De: António Moreira - "Os Referendos ou a falta deles"

Submetido por taf em Terça, 2011-04-26 14:35

Boa tarde ao Tiago e a todos os leitores d’”A Baixa do Porto”

Apesar de ter deixado, há muito, de enviar textos para publicação, dado o carácter tantas vezes controverso das minhas opiniões provocar, em geral, desagrado quer do Tiago quer de um grande número dos seus leitores, há, no entanto, ocasiões em que me parece ser importante replicar a outros escritos cuja leitura não deve, a meu ver, ficar sem resposta, para tentar que, ao menos os seus autores, reflictam novamente sobre o tema e a forma da sua exposição. Vem isto a propósito do texto De: Correia de Araújo - "Ver apenas a árvore...", ao qual decerto outros darão réplica mais elaborada, mas sobre o qual gostaria de deixar uma ou outra reflexões:

O autor congratula-se por ter sido inviabilizado um referendo local “por dois plátanos e um cedro”! Seria apenas “por dois plátanos e um cedro”? Ou seria também pelo direito aos Cidadãos opinarem e decidirem quanto ao que é edificado no espaço PÚBLICO e quanto à forma como são gastos (investidos???) os escassos recursos PÚBLICOS? Ou quanto à forma como vão sendo alienados da fruição ou utilização de todos, os espaços PÚBLICOS cujo uso vai assim sendo PRIVATIZADO? Terá pensado o autor, um instante que fosse, que não fora a iniciativa dos Cidadãos que, tão levianamente, desconsidera no seu texto e o projecto inicial não teria sido alterado e então, em vez de “apenas” “dois plátanos e um cedro” estaríamos a carpir a destruição de muito mais?

Não vou aqui entrar em considerações, por míngua de competências e de informação, quanto à maior ou menor valia do projecto, nem quanto à valorização ou desvalorização do “pavilhão Rosa Mota” fruto deste acrescento ao seu enquadramento, mas, apesar de, ao que parece, uma e outra obras terem o mesmo autor, ainda assim, penso ser razoável pensar que os cidadãos têm direito a ser informados integralmente, a pronunciarem-se e, no limite, a decidirem.

Não gostaria de terminar sem referir que será decerto motivo de grande júbilo para o autor (e não só) a verificação de que ao menos, no que respeita à obra de requalificação da Av. da Boavista (curiosamente no troço entre o “Castelo do Queijo” e a entrada nascente do Parque da Cidade, ou seja o troço já requalificado há apenas seis anos, para “criar o canal do metro” e que, também curiosamente, corresponde ao troço da Av. da Boavista utilizado para o “grande prémio do Porto”) terá sido utilizado o método “Gaia constrói” ou seja, sem dar cavaco a ninguém, enterra-se (pelo menos) um milhão de euros, para desfazer o que foi feito há apenas 6 anos, que nunca foi utilizado para aquilo a que, alegadamente, se destinava e inviabilizando as diversas alternativas possíveis, ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE para melhorar as condições do traçado do “Circuito da Boavista” indo ao encontro dos anseios de concorrentes e entidades organizadoras. De certo outros leitores “d'A Baixa”, mais bem informados que eu e eventualmente com responsabilidades a nível de vereação, estarão disponíveis para aqui deixarem mais esclarecimentos sobre esse tema.

Peço desculpa pela intromissão mas...
Claro que estou indignado.

Obrigado
António Moreira