De: TAF - "Elites? As elites estão falidas, moral e financeiramente!"

Submetido por taf em Domingo, 2009-11-15 00:40

Edifício do Jardim Botânico

(No Jardim Botânico, há pouco)


No JN: «Uma cidade que preocupa Artur, na quarta linha dos Santos Silva, mas sem dramatismos. Ressalva grandes mais-valias da região, da Universidade ao tecido empresarial, apela à urgência da reabilitação urbana e do repovoamento e, também aqui, lembra que a ética republicana tem de ser assumida pelos mais qualificados: "Em Portugal, as elites não se assumem, não têm protagonismo".»

Mas quais elites? Se houvesse elites, a reabilitação urbana não andaria ao passo de caracol que hoje se constata. No Porto há actualmente oportunidades de investimento em imóveis para recuperar, com excelente localização, por valores que seriam impensáveis há apenas alguns anos. Conheço casos de propriedades que estão hoje à venda por metade ou um terço do valor que era pedido há apenas 2 ou 3 anos (e algumas delas ainda estão caras, mas isso é outra questão).

Pelo preço previsto para um apartamento no futuro condomínio fechado de luxo do Aleixo - em números redondos 450 a 600 mil euros - 90 a 120 mil contos -, conseguem-se agora bons negócios com edifícios inteiros. Pelo dobro disso, conseguem-se negócios excelentes. Eu conheço várias situações interessantes, conheço quem conhece mais, e conheço quem queira arrendar espaços na Baixa e não encontra oferta adequada. Se as elites não estivessem moral e financeiramente falidas, haveria certamente no Porto quem mobilizasse capital próprio suficiente ou conseguisse estabelecer os contactos necessários para o reunir junto de investidores privados. (Isto porque a banca continua a não ter oferta minimamente adequada ao negócio da reabilitação, mas esse também é outro assunto que daria pano para mangas.)

O mercado agora está mais racional e a aposta em reabilitação para arrendamento começa a ser a mais sensata. Há contudo a eterna desculpa da Lei das Rendas e do caos na Justiça, que não proporcionam segurança suficiente aos senhorios mesmo nos novos contratos. É parcialmente verdade para os senhorios que não invistam com capital próprio e que, portanto, não tenham margem para complicações. Mas será que desapareceu quem tinha dinheiro para aplicar sem depender de prazos apertadíssimos? Não estou a sugerir que os investidores façam à cidade "o favor de ter prejuízo", mas apenas a verificar que já quase ninguém sabe (ou tem dinheiro para) fazer negócios neste campo sem que o retorno seja imediato.

Elites? Pois sim...