De: Augusto Küttner de Magalhães - "Paula Rego e Rotunda"

Submetido por taf em Segunda, 2011-07-18 18:54

Paula Rego na Fundação EDP - Porto - Julho 2011

Excelente iniciativa da Fundação EDP, My Choice - Obras seccionadas por Paula Rego na Colecção British Council, e em simultâneo a exposição A Caçadora Furtiva, Pinturas e Desenhos de Paula Rego. No dia da inauguração, 14 de Julho de 2011, pelas 19h00, só deu para cumprimentar o Sérgio Figueiredo, ver a Paula Rego, e voltar a 15 de Julho, para tudo bem apreciar.

Muito bom, como sempre a Paula Rego, será daqueles "casos", entre outros, que se gosta muito e sempre, ou exactamente o inverso. Tratando-se do primeiro "caso", é uma excelente Exposição, no muito adequado espaço - Fundação EDP/ Porto -, e estando a ser na ocasião - a 15 de Julho, 13h00 - o único visitante - ainda era cedo -, foi possível estar a ver à vontade, e apreciar muito a exposição. Cativante, comunicativo tudo o que Paula Rego faz, chegando a impressionar o que se vê, e chega-se a ter/sentir uma forte ansiedade. Sempre com energia na Mulher. Quanto às escolhas muito curiosas, quase todas com a presença de pessoas e essencialmente da Mulher, outra vez.

Muito sugestivos/impressionantes, dois quadros: Um, a Mulher Nua deitada, com um ar angustiado - o que irá na sua alma? -. com dois ovos estrelados perto da sua imagem, o segundo também uma Mulher Nua que está a trabalhar numa máquina de costura num grande tecido transparente, mas com um ar calmo. Ambas numa nudez natural/normal, não perversa, muito bonitos e que nos fazem pensar sobretudo a partir da Mulher escolhidas por outra Mulher. Os quadros da Paula Rego, são "vivos"!

Felicitações sinceras à Fundação EDP na pessoa do Sérgio Figueiredo, e claro à Paula Rego. Bom terem saído de Lisboa, de Cascais, e virem aqui acima, no caso ao Porto. A Cultura faz-nos tão bem, não ocupa espaço mental, e ainda para mais em tempo de tantas, tantas Crises, "estas estão instaladas, e não sabemos se se irão", fique e vença: a Cultura.

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Rotunda da Boavista, meados de Julho 2011

Porto, Praça Mouzinho de Albuquerque, vulgo Rotunda da Boavista. Estimava-se nos finais dos anos 50, inícios de 60 do passado século, que se chegássemos ao ano 2000, que parecia tão longe e uma data difícil de atingir, que a Rotunda da Boavista seria a centralidade do Porto. Evidentemente que a parte antiga, o Centro Histórico no Centro do Porto, "A Baixa", com toda a sua história nunca o deixaria de ser. Mas a Rotunda seria um novo centro da modernidade.

Por diversas razoes, que não só o monstro, o estafermo da crise, e até antes desta ter chegado em pleno, e para além da não planificada "desertificação" global dos centros urbanos das cidades, dos Centros Históricos, o Porto morre pelas 20h00 e renasce pelas 7h30 do dia imediato, o mesmo acontecendo com a Rotunda da Boavista. Sendo que a Rotunda deixou de ter um centro de atracção comercial, que como todos sabemos foi "apanhado" para Gaia, o que também teve efeitos na sua desertificação nocturna. Claro que hoje - e ainda bem - já há mais algum movimento na Baixa, na Rua Sta. Catarina, há mais turistas e na zona entre a Reitoria da Universidade do Porto e os Aliados, a malta nova, e muito bem, dá vida e esses espaços, de 5ª feira a sábado, às noites. Poderiam estes jovens ter mais cuidado e respeito por si e pelos outros, quando aliviam as suas necessidades fisiológicas, e não urinar por tudo onde é sitio e lhes apetece, dá um mau aspecto e o cheiro é nauseabundo. Mais respeito, mais "dignidade"!

Mas voltando à Rotunda da Boavista, tem motivos para "ser e estar melhor", mesmo e até pela crise. E se em meados de Julho 2011, não estando chuva - este ano até o Verão está em crise! - é um espaço muito confortável, quer o jardim central com o seu monumento e com espaços livres e alargados, que servem a crianças, jovens, menos jovens, velhos e - bom de notar e felicitar - ainda tem botões nos semáforos que permitem que a luz verde fique aberta - muito mais rapidamente que em outros locais, especialmente na Avenida da Boavista - para os peões poderem ir e sair do cento da rotunda sem demasiado - imagine-se o progresso! - perigo de serem atropelados dado haver uns condutores que, quando não são peões, desrespeitam estes!

E temos a magnífica Casa da Música e ao lado - atrás! - o edifício EDP com um Espaço Cultural, onde passam boas exposições - o local está menos bem sinalizado e conhecido - e há na zona cafés, bancos, farmácia, multibanco. Mas se entramos na Rua Júlio Dinis e olharmos os prédios de ambos os lados, para além das lojas estarem a fechar umas atrás das outras, cafés, Singer, sapatarias, Bertrand, mais se seguirão, e os andares a partir do primeiro piso estão completamente vazios: arrenda-se, vende-se ou nada acontece. Para além de estímulos necessários para sairmos da crise, está visto que construir mais "novo", de raiz, estará fora de questão, no mínimo na próxima década, mas recuperar, ocupar, utilizar, arrendar, vender, restruturar, tudo o que existe já feito é essencial, é a única via. Seja no Centro Histórico do Porto, seja na Rotunda da Boavista no Porto, seja em Vila Real, em Chaves, na Régua, em Barcelos, em Coimbra, em Évora, em Lisboa, em Cerveira, em Aveiro... enquanto é tempo...