De: Alexandre Burmester - "Assalto colectivo"

Submetido por taf em Quarta, 2012-01-25 17:06

Assiste-se actualmente a uma forma de gestão do bem comum que mais se assemelha a um assalto por parte das entidades públicas à propriedade de todos. Quer seja ao nível do governo que em tudo nos priva, regula e nos obriga, como à forma de gestão dos espaços públicos por parte das autarquias. Por vivermos em crise as entidades públicas inventam formas de regular e de fiscalizar em excesso de modo a taxar cada vez mais os cidadãos que, por via da dita crise, vivem cada vez mais esfolados. (Vinha noticiado há dias que só a polícia, nas suas acções de paparazzi, encaixa no erário público 225.000€ por dia.)

Assim estamos condenados a viver com um excesso de regras que nos deixa confusos com tanta legislação, com tantas entidades a regular e a consultar, o que no final nos deixa sempre com esta sensação de ilegalidade. Como se não bastasse, ainda somos assolados pela atitude parola dos nossos políticos, que com a preocupação de serem correctos e de serem modernos inventam assuntos para legislar. Para justificar estas enormidades de regras, nada melhor que encomendar estudos aos cientistas e brilhantes investigadores e professores que pululam pelas universidades (e governo), que muito sabem das matérias e pouco sabem da vida prática e funcional do dia a dia. Neste momento, com base em “estudos rigorosos”, pretende-se proibir o acesso a algumas praias do Algarve (as mais bonitas e turísticas), porque as falésias podem cair-nos na cabeça; proibir de fumar dentro e fora dos restaurantes porque faz mal (e as comidas gordurosas e as bebidas alcoólicas, virão a seguir?); retirar os típicos grelhadores da cidade de Matosinhos porque fazem fumo; impor uma taxa aos telemóveis e aos discos rígidos porque podem conter material com direitos; e por ai fora vai sem parar...

No Porto inventa-se esta ideia de privatizar o espaço público para colocação de parcómetros pela cidade toda, mas se ninguém lhes pediu tamanha imaginação, quem é que os autorizou a isto? Lá porque se tem o dever e o direito de gerir o que é comum, retira-se, privatiza-se e cobra-se? O principio de utilizador/pagador um dia destes é extensivo ao ar que respiramos, por isso não tardará a ser objecto de taxação e de uma regulação de forma. O Povo é mesmo ordeiro e manso. Fosse mais consciente e interveniente, reclamaria, entupiria os tribunais com multas e incumprimentos, optando pela desobediência civil. É urgente dar um “basta” a esta atitude de assalto colectivo.

Alexandre Burmester