De: Pedro Figueiredo - "Gaia em modo «piloto automático»?"

Submetido por taf em Terça, 2010-11-02 00:55

A propósito da opinião de Alexandre Burmester sobre o quase novíssimo teleférico de Vila Nova de Gaia, tenho a concordar que de facto, às vezes, a Câmara de Gaia parece imitar perigosamente o estilo festivaleiro de Rui Rio… Este exemplo é bem dado e é gritante, acrescentando escusada estupidez populista ao Centro Histórico de Gaia:

1 - Está mal a excessiva concentração de equipamentos comerciais a que chamam Cais de Gaia. Já todos assistimos aos fabulosos engarrafamentos da ponte de baixo aos fins de semana e no Verão, o sinal mais poderoso de que aquela malha não aguenta (obviamente) tanto carro, mais o seu parque de estacionamento (obviamente) excessivo, como era de prever…

2 - Como se não bastasse, agora adicionou-se o tal hotel Yeatman – muito feio, “má” arquitectura…

3 - Como se não bastasse, e para provar que não é diferente de Rui Rio, vem agora com brincadeiras infantis, como o tal teleférico, que não é propriamente um meio de transporte, mas fica bem na onda dos aviões, das corridas de carros, dos rallies, dos La Féria etc… É que se fosse um elevador urbano (Coimbra, Lada, Santa Justa)…? ou se fosse um funicular (Viana do Castelo, Braga, Barcelona, Guindais)…? Mas não, não… É uma “brincadeira” género Expo 98, ou tipo Teleférico da Penha em Guimarães, que “as pessoas gostam” (medo, muito medo… sinto calafrios) que liga directamente a Avenida da República ao Shopping Cais de Gaia por cima de uma imensidão de casas e telhados de caves, qual teleférico para levar pessoas a ver a neve da Serra do Pilar, levar os funcionários da Gaiurb de “cestinha” tipo Ilha da Madeira de volta à Avenida cá em cima depois de “despegarem” às 18h00, ou os turistas a ver as vistas que já se miram da Ponte D. Luís e da Serra do Pilar, e tão bem…

4 - Ao contrário do que deve parecer a Luís Filipe, não vale tudo nem cabe tudo no centro histórico de Vila Nova de Gaia... Ou então Luis Filipe está a destruir o centro histórico por excessiva ansiedade, tal como o seu colega (o Sr. Salazarista R.R.) está a fazer deste lado do Rio Douro, por excessivo de laisser faire, laisser passer… e não só. Ambos serão doentios, um com dinheiro e “ideias”, outro sem dinheiro (!) nem ideias… Dois manos, portanto.

Se muitos nesta cidade do Porto querem de sua boa vontade fazer crer que um Luís Filipe como timoneiro no Porto faria melhor, desenganem-se... Era escusado manchar a marginal de Gaia, pois quer as ciclovias da zona marítima, quer o calçadão da Avenida Diogo Leite (marginal junto às caves), quer o passadiço dos pescadores, quer ainda toda a obra de espaço público que revolucionou a Afurada estão bem, estão bem mesmo… Tudo isso, Polis ou não Polis, é Obra memorável, e seria um trunfo grande para Luís Filipe… caso não parecesse que o sr. agora funciona em roda viva, loucura e piloto automático. Na melhor nódoa cai o pano, ou no melhor pano cai a nódoa?... É desligar o “piloto automático” e começar a racionalizar, que a vida não está para brincadeiras. Os bancos que nos digam.