De: João Freitas - "Obviamente... enterrem-no!"

Submetido por taf em Quinta, 2009-05-28 17:26

O Parque da Cidade, na zona ocidental do Porto, foi previsto na década de 60 pelo Plano de Urbanização da autoria do Arq.º Robert Auzelle. Se atentarmos bem nesse instrumento de ordenamento, desde aí ficou definido que, além do estabelecimento inequívoco de um parque, se faria a ligação entre o Porto e Matosinhos por intermédio de uma via paralela ao mar, que retirasse o tráfego de atravessamento, da orla marítima, trasladando-o para oriente e deixando o passeio marítimo para usufruto do tráfego local, quer na marginal do Porto, quer na de Matosinhos.

Essa via, que do lado Porto tem a sua materialização efectuada entre o Campo Alegre e a Praça do Império através da Rua de Diogo Botelho, prossegue já em Matosinhos com a Av. Afonso Henriques, corolário lógico da ligação. Aliás, todo o desenvolvimento urbano de Matosinhos Sul se apoia na existência desta via de atravessamento. Faltaria, portanto e do lado do Porto, a construção da Av. Nun’Álvares e do seu prolongamento até Matosinhos ligando esta via à cabeceira da autoestrada A4.

Posto isto, nos anos 80 e 90, estabiliza-se o grandioso projecto do Arq.º Sidónio Pardal em que o Parque da Cidade se materializa como uma unidade única e una - daí advindo a sua extrema qualidade -, com um atravessamento lógico a oeste o qual, goste-se ou não, foi quanto a mim magnificamente interpretado por Antoni Solá-Morales na construção do Viaduto do Parque e a restituição à cidade da Praia Internacional.

Assim, ficamos num dilema, que até à data não foi resolvido e que é o do atravessamento – ou não – do parque. Sim, porque só haverá duas opções: ou se atravessa, ou se torneia. Não podemos decidir construir a Nun’Álvares sem equacionar a sua ligação à Afonso Henriques. Seria pior a emenda do que o soneto. Torneá-lo a nascente é algo difícil já que implicaria a reformulação das vias naquela zona (Av. do Parque, Rua da Vilarinha). A poente é viável mas, quanto a mim, não deverá ser executado outro atravessamento além do viaduto existente. Assim, lá vem outra vez a conversa da exequibilidade de colocação do metro sobre o viaduto do parque!

Ou… enterra-se tudo!

Desafio! Porque é que não se pensa numa solução de enterramento total - viário e ferroviário – sob o parque, com as duas valências, quiçá obtendo reduções significativas de custo e resolvendo o que está por resolver há 30 anos! Será que o enterramento de 300 metros, sob o parque, será um aumento de custo exagerado para quem já acedeu a enterrá-lo desde o Fluvial? Será que um projecto comum em túnel (não necessariamente um túnel comum) não reduzirá substancialmente os custos envolvidos para ambas as partes (Câmara e Metro)?

Sei que não é comum estes projectos integrados serem viáveis a menos que o Metro faça e pague tudo, mas não estará aqui uma boa ocasião de provarem o contrário?

João Freitas