De: F. Rocha Antunes - "Exemplo do quê?"

Submetido por taf em Segunda, 2006-06-26 12:25

Caro Pedro Lessa,

Li com muito interesse e atenção o que escreveu sobre as contas do investimento da SRU no prédio da Rua das Flores. Não consegui perceber o que lá escreveu, certamente por limitação minha.

Então os custos de projecto são zero? E o valor do edifício não entra na equação?

O problema da Baixa, do ponto de vista do investimento imobiliário, é o excesso de custos para uma fraca rentabilidade do capital. De uma forma mais técnica, é a especulação fundiária que tem sido excessiva quando comparada com as alternativas de investimento existentes na região, a que se soma a dificuldade de aprovação de projectos.

Como presumo que o Pedro é arquitecto não lhe preciso de explicar que os projectos de requalificação ou reconversão são percentualmente mais caros que os de edifícios novos, uma vez que dão mais trabalho e o valor da obra, quando se está a manter elementos existentes, não é necessariamente superior ao novo.

Não se pode confundir o investimento imobiliário na transformação dos edifícios com o empate de capital na propriedade dos imóveis. São actividades diferentes, com lógicas de remuneração e riscos diferentes. O que a Baixa precisa é de investimento na transformação dos edifícios. O que tem de sobra é especulação fundiária.

Por isso não entendo o que disse quanto ao exemplo que a SRU devia dar. Deveria ignorar o custo dos projectos e dos imóveis? E isso beneficiava quem? Quatro pessoas? E que exemplo dava, o de ter feito as contas de maneira que mais ninguém pudesse imitar? E quem eram os arquitectos que estavam disponíveis para repetir a experiência? Ou voltamos à lógica de investimento do CRUARB?

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

PS. Caro Rui Valente, a cidade e a praça pública são de quem a frequenta e a considera sua. Não devemos ter a tentação de classificar as pessoas por bons portuenses e por perigosos estrangeiros. O Porto sempre foi maior que todos os maniqueísmos que lhe quiseram atribuir. Coisa diferente é estarmos ou não de acordo sobre qualquer assunto. Eu, que não nasci do Porto mas que adoptei a cidade como minha, gosto de citar Sophia nestas alturas “Porque nasci no Porto sei o nome das flores e das árvores e não escapo a um certo bairrismo. Mas escapei ao provincianismo da capital.”