De: Sérgio Caetano - "Para que servem os nossos eleitos?!"

Submetido por taf em Segunda, 2009-01-05 23:53

Caro António da Costa Mestre.

Compreendo perfeitamente a sua indignação. De facto o nosso dinheiro não deveria servir para reabilitar espaços emblemáticos como o Palácio do Freixo ou o Rivoli, para depois os entregar à exploração a empresas carenciadas como o Grupo Pestana e a Bastidores/Produções La Feria. Do mesmo modo não acho aceitável que o nosso dinheiro seja usado para reabilitar o Bolhão para depois o entregar a um outro grupo qualquer que se encarregue de o explorar da forma que entender. Cabe aos autarcas democraticamente eleitos gerir os espaços públicos municipais, com ideias e soluções que sirvam neste caso a cidade do Porto. Se não houver nada para o executivo gerir não se queixem da abstenção...

É curioso que afirme que a Câmara do Porto anulou o concurso com a empresa porque esta "não estava a cumprir as exigências impostas pela autarquia, concretamente no que respeita à preservação do edifício". Eu tenho a certeza que não endoideci, e que foi essa mesma autarquia que elaborou o concurso, escolheu e defendeu o projecto da TCN.

Presumo que também o incomode o facto do Igespar, com este protocolo, ter que investir num novo projecto para o Bolhão contratando uma equipa de arquitectos para o realizar, quando já aprovou um, que foi pago em 1989 e que podia perfeitamente ser recuperado. De onde vem este dinheiro?

Quanto ao debate de sexta-feira, de facto a produtividade dos nossos eleitos anda pelas ruas da amargura, uma vez que ele já devia ter acontecido na sequência da petição subscrita por 50.000 cidadãos (cinquenta mil) no início do ano passado. Se ler o texto da petição percebe que ela ainda está actual, até porque, pelo que se sabe, o Bolhão continua e continuará no estado degradado em que se encontra sem condições para utentes e comerciantes, à espera de uma decisão judicial que certamente se arrastará por muito tempo e que até pode ser desfavorável à autarquia.

Se a intenção é "esvaziar" o Bolhão, parece-me que estamos no bom caminho...
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Nota de TAF: Lembro que a aprovação do (na altura) IPPAR não existe nem, ao que sei, nunca existiu. Primeiro porque agora se trata de um edifício classificado, com restrições legais diferentes, e na altura não era. Segundo, porque a "aprovação" terá sido quando muito apenas informal, como já anteriormente aqui se escreveu.