De: Augusto Küttner de Magalhães - "E ainda Serralves"

Submetido por taf em Sexta, 2010-01-22 17:02

E ainda Serralves. Querer ir a Serralves é algo de mais normal quando se chega ao Porto e até quando se vive no Porto. Pode ser feito de automóvel, de autocarro, de táxi e, porque não?!, a pé. Ver aquele espaço ainda estando do exterior, com uma grande pá vermelha de jardineiro na parte que foi a entrada principal daquela grande quinta, que foi pertença de um nosso conde, será a primeira imagem. Entrar, e ver grupos de alunos de estabelecimentos de ensino, até crianças da pré-primária que vão fazer visitas guiadas, é tão costume! Já depois de passar o segurança/vigilantee (tão mais necessário nestes nossos dias) vemos um local de atendimento que está fechado onde por norma funcionou a compra de ingressos e prestação de informações, seguindo um pouco entramos num espaço amplo e se se quer adquire-se o bilhete para ver o Museu e para estar no Jardim, é aí o local, sempre com umas jovens e uns jovens muito prestáveis e sorridentes. Se não quisermos gastar dinheiro temos duas hipóteses, vamos ao Domingo de manhã e fazemos tudo sem qualquer custo ou deliciamo-nos por espaços que são gratuitos com a desvantagem de ficarmos “com água na boca” por pouco ver. Mas mesmo assim podemos da grande esplanada no 1º andar ver os espectaculares jardins, podemos descer e ver um vidro enorme no fim de umas escadas que parece a continuação destas e lá está o dito jardim, mas que fica à distância de um vidro intransponível.

Podemos ir à Livraria, ver algum livro, não sendo obrigados a comprar, e lentamente podemos sair, passando pela loja de Serralves sem ainda nada ser obrigado a comprar, e vemos artigos relacionados com Serralves. Mas se quisermos dar uma volta geral, vale comprar um bilhete, se não se está num Domingo de manhã e andar por ali ver a exposição em curso, ir espreitar a Biblioteca onde normalmente estão muitos jovens a estudar, passar ao bar, onde podemos comer qualquer coisa simples ou tomar um café olhando para o jardim. Se subirmos as escadas que tivemos de descer, voltamos ao grande hall que já tivemos que passar para derivar para os locais atrás focados. Hall que tem “coisas” que a um leigo – como é o caso – nos podem parecer estranhas, automóveis que muitos fomos vendo a circular mas já sem o fazerem, com falta de peças, e se nos sentarmos em qualquer um, podemos ouvir e ver o que se passa numa tela na nossa frente relativo com algum momento, com alguma situação, uma exposição, uma personagem, noutra ocasião podemos ver duas pequenas esculturas de duas pessoas cinzentas, penduradas, com uma expressão angustiante, podemos também ver umas “coisas” em ferro, ao que parece a querer dar a ideia de pequenas árvores a fazer uma floresta. Podemos em seguida aproveitar no próprio Museu para ver a exposição que aí possa estar. Abstraindo da exposição vermos o espaço e a sua interligação com o exterior no caso o jardim. Se for dia de utilização do Auditório, que muitas vezes é espaço para conferências, algumas de grande interesse, podemos ver algo de curioso, mas também perigoso. As escada que nos levam descendentesmente aos lugares, parece não se verem, parece ser uma descida em rampa e não ter degraus, sendo uma imagem interesante, mas com cuidado para não haver percalços. Cheguei a assistir a conferências às 5ªs feiras à noite em que estava tanta gente que foi necessário colocar cadeiras no palco, dos lados, para todos cabermos. Podemos ir à esplanada e olhar de cima para o jardim. E agora descer e ir a esse mesmo jardim. Estamos em pleno século XXI quase no centro do Porto a metros da maior avenida do Porto, a da Boavista, e estamos num jardim que nos faz abstrair a localização, podemos estar em quaquer outro sítio, até noutro tempo...

Passam de quando em vez aviões comerciais em direcção ao Aeroporto Sá Carneiro, nem incomodam, só nos lembram a época em que estamos. Vamos vendo árvores muito antigas enormes, um lago também ele antigo, com uma forma interessante, uma casa de inícios do século XX – que foi habitada pelos antigos proprietários de todo este espaço, depois uma ribeira que corre com água fresca e num local forma um pequeno lago com alguns peixes, vamos continuando e vemos umas vacas num sitio delimitado a pastar, vemos grupos de alunos com professores e instrutores de Serralves a ver plantas exóticas, vemos um espaço relvado onde andam crianças vigiadas as correr a brincar. Vemos pessoas menos jovens a fotografar, a comentar, a olhar, a apreciar. Voltamos de regresso, no percurso um ou outro parzinho muito apropriamente no beijo, vemos por fora o espaço do Museu onde tínhamos estado há pouco, assumimos que aquilo é um espaço agradável e que faz parte do Porto, e vamos sair, sempre com vontade de voltar. E para trás fica a grande pá vermelha de jardineiro. Se vivermos no Porto, alguns, temos a tentação de em maus ou bons momentos estar em Serralves, para ler no Bar, na esplanda ou até na Biblioteca, nesta última mesmo sendo habituais frequentadors temos – queremos - sempre olhar para uma iluminação que é feita em peças de vidro grandes penduradas no tecto que nos fazem lembrar lágrimas, de várias cores. Podemos escrever umas linhas sempre na esperança de que alguém as leia, podemos tomar uma refeição simples no bar, podemos estar, e vamos voltar, porque queremos...

Augusto Küttner de Magalhães, Porto
(Um apreciador, AMIGO DE SERRALVES e frequentador, sempre que possível)