De: Cristina Santos - "Desemprego de licenciados"

Submetido por taf em Sexta, 2009-10-23 01:09

O desemprego de jovens licenciados só pode dever-se a uma de duas coisas: ou as universidades portuguesas ensinam a trabalhar mas não ensinam a criar; ou quem for à universidade percebe que não vale a pena ser empreendedor neste país.

Algumas universidades dão um diploma para um emprego seguro onde ele não existe e não vocacionam para outras alternativas. Ora é óbvio que se não existem empresas nessas áreas, os estudantes sabem de antemão que, se não as criarem, terão obviamente de as procurar na Europa. Parece-me lógico, ou os estudantes não equacionam o seu futuro? Por outro lado, a maioria das empresas que existem ainda não adoptou as regras e condutas universitárias, é aos recém-licenciados que compete introduzir essas mais-valias, com cuidado e alguma paciência. Um diploma não garante nada, porque nós não somos França, nem Inglaterra, nós fomos e estamos a ser apoiados por esses países, para criar, porque não há, para desenvolver.

Podemos começar por exigir um ensino mais vocacionada para a realidade portuguesa, ou seja, diminuir o funcionalismo público e procurar o empreendedorismo, ou podemos ficar todos à espera que os não-licenciados criem empregos, para as áreas em que os licenciados se formam e têm direito a trabalhar porque têm um diploma. Não vejo o que uma autarquia, muito menos uma da província, como se disse em tantas universidades deste país, possa fazer. Ou dá brutais incentivos para que licenciados estrangeiros e nacionais invistam cá, ou cria empregos no funcionalismo público. E quantas mais responsabilidades exigirmos em matérias de Estado, mais ele pesará, mais difícil será ser empreendedor, e o destino será um pais de funcionários públicos, ou seja continuarmos na mesma linha.

A opção é nossa, não podemos é reclamar de não poder andar de barco no deserto, o deserto já existia quando comprámos o barco, os apoios e diversificações dos barcos foram atribuídos para que criemos rios, não para ficar à espera que chova.

Cristina Santos