De: José Ferraz Alves - "O Teatro no Porto"

Submetido por taf em Quarta, 2012-02-01 14:55

Há uns meses estive presente numa acção promovida pela JS dedicada ao tema da cultura e lá propus que se refletisse sobre a Secretaria de Estado da Cultura se integrar na da Educação. Claro que recebi um ruído de desaprovação da assistência, que culminou em palavras de um responsável por Serralves afirmando que assim é que a Cultura passaria ao esquecimento. Já seriam tão poucos os apoios, era preciso um Super-Ministério?

Podem crer que estou farto de ver este país a caminhar pelo abismo e sempre com os mesmos ilustres e arrogantes responsáveis a acharem-se no direito de opinar, sem quaisquer responsabilidades pelo tempo em que vivemos e pelo que outros menos ilustres pensam. E de ver o povo a ter o que merece, dado que continua a dar ouvidos a quem é conhecido, passa pela TV, aparece nas revistas, escreve nos jornais… Estou mesmo à espera de ver o Porto Canal procurar novamente quem é “habitué” para os seus quadros de opinadores, porque só esses puxam audiências e nada a mudar. Também já reparei que até um “ilustre” cronista de Agendas disto e daquilo, vir agora escrever que são precisos actores de mudança para o capital de risco, quem sabe, com ele a Presidente. E os jornais publicam-nos! Já deixei de comprar alguns desses jornais. Agora até o Sr. Primeiro-Ministro vem pedir, e bem, ideias para o desenvolvimento do País, o que acho bem, dado que até considero que se esforça, mas nunca conseguirá sair de um bloqueio perpetuado pelos arrogantes do costume. Também conheço uma Instituição Privada que pede inovações e depois a sua Comissão Executiva delibera proibir que se enviem emails directos sem passar por uma hierarquia que as mata logo. Volto a reforçar o que disse. A Cultura tem de se integrada na Educação e, tal como a Suécia faz, o dinheiro poupado nos responsáveis e suas mordomias de importância aplicados em projectos de rua, de sala, de formação, de teatro.

Serve também este meu comentário para agradecer a um excelente Teatro do Porto, a Palmilha Dentada e ao magnífico trabalho que apresentam na bonita e eficiente sala do Teatro Helena Sá e Costa. O Porto sabe onde é? Tal como já apreciei o Teatro das Marionetas ou o Teatro de Plástico. Mas porque é que tão poucas pessoas aderem a este brilhante trabalho e excelentes actores e encenadores? O texto do “Dimas e Gestas” é bacano, é o maior, é patrício… Os bilhetes a 5 euros, os actores inteligentes e muito dedicados e qualificados. Faço um apelo a que vamos todos assistir a estas peças. Garanto que me diverti e aprendi mais do que em qualquer dos filmes propostos para Óscar! Porque aprendemos muito e não estamos a fazer um favor a ninguém. Por isso advogo a integração do teatro e da música no curriculum das escolas, para que as salas estejam mais cheias de espectadores e de actores. Para que estes artistas tenham formas de sobrevivência financeira mais segura. E para se formarem competências para a inovação e o empreendedorismo, que só a arte da cultura nos dá.

Fica aqui o apelo à melhor Vereadora que temos na Câmara do Porto, a Prof.ª Guilhermina Rego, que gostei de ver presente nas Quintas de Leitura do Valter Hugo Mãe, para que se pense no teatro como educação e que se ajude a promover também estas peças, que não sendo realizadas no espaço público da Câmara, merecem igualmente o apoio que se possa dar. Para que finalmente o Porto inverta para seguir o exemplo de Praga, como cidade monumental, da arte, da criatividade, da alegria, do futuro. Afinal somos uma das melhores cidades do mundo.

José Ferraz Alves