriores, desde 2006, respectivamente 275 mil, 181 mil e outros 181 mil. No entanto, essa mesma empresa adquiriu, em 2005, terrenos com forte potencial urbanístico em Gaia. 15 hectares de frente para o mar o que envolveu 28 milhões, prevendo o contrato a cedência da posição da empresa DULVIRA a um fundo imobiliário (semelhante ao do Aleixo, semelhante aos dos terrenos para o IPO em Oeiras) gerido pela GESFIMO, a mesma gestora que surge associada ao negocio do Aleixo. Mais não sabemos sobre os rendimentos atuais do sr. Vitor Raposo, mas provavelmente terá ganho o EUROMILHÕES!
  • 2) O Fundo de Investimento Imobiliário do Aleixo foi constituído ao abrigo de disposições legais que prevêem a requalificação urbana. Onde está, como prevê o contrato, a reabilitação dos quarteirões da Baixa?
  • 3) O mesmo fundo prevê a construção de habitação nova para os moradores do Aleixo. Onde está a ser construída?
  • 4) O mesmo fundo prevê, por último, um leque abrangente de isenções fiscais em sede de IVA, IRC, IMI, IMT! Vai o Ministério das Finanças, num quadro de resgate financeiro, que por exemplo acabou com as isenções de IMI, permitir que estes malandros encham os bolsos à custa de todos?

Enfim, pobre país o nosso! Pobre gente a nossa que se deixa enganar com tamanha facilidade. Bem sei que muitos serão os que virão contrapor com os problemas do Aleixo que merecem um fim. Também concordo! Mas nunca este, pois a principal prejudicada será a cidade do Porto! A cidade dá de barato um terreno valiosíssimo e transfere o problema da droga para a Pasteleira Nova, para o Pinheiro Torres, bairros aqui ao lado! Sempre que me debruço sobre este assunto lembro-me das palavras lapidares de Paulo Morais (aquele que escreveu uma carta aos moradores do Aleixo comprometendo-se que não haveria demolições no Aleixo e que nada seria feito contra a sua vontade!) escritas em artigo de opinião do JN: 'agora se troca o tráfico de droga pelo tráfico dos terrenos'!