De: Pedro Figueiredo - "Semana Europeia da Mobilidade 7 - peões, carros, passadeiras e bicicletas"

Submetido por taf em Domingo, 2010-10-03 23:45

PASSADEIRAS – Sr. Alfredo Küttner de Magalhães – Para o bem e para o mal, também tenho a honra de tentar todos os dias atravessar certas e determinadas passadeiras na Avenida Marechal, “A Marechal”. E não é fácil, tal é a ousadia automóvel, como uma espécie de vendetta pelas horas em que os carros estão parados - que também não são poucas na Marechal, pelo o que observo todos os dias… Duas dicas para a Autodefesa do peão que atravessa: A - Passar fora das passadeiras – É a opção radical. Chego à conclusão que tal é o desnorte pela regra por parte dos carros que é mais fácil um gajo ser atropelado numa passadeira da Marechal do que fora. É que fora, “eles” são Obrigados a estar atentos, e estranham um peão, pelo que têm um flash de “medo” súbito… mas não aconselho, claro. B – Olhar os automobilistas nos olhos enquanto se passa pela passadeira…para marcar território. Fazer sentir olhos nos olhos que “vai aqui alguém”, um corpo+espírito em movimento. “Eles” têm tendência a abrandar porque de facto “sentem” uma presença… Atravessar a olhar bem para o automobilista, não só para o carro, portanto… Os carros usam da mesma brutalidade que os bombardeiros aéreos… Quem pilota um bombardeiro, é fácil lançar bombas, porque não vê as vítimas tão pequeninas lá em baixo… E para muitos automobilistas, de facto, o mundo dos corpos lentos que se deslocam é apenas “uma nota de rodapé” no seu percurso rápido, rápido, rápido… até pararem às horas de ponta. Sobretudo quando a cidade se organiza como Circuitos Automóveis de sentido único – Rua de Santos Pousada, Rua de Luís de Camões, Rua de Faria Guimarães. Este tipo de organização faz morrer rés-do-chãos de ruas inteiras porque não se pode parar o carro sequer e os carros andam em “circuito” contínuo… Logo, o pequeno comércio morre (a alma do Porto ainda é o pequeno comércio).

PEÕES, CARROS E BICICLETAS – Isto da estrada é uma guerra, como sabemos. É uma cadeia alimentar, em que há uma Hierarquia de cima para baixo. Carros em cima, Bicicletas no meio da sandwich e peões em baixo. As Bicicletas “não existem”, estão entaladas, não têm estatuto jurídico ou estatuto real reconhecido, são um corpo estranho quer para os carros quer para os peões. Estamos entalados entre a velocidade baixa do peão e a velocidade alta do carro. A Bicicleta é a velocidade média adequada à cidade e – na faixa de rodagem somos comidos pelo carro… e no passeio somos predadores do peão. Quer um quer outro são de outras lógicas. Ciclovias ou faixas cicláveis “sérias”, precisa-se para o bem de todos. As estúpidas “ciclovias” que a Câmara do Porto implementou perpetuam esta situação de sobe passeio – desce passeio da Bicicleta… Continua a não ter “estatuto” próprio a Bicicleta… Agora, ainda sobre a velocidade nos centros históricos. Nos centros históricos medievais (o Porto tem dois centros históricos medievais – a aldeia da Foz Velha e a aldeia da Ribeira-Barredo), nem carros nem sequer bicicletas: só peões e veículos prioritários ou públicos deveriam ser admitidos. Essa cidade foi feita para andar a pé… e assim tem de ser, perguntem aos “turistas” e aos residentes, quer uns quer outros só conseguem fazer a sua vida a pé, como é (quase) óbvio… A Foz Velha não é excepção, é igual à Ribeira-Barredo.

AGRADECIMENTOS FINAIS: Camarada Presidente Mao Tsé-Tung - querido líder em geral, os meus agradecimentos por ter votado durante cerca de 50 anos metade da humanidade à “desgraça” de ser obrigada a usar a bicicleta diariamente… Foram milhões e milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera que não saíram dos escapes dos automóveis que os milhões de Chineses felizmente não usaram…Agora que exportámos o nosso sistema de “poluição automóvel como se não houvesse amanhã” para a China, veremos se teremos ou não um futuro neste planeta que ainda é de todos. Fica o meu obrigado ao Presidente Mao, nunca é tarde para se ser bem agradecido.