De: Paulo Espinha - "Crise?"

Submetido por taf em Sábado, 2009-06-13 07:45

Caros Amigos

Vamos subir um pouco a fasquia da discussão, Ok! Genericamente, o balanço faz-se entre o valor, o risco e a confiança. O mundo perdeu sensivelmente 50% do seu valor. Isto é, o valor mundial da raça humana no planeta terra, por grosso e por atacado, estava sobreavaliado. E não estamos a contar com as externalidades humanas sobre o pan-ecossistema. Elevou-se demasiado a confiança sobre riscos absolutamente incomportáveis. De um momento para o outro caímos na real. Portanto, o valor estava suportado por uma especulação desmedida num vórtice de confiança virtual e o risco estava escondido, ou apenas era do conhecimento de alguns. Exactamente, aqueles que estavam a auferir dos resultados da especulação sobre o valor.

1) Entretanto milhões de orientais e sul-americanos deixaram o nível de pobreza extrema. E porquê? Porque, não estando acomodados como os europeus e americanos, fizeram o seu percurso. Claro também, com a ajuda dos especuladores e gestores ocidentais, à custa da deslocalização global das organizações.

2) Entretanto uns fazem filhos e outros não. Impressionante, é que quem faz filhos ganha. Portugal não faz filhos. A Europa não faz filhos. Os Estados Unidos importam filhos. A China ainda faz filhos. E a Índia não faz de facto outra coisa que não sejam filhos. A Rússia não tem filhos para fazer filhos. Em África morrem filhos e pais.

3) Uns dizem que é a derrota do neo-liberalismo! Errado. A miséria humana não se derrota, vive-se com ela! É verdadeiramente extraordinário como ainda há “totós” que aceitam a dicotomia esquerda/direita. Não tenhamos receio dos marxistas, dos guevaristas e dos trótskistas – a miséria humana trata deles de forma voraz, mesmo que lentamente. Agora, cuidado com os nazistas, os leninistas, os maoístas e os bushistas, pois os métodos são pouco recomendáveis… A questão neste momento é a dialéctica entre conservadores e evolucionistas/reformadores. É sim a derrota dos governos e das governanças!

4) Vem aí uma nova guerra! Na primeira morreram cerca de 19 milhões. Na segunda pereceram cerca de 73 milhões. A nossa aposta é de cerca de 300 milhões na próxima! Número jeitoso… Nada, é pouco perante a fasquia de 9,5 mil milhões que se espera a raça humana venha a atingir, por aplicação dos modelos mais complexos de simulação da evolução.

5) E a Terra não se queixa? Nada. Na maior. A Terra ri! A sua perenidade ultrapassa a de Deus e Alá, logo está pacientemente à espera do “último dos moicanos”… Nós portugueses podemos estar descansados; se for a trabalhar, será um japonês de certeza. Contudo, haverá sempre o momento de “Um Último Português!

E o Último Português:

  • -Ainda dependerá da identidade dos seus antecessores gilianos? Ou, ajudado por verdadeiros sistemas de alavancagem, qualificou-se, tem iniciativa, é pró-activo, assume o risco e transmite confiança – isto é, tem valor real!
  • - Estará ainda assoberbado em impostos sucessivamente aumentados que lhe coarctam a sua dinâmica económica e social ou vive desses mesmos impostos resultado das cunhas que os seus antecessores conseguiram ao manter a dicotomia privilégio/caridade?
  • - Será um lutador com origem nas berças ou um snob urbano acomodado aos privilégios dos seus antecessores ou alguém sem os traumas dos primeiros e o cinismo dos segundos?
  • - Qual irá ser o seu valor? Actualmente, não é elevado – 36º. lugar no ranking PIB (PPC).

Perante isto, todos devem pagar impostos. Todos sem excepção. Só assim quem recebe sabe quanto custa e quem contribui em termos líquidos sabe que é correctamente aproveitado o que paga. Agora, não tem poder quem quer. Só tem poder quem pode e quem os outros deixam – até um dia. Os príncipes têm responsabilidades! Qual o verdadeiro valor dos príncipes? Será que os príncipes vão nus? E o bom senso dos príncipes?

“Um povo só pode ser feliz e próspero se estiver unido.” – Nicolau Maquiavel

Um abraço
Paulo Espinha