De: Cristina Carvalhal - "Bairro da Pasteleira"

Submetido por taf em Quinta, 2010-09-16 16:15

O problema que reporto refere-se ao Bairro da Pasteleira antigo, uma urbanização social com mais de 50 anos, localizada em Lordelo do Ouro. Desde a sua construção, o bairro foi sempre relativamente tranquilo, onde os episódios de droga e violência eram bem menos problemáticos comparados com outros bairros da cidade.

Nos últimos 5 anos, mas sobretudo no último ano, o Bairro tornou-se uma montra de podridão. Com a futura demolição do Bairro do Aleixo, os moradores das torres estão a ser realojados noutros bairros, nomeadamente na Pasteleira, que fica ali a dois passos. Brilhante ideia... destruir um bairro para contaminar todos os outros à sua volta! O bairro da Pasteleira tem muitos moradores com idades superiores a 50 anos (foram os primeiros habitantes do bairro), e está agora a ser pulverizado por bandidos e parasitas provenientes do Aleixo, que tornam a convivência insuportável. Um triste fim de vida para muitos moradores que habitam o bairro desde sempre...

O pico da circulação de droga é a partir das 20h00 e prolonga-se até de manhã. Há meses consecutivos que os moradores não conhecem uma noite de descanso, devido ao barulho insuportável das centenas de pessoas que frequentam o "mercado da droga", e do entra e sai constante de viaturas (para todos os gostos e preços). Se os chamamos a atenção pelo barulho, somos insultados. Se olhamos para eles, agridem-nos com ferros porque pensam que somos polícia. As paredes estão imundas de urina e fazem as fezes no meio da rua como os cães. Neste bairro reina agora a decadência, a violência e o terror. No passado fim-de-semana, um individuo do sexo masculino foi brutalmente agredido de forma gratuita com um ferro, simplesmente porque desconfiaram que era da Polícia Judiciária. Eram 8h00 da manhã de Sábado... em plena luz do dia.

Além da droga temos a prostituição, sem qualquer esforço somos abordados por mulheres moribundas, cheias de marcas de injecções, à procura de clientes. As seringas e restos de papel de alumínio adornam os jardins que em tempos eram impecavelmente arranjados e com flores. Os sons da noite são agora dos pneus a chiar na estrada, das conversas embriagadas e do pregão constante das "pastilhas para os sonhos", ou do "pó branco". Quando a polícia aparece, alguns dispersam, para voltarem a aparecer mal a polícia vira costas. Quando fazemos queixa, quando pedimos ajuda às autoridades, dizem-nos ser um "problema político", pedem-nos para fazer uma exposição ao Ministro da Administração Interna...

O problema está a atingir dimensões tais que a igreja da Pasteleira, que estava a tornar-se abrigo dos drogados, está agora cercada por um gradeamento... Vários moradores em desespero já se dirigiram à Câmara do Porto no sentido de pedir mudança de bairro, ao que a Câmara tem respondido negativamente. O que se está a passar no bairro da Pasteleira é uma vergonha para o país e para uma região com tanto potencial de crescimento.

Agradeço a exposição/divulgação deste assunto, porque ainda acredito que o conhecimento destes problemas pela sociedade poderá trazer alguma sensibilização.

Com os meus melhores cumprimentos,
Cristina Carvalhal

--
Nota de TAF: sugestão às autoridades e autarcas - A cidade praça a praça.