De: Lurdes Lemos - "Portugal e a bitola europeia II"

Submetido por taf em Sexta, 2011-08-12 23:29

Caro António Alves,

De facto tem razão, as travessas monobloco usadas na maior parte das linhas ferroviárias a norte do Douro não são bi-bitola, contrariamente ao que me tinha sido sugerido há uns tempos pela leitura de um artigo de jornal. Ainda assim, hoje a mudança das travessas é mais simples devido à duplicação de grande parte das linhas em causa, o que permite a continuação do serviço ferroviário. Apenas a Linha de Guimarães apresenta mais constrangimentos por ser de via única. Porém, não deixa de ser um investimento tristemente redundante, porque apesar de ter sido feito há pouco tempo volta a ser necessário. Tratou-se, como diz, de falta de visão estratégica por parte do poder político, algo bastante corrente. Infelizmente, casos semelhantes não faltam onde o dinheiro público é desperdiçado.

Veja-se o recente caso da má re-abertura e pior re-encerramento da Linha de Leixões. Não foi mais do que uma medida com intenções eleitorais, tomada por quem não conhece bem o Porto, investindo-se em estações secundárias em detrimento dos polos de atracção, como o Hospital de S. João.

Veja-se o Túnel de Espinho, obra complexa, dispendiosa e acima de tudo mediática, ou seja, de interesse político. Ignorou-se a alternativa para o atravessamento ferroviário da cidade traçada há cem anos, muito menos dispendiosa, desde Silvalde até à Granja pelo local onde se realiza a feira semanal. Hoje não há ligação da Linha do Norte com a Linha do Vouga, para prejuízo dos utentes de ambas.

Veja-se toda a discussão em torno do Metro do Porto (Linha da Boavista versus Linha do Campo Alegre) em que se fez tábua rasa da expansão da rede de eléctricos projectada há dez anos, mais simples e flexível. Foram apenas instalados carris e catenária no anel da linha 22, onde hoje circulam apenas duas viaturas, uma na linha 22 e outra no “City Tour”, de meia em meia hora, não se dando verdadeira utilidade ao investimento feito.

Termino do mesmo modo, porque concordo inteiramente consigo: é urgente uma capacidade de planeamento estratégico.

Cumprimentos
Lurdes Lemos