De: José Silva - "Colonização 2.0"

Submetido por admin em Sexta, 2009-02-20 12:28

Segue um texto da autoria de António Maria que pela pertinência sugiro a publicação n'A Baixa do Porto, identificando o respectivo autor.

Cumprimentos
José Silva

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A pandilha de Macau está a dirigir-se ao país como o Ali Babá e os 40 ladrões.
O vale do Tua tem 30 km de Zona Demarcada do Douro que ficará debaixo de água se a barragem for consumada.

Estive a conversar com um engenheiro construtor de barragens e especialista em energia, que por razões da óbvia necessidade de protecção da fonte, num país dirigido por piratas que usam e abusam do ministério público, dos serviços de informação da república e das polícias para prosseguirem os seus fins corruptos, não divulgo. A conversa girou em volta deste artigo. Passo a resumir os argumentos mais importantes:

1) Há um verdadeiro assalto aos rios portugueses (sobretudo aos afluentes ainda intactos dos grandes rios Douro, Tejo e Guadiana) programado pela EDP e pela Iberdrola —a irmã espanhola da EDP dirigida no nosso país por um traidor chamado Pina Moura—, com os préstimos do Pepe rápido de Freeport, colocado onde está pela tríade de Macau.

2) Os ventos, imprescindíveis à energia eólica, são variáveis e oscilantes, e essa variabilidade não está coordenada com o consumo da energia eléctrica.

À noite há vento, mas não há consumo eléctrico ou são comparativamente baixos e pouco rentáveis na perspectiva das empresas que nos vendem a energia, pelo que Portugal importa energia vendida pelas centrais nucleares francesas ao preço da uva mijona.

E de dia, quando se dão os picos de consumo (que a EDP vende a preços exorbitantes), o vento sopra onde quer e quando quer, pelo que centenas ou mesmo milhares de ventoinhas eólicas estão frequentemente paradas, como qualquer um de nós já teve oportunidade constatar.

Ora é precisamente nos picos de consumo que a EDP e a Iberdrola mais precisam de energia gerada no nosso país. É durante estes picos que estas empresas puxam ao máximo pelos preços, contribuindo, também por esta via, para a reconhecida falta de produtividade da economia portuguesa!

Ao coalharem o país de ventoinhas (em vez de terem planeado a coisa de modo progressivo e sustentável), para suprirem a capacidade de geração da centrais hidroeléctricas, precisamente durante o dia e sobretudo nas horas de ponta, esqueceram-se de avaliar correctamente a variabilidade e oscilação dos ventos, pelo que, depois de terem investido milhares de milhões de euros nas ditas ventoinhas (oriundos nomeadamente dos mercados financeiros especulativos), descobriram que o débito das mesmas é criticamente imprevisível e não chega para as encomendas! Ou seja, a peneira desenhada para colher as pepitas douradas dos picos de consumo energético, não consegue cumprir os objectivos anunciados — nomeadamente aos accionistas e especuladores que investiram nos cartéis energéticos de todo o mundo, nomeadamente em Portugal.

Daqui a necessidade de um plano urgente de novas barragens, com grupos reversíveis — i.e que permitem forçar a água que move as turbinas regressar de novo às albufeiras —, situadas nos afluentes dos grandes rios portugueses, e cujo principal objectivo é suprir a grande e escandalosa falha do programa eólico nacional.

As novas barragens têm como principal objectivo produzir a energia prometida pelas ventoinhas que infestam o país, por vezes em zonas onde nunca deveriam ter sido colocadas. Ou seja, em vez de se correr com o incompetente e arrogante Mexia da EDP, temos que ouvir este capataz do Bloco Central dizer que quer corrigir os erros crassos de que é responsável à custa de toda a espécie de ilegalidades e sobretudo da destruição de patrimónios e recursos insubstituíveis! Em nome de quê devemos aturar esta criatura indecente e medíocre?

2) Para construir a barragem do Tua privam-se as populações do direito constitucional de conservar uma ligação ferroviária à rede nacional (a Linha do Tua) - sem restabelecimento possível, no caso de a inundação do vale do rio Tua se consumar. Para construir as barragens do Tua, Sabor, Fridão, etc..., ameaçam-se populações (se for construída a barragen do Fridão, e um dia houver um azar, e o paredão da barragem ruir, a cidade de Amarante ficará submersa!), destroem-se habitats insubstituíveis, eliminam-se paisagens únicas, e depois, o emprego temporariamente criado evapora-se, e ficam apenas barreiras físicas e corporativas ao desenvolvimento local.

Ninguém pesca, perde-se o direito à água que sempre fora público, ninguém navega — em suma, deixa-se que empresas privadas sem controlo e prepotentes realizem uma autêntica conquista económica e física de uma parte crucial do território nacional.

Douro e Trás-os-Montes, ao contrário do que se julga, não são pobres.

Pobre é a maioria da gente que lá vive! Mas daquele vale do ouro (daquele rio Douro) vem boa parte da riqueza nacional. Sob a forma do vinho e azeite que todos conhecemos e apreciamos, mas ainda mais como boa parte da água e da energia eléctrica que alimentam as grandes cidades-região de Lisboa e Porto! Ou seja, rios que correm em Portugal, sobretudo o rio Douro e seus afluentes, são hoje muito mais valiosos que o ouro que já não temos! Como foi possível deixarmos avançar as abutres da globalização neo-liberal por tamanha riqueza dentro?

É preciso renacionalizar a EDP quanto antes!

E é preciso restringir claramente os direitos das empresas privadas envolvidas na exploração dos recursos hídricos e energéticos nacionais. EDP, Iberdrola, Endesa, etc. não podem continuar a comportar-se como assassinos ecológicos e salteadores impunes da água e das energias renováveis dos países por onde andam. Há que reverter o processo pulha que conduziu à privatização destas outrora empresas públicas dos dois países ibéricos. -- OAM

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ANTONIO CERVEIRA PINTO