De: Bom Sucesso Mercado Vivo - "Apoio ao Mercado do Bom Sucesso"

Submetido por taf em Quinta, 2011-05-12 16:47

Caros amigos e amigas,

Como sabem o Mercado do Bom Sucesso está ameaçado de ser transformado em shopping pela Câmara do Porto que o concessionou a uma construtora de centros comerciais por 50+20 anos. Acontece que só são conhecidos desenhos a 3D dessa ideia, que representam uma destruição do Mercado tanto em termos de estrutura como de funcionalidade (ver mais informação no nosso blog).

Mesmo sabendo que não há ainda projeto de arquitetura submetido ao IGESPAR (o edifício foi considerado de interesse nacional em 25 de Janeiro, devendo estar como tal protegido), o Mercado já tem encerramento anunciado para o próximo dia 25. Apelamos assim à vossa solidariedade, subscrevendo este manifesto que incluímos abaixo. Agradecemos que indiquem como querem ser referenciados profissionalmente (exº - Maria do Bom Sucesso - artista plástica). Também estamos abertos a que nos sugiram outros nomes de colegas que, sendo figuras conhecidas na nossa vida cultural da cidade, igualmente queiram assinar o Manifesto. Em tal caso, pf indiquem formas de os/as contactarmos.Gostaríamos de poder revelar à imprensa esta Manifesto no início da próxima semana.

Dia 19, 5ª, às 17h, haverá uma concentração de protesto à porta do Mercado, para a qual apelo também à vossa participação.
As nossas saudações,

Paula Sequeiros
Pelo Movimento Bom Sucesso Vivo

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MANIFESTO 'O Mercado do Bom Sucesso é Cultura!'

Somos agentes e produtores de cultura na e para a cidade do Porto.
Entendemos que cultura se faz de pequenas e grandes coisas na vida duma cidade.
De salvaguarda do património arquitetónico mas também de proteção do comércio de proximidade, sustentável, mais humano.
Indignamo-nos porque o Mercado do Bom Sucesso deve ser requalificado e mantido como equipamento público ao serviço da população.
Não queremos que seja convertido num complexo de shopping, hotel, parques de estacionamento e lojas de produtos alimentares de luxo.

Compreendemos as palavras de tantos cidadãos e cidadãs que apoiam esta causa e a que aqui damos voz:
«Eu nasci aí dentro desse majestoso monumento desta cidade e jamais aceitarei que a sua essência seja desvirtuada. É e será sempre o meu local de nascimento e a minha segunda casa actualmente, mas no coração será eternamente a minha primeira casa, a minha primeira escola de vida pelo muito que aprendi e pelo muito que “cresci” nesse grandioso espaço. Todos juntos seremos uma força indomável que não permitirá o assassínio deste símbolo da cidade».

«O património tem que ser cuidado, requalificado, não desvirtuado à sombra de uma pseudo-requalificação…»

«Um edifício que tanta história conta da cidade, que foi o local de compras da nossa infância. Não se rendam a modernices mas a manter a história e a beleza que nos transmite. Tenham capacidade conservação da história dum povo.»

«Sacudir responsabilidades com concessões trapalhonas deste e de outros espaços (a lista vai engordando) é não querer contribuir para um futuro melhor, nosso e dos que virão!»

«É esta integridade de espaço, luz, matéria e forma que desenha a identidade arquitectónica do Mercado do Bom Sucesso, edifício recentemente classificado como 'monumento de interesse público'. Embora dizendo respeito a todos os cidadãos, permitam-me que afirme que os arquitectos se deverão situar na primeira linha deste protesto.»

«[...] estaremos a defender o que é nosso: todo ele um cenário interior que nos transporta para uma atmosfera ainda não esquecida. Graças a uma arquitectura pensada, que hoje conserva a genuína convivência e proximidade entre pessoas, que resiste à frieza das relações humanas das grandes superfícies, e que tanto orgulha e caracteriza a gente do norte.»

O Mercado deverá ser revitalizado, dinamizado com possíveis actividades complementares à sua função, mas preservando a sua identidade de Mercado e de edifício público, de bem patrimonial cultural e humano da cidade do Porto.

Como cidadãos empenhados pretendemos que o edifício do Mercado continue «a marcar a sua época», através do respeito pelo património construído e classificado e que continue «marcar o seu fim» de mercado tradicional de frescos, sempre actual numa cidade viva.