De: Pedro Figueiredo - "Bolhão, um mercado não especulativo!"

Submetido por taf em Terça, 2010-11-09 15:16

Mercado do Bolhão

Partilho aqui n'A Baixa do Porto mais algumas fotografias desse fabuloso edifício que dá pelo nome de Mercado do Bolhão. Um mercado não especulativo que continua a alimentar as familias de 200 comerciantes e abastecer com produtos saudáveis as famílias de muitos mais Portuenses. Estas fotografias foram tiradas durante uma visita guiada aos espaços, feita pelo Arq.º Joaquim Massena, há cerca de dois anos e no "âmbito" do movimento de contestação ao projecto especulador da TCN / Câmara do Porto. Esse foi o tal negócio que previa, à revelia do PDM, um edíficio com 7 pisos de habitação e um shopping center em vez do mercado de frescos... num quarteirão marcado no PDM com exclusivo uso para dois pisos, no máximo...

...Agora, uma breve cronologia da vergonha:

  • 1838 – A CMP decide adquirir os terrenos do Bolhão ao "Cabido" (Episcopado) para a materialização de uma "Praça".
  • 1914 – É Construido o edíficio do Mercado do Bolhão.
  • 1992 – A CMP aprova a Construção do projecto de recuperação do Arq.º Joaquim Massena.
  • 2008 (Janeiro) – A CMP aprova o projecto da empresa TCN para a transformação do Bolhão... (em shopping e habitação)
  • 2008 (Dezembro) – É decidida a entrega de um novo projecto para a recuperação do Bolhão ao IGESPAR.
  • 2010 - Havendo projecto e havendo dinheiro garantido, o processo está de novo encravado, graças a uma providência cautelar interposta por uma empresa supostamente lesada pelo concurso de adjudicação das especialidades... (vergnha absoluta, a fragilidade do nosso "sistema").

Daqui a praticamente um ano, em 2012, fará 20 anos que se iniciou este processo/calvário para a recuperação de um edíficio hoje unanimemente reconhecido... Nesta visita cidadã-arquitectónica, é de admirar o Mercado do Bolhão, que em termos construtivos é um edifício que usa betão, ferro, vidro, madeira, pedra, etc... E de magnífica ousadia e "ecletismo" na forma de usar tão variados materiais, "modernos" e "tradicionais"... O arq.º Massena mostrou-nos também as "catacumbas" do mercado... Há uma área não desprezável do edifício... por baixo da Rua de Sá da Bandeira... Incrível, não é? A rua passa por cima apoiada em arcadas (ver ultimas fotografias)...

... 20 anos, senhores, de calvário ainda não terminado. Em 20 anos o IPPAR até mudou de nome para IGESPAR, e passaram assim por aí 6 ou 7 governos PS e PSD, e Câmaras PS e PSD... à vez cada um. E há-de haver sempre uma razão para não se recuperar um dos maiores "emblemas" desta cidade? ...Ou porque está em tribunal. Ou porque um dos executivos camarários cancelou o processo. Ou porque o projecto de recuperação supostamente estará desadequado. (Ou porque chove? Ou porque está sol?) "Pão de pobre quando cai, cai sempre com a manteiga virada para baixo", como brincam os Brasileiros, enquanto o processo está novamente encravado em tribunal... Quem nos acode?

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Pedro Figueiredo