De: Carlos Teixeira - "Acerca da Baixa do Porto?"

Submetido por taf em Quinta, 2006-07-13 12:46

Provavelmente existirão já referências ao que irei apresentar [de ordem muito mais própria] mas, como com certeza compreenderão, já há muita coisa a ler por aqui e o tempo é cada vez mais escasso. Se tal aconteça, aceite, por favor, as minhas desculpas.

A Baixa foi outrora fervilhante, era o Majestic ainda um café aberto ao público da cidade e não um espaço pseudoelitista/turístico como agora pretende apresentar-se.
Embora concorde com a excelente recuperação que foi feita ao café, juntamente com a que se realizou no Guarany, estas colidem com o que tem vindo a ser feito com a restante cidade: não há rejuvenescimento.

Falamos por aqui do El Corte Inglés e do ar fresco que trouxe a Gaia. Não foi só o espaço comercial que o fez, foi todo um conjunto de dinamização que tem vindo a verificar-se. Mas o Corte Inglês é um exemplo dos bons. Esse espaço abre diariamente excepto ao Domingo. Comporta-se, em muitos aspectos, como qualquer loja dita "tradicional" embora, obviamente, a superfície lhe permita criar massa crítica para uma melhor rentabilidade. Atrai povo e romaria.

Passemos agora a Santa Catarina. Deserta e com lojas a funcionar no "horário normal", excepto por alturas de Natal em que os proprietários lá resolvem "fazer um esforço" e mantê-las abertas durante mais algum tempo.
A qualidade das lojas é de avaliação subjectiva sendo ponto assente que servem a um grande leque social.
Mas não há dinamismo. Não há Associação Comercial digna do nome que invista na criação de actividades de dinamização numa rua tão especial e tão apta a tais eventos. Não existe um grupo de pressão que negoceie com as entidades competentes uma bonificação nos impostos durante algum tempo, altura em que os proprietários aproveitariam para remodelar, actualizar, enfim, rejuvenescer.
As entidades existentes e responsáveis pela cidade deixam os prédios morrer, as ruas definhar, não participam, não comparticipam, não dinamizam, não deixam dinamizar...

O Porto, senhores, é agora recinto de cruzamentos obscuros e zonas de diversão nocturna. Nada mais. Nem tascos dignos desse nome tem. E é pena.
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Cumprimentos,
Carlos José Teixeira