De: Pedro Figueiredo - "Da flexibilidade inflexível à inevitabilidade evitável vai um passo de anão"

Submetido por taf em Sexta, 2011-11-11 23:19

Rui Moreira disse em entrevista: Mas, para isso é necessário "que Estado se empenhe em criar condições para que essa reabilitação possa avançar". É preciso, nomeadamente, "que haja algum investimento público", defende.

Digo eu: é sempre bom ver finalmente a ala liberal admitir que o Estado pode ter um papel na economia. Neste caso, na reabilitação que não avança porque os privados, além de descapitalizados, sobretudo não têm flexibilidade mental para conseguir rentabilizar um investimento que não seja "construção nova"... O sistema que prega a flexibilidade não soube ser flexível em 30 anos de especulação inflexível.

Rui Moreira disse em entrevista: "Esperamos que a nova legislação saia para simplificar e agilizar os processos da reabilitação. Há tribunais com mais de 10 mil casos de pedidos de despejo por parte dos senhorios. Há uma série de garantias que têm de ser dadas para se colocarem apartamentos novos no mercado de arrendamento", observou.

Entre estas "condições", encontra-se a "facilitação" dos despejos.

Rui Moreira acredita que o mercado responderá positivamente à opção: "A percepção que temos do mercado imobiliário é de uma grande pressão no arrendamento. Perante as dificuldades de acesso ao crédito, as pessoas preferem pagar uma renda dentro de valores razoáveis, que será certamente o caso", disse.

Digo eu: pelo contrário. De certeza que não será este o caso - optimismo "infantil!" de Rui Moreira. De certeza que os valores de renda para ali serão igualmente exorbitantes, aposto o que quiserem... Afinal, há já imensas rendas a preços superiores a mensalidades bancárias, basta abrir o JN e verificar. O problema vai-se manter...

Rui Moreira disse em em entrevista: "Não encontraram comprador provavelmente pela forma que foi utilizada: a recepção de proposta em envelope fechado. Agora, a SRU decidiu colocá-los à venda no mercado. Tem havido alguma procura, mas ainda não apareceu nenhuma proposta concreta."

Digo eu e qualquer pessoa sensata: não será antes por causa do preço exorbitante? (Entre os 175 mil e os 310 mil euros.)

Da flexibilidade inflexível à inevitabilidade evitável vai um passo de anão ...porque o capitalismo imobiliário foi inflexível durante anos em insistir no paradigma novo - m2 - especulação - crédito ilimitado, e porque não quis o mesmo sistema nunca, criar alternativas de reabilitação - arrendamento (há 10 anos que se fala "que é preciso / que é preciso"). Entretanto, estamos perante um impasse, um beco sem saída... Se não metermos o Estado ao barulho, insistindo na prevalência do capitalismo imobiliário (eventualmente) travestível em novo - capitalismo - de arrendamento continuaremos a contornar o problema... Alguém se lembra dos "alugas e sub-alugas" especuladores de antes do 25 de Abril?" (Eu não). Se estamos todos à espera de novas leis, sobretudo para facilitar os despejos, continuaremos a contornar o problema... "Facilitar os despejos" é exactamente o contrário de "facilitar o arrendamento..."! Será que ninguém vê isto, num país de pobres e pobres, em que é que facilitar os despejos facilita os arrendamentos e facilita a reabilitação tão necessária?