De: Pedro Figueiredo - "10 anos é muito tempo!"

Submetido por taf em Quarta, 2012-01-11 14:48

a) 10 anos de "Rui Rio"?... Fui descobrindo ao longo deste tempo que quanto mais se funaliza a política, menos esta é "política" e menos colectivas são as responsabilidades... Portanto, mais rigoroso é dizermos: "10 anos de PSD no Porto"... Assim, co-responsabilizo todos os cidadãos que (aparentemente) discordam de Rui Rio, ou de muitas coisas que Rui Rio foi fazendo mas, irresponsavelmente votaram nele ("no PSD") e que se preparam para voltar a votar no PSD, noutro candidato laranja que faria (de facto) exactamente uma política de continuidade com as de Rui Rio... Voltar a votar no PSD é concordar com as coisas que aparentemente não se concordaria, lá por (aparentemente) se ser de outra facção... É mais importante "as políticas". É em "políticas" que se vota e não exactamente em "fulanos" ou em facções".

b) Por causa de ser cidadão, ser arquitecto e gostar muito desta cidade, fui-me envolvendo em "coisas" contra as políticas do PSD para esta cidade. ("Rui Rio", diriam alguns, votando de seguida novamente no PSD...). Assim, participei nos Movimentos que se formaram para contestar a entrega dos magníficos edifícios do Mercado do Bolhão e do Bom Sucesso à especulação imobiliária, a entrega à "má" arquitectura "comercial", a entrega de património público a lucros privados e o despejo de cidadãos portuenses ("pequenos" - mas afinal grandes - comerciantes) sem respeito pelas pessoas, pela ética e pela democracia.

c) Ainda há dias publiquei um post neste blogue sobre os arquitectos modernistas Arménio Losa e Cassiano Barbosa. Porque é que é tão importante divulgar-se a Arquitectura Modernista? Tão importante quanto a Arquitectura dos séc.s XVIII e XIX através da "reabilitação urbana"! Porque é este o "património que se segue...". Em Portugal, temos coisas muito valiosas e não cuidamos destas (o carro, a casa...), ignorando aparentemente a suprema irreversibilidade que a "marcha do tempo" exerce sobre as coisas... Lapidar, o tempo faz com que tudo e todos caminhemos para "a morte" e a degradação, sem fazermos nada para isso... É tão importante e belo o modernismo do mercado do Bom Sucesso ou do Cinema Batalha. Urge agora recuperar do armário as várias camadas que se vão degradando. O séc. XVIII, o XIX, o XX, etc... O tempo não perdoa.

d) E por falar em "não lhe mexas que está melhor assim"... Coisas incríveis fui vendo e ouvindo nestes 10 anos de PSD no Porto, por exemplo:

  • 1 - "Rui Rio é melhor que Fernando Gomes, ao menos este não faz nada, ... nem bem nem mal", ouvi de um cidadão anónimo. Dá que pensar se "não fazer nada" é afinal fazer alguma coisa, sobretudo "deixar degradar, acelerando afinal a degradação do tempo".
  • 2 - "Quando ouço falar em cultura saco logo da máquina de calcular". Dá que pensar: O PSD/Porto vanguarda do PSD/governo ao colocar a cultura um grau abaixo, passando a irrelevante para os cidadãos e para a economia, apesar de estudos mundiais que provam o contrário: "Através de políticas a cultura pode vir a ser um factor económico não desprezível e com peso considerável no PIB dos países e das cidades" ("criativas", lá está...). Pagaremos num futuro próximo a incultura dos cidadãos, neste neo-salazarismo que nos desgoverna.
  • 3 - "A Câmara do Porto tem capacidade de endividamento". Que é como quem diz. A CMP tem uma dívida baixa. Dá que pensar: "E o que é que fazemos com uma dívida tão baixa, paga afinal... à custa de não haver políticas urbanas, sociais, económicas, etc...?" Uma vez mais, o neo-salazarismo no seu pior. Temos a dívida "paga" tal como Salazar, o forreta, tinha um Portugal fechado e "não devia nada a ninguém" (a não ser ao povo, claro,... à custa da repressão e do isolamento internacional, ... mas não temos futuro, pá! Não há Reabilitação Urbana a avançar e só se fala na emigração de arquitectos, nesta cidade de Álvaro Siza, quando há tanto trabalho a ser feito para reabilitarmos o Porto! Porreiro, pá? 10 anos é muito tempo. O "SD" do PSD quer dizer "Social Democrata" e não "Salazar-Demagógico", pá!