De: Nuno Oliveira - "Mistério do fim das Ligações Internacionais do Porto"

Submetido por taf em Quarta, 2011-08-17 10:49

A tele-novela do serviço ferroviário Porto-Vigo está a pouco mais de um mês de um inaceitável desfecho, com o fim da comparticipação da Renfe do troço a partir de Tui a ocorrer no dia 30 de Setembro, fazendo desta a data em que o Porto, ao fim de quase 100 anos e a contra-ciclo com o resto da Europa, perde a sua última ligação ferroviária internacional.

Foi neste contexto que a Associação de Utentes dos Comboios de Portugal organizou uma sessão pública de esclarecimento em Viana do Castelo no passado dia 29 de Julho (com presença da Refer e sem sequer uma resposta da CP Regional e Renfe), em que foram ouvidos representantes políticos e institucionais e apresentadas propostas para a Linha do Minho e para o serviço Porto-Vigo no curto prazo (muitas praticamente sem custos) e para o médio prazo (de cariz mais infra-estrutural). Nesta sequência surge também uma notícia do jornalista Carlos Cipriano no Público, que dá os custos anuais para a ligação Tui-Vigo como estando um pouco acima dos 100.000€ enquanto que a CP afirma que estes sobem até aos 450.000€. Trata-se de uma diferença - não explicada - de quase 350.000€(!).

Associando este novo valor às contas feitas pelo António Alves neste post bastariam na verdade 6 passageiros por viagem para pagar os custos anuais(!) e, se houvesse uma gestão transfronteiriça conjunta como referido aqui, ficaria a cada instituição uma despesa de algo como 28€ por dia, se se insistir que o serviço não poderia perfeitamente ser rentável (não será já rentável em dados períodos?). Isto ignorando também o facto de que o revisor neste trajecto nem sempre está presente. Ninguém sabe de onde vêm ou como são calculados os números oficiais nem as motivações (ou falta delas) que escondem, mas a falta de transparência da CP só contribui para agravar a noção de que não existe qualquer visão estratégica que orienta a sua gestão, orientando-a para a conquista de utentes de forma a colmatar os seus problemas, para não dizer que casos como este se parecem aproximar mais da sabotagem.

Quanto ao potencial desta ligação e da Linha do Minho, basta olhar para esta imagem, em que a Linha surge como um vazio de electrificação e modernização entre duas ligações que dão lucro e/ou prosperam como são o Lisboa-Porto e o Vigo-Corunha e que, unidas de forma coerente, traduziriam melhor a realidade económica e populacional desta região.

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Nuno Oliveira