De: César Costa - "O dedo na ferida"

Submetido por taf em Sexta, 2006-08-11 12:04

Em relação ao concurso da Quinta do Covelo, os Arqtos Paula Morais e Alexandre Burmester puseram o dedo na ferida. Se o que está em causa é reunir o máximo de ideias possível para um espaço que se pretende requalificar, então abra-se o concurso dos 0 aos 200 anos e a TODOS. Quem sabe se a melhor não vem de uma criança de tenra idade... Para apresentar um ideia não são necessárias plantas, cortes, alçados, perspectivas, maquetes e quejandos. Basta mesmo uma boa ideia!! Recordo que numa das aulas que assisti de Fernando Távora, se abordou a forma como Lúcio Costa, o responsável pelo plano de Brasília, concorreu ao concurso então lançado com um pequeno texto, que explicitava claramente as ideias que tinha para tão ambicioso empreendimento...

Não há nada de mal nessa forma de concurso. Bem pelo contrário. Abre-se o leque de possibilidades, de possíveis desenvolvimentos, que mais tarde podem ser passados para o programa preliminar ou base. Pode até a Câmara, à luz do que se faz por exemplo nos países nórdicos, criar uma semana aberta para a discussão de ideias, convidando a toda a população, entidades, no fundo quem desejar, a participar!

É muitíssimo frequente este processo nos já referidos países. Recordo que há pouco tempo participei num concurso internacional para o desenvolvimento de um plano de recuperação do centro histórico de uma cidade na Islândia - Akureyri, e este foi exactamente o processo seguido. Lá como é hábito, houve milhares de contributos por parte dos cidadãos...Mais ou menos o que é normal acontecer por cá...

Mas atenção! Este processo a que me refiro antecedeu o concurso internacional. Este foi logicamente exclusivamente aberto a pessoas devidamente qualificadas para tal! Separem-se as águas e ganhe-se clareza. A transparência e o rigor nunca fizeram mal ninguém, digo eu...

Cumprimentos
César Costa

PS - Não concordo com Francisco Oliveira. Sou Arquitecto, porque era meu desejo de criança, mas não sou mais nem menos nobre por isso... A nobreza está apenas nos princípios e no que se faz com eles...