De: Cristina Santos - "O valor das jóias"

Submetido por taf em Quarta, 2008-10-08 11:41

Não sei se entendi bem a questão de Manuel Leitão. Corrija-me se estiver enganada. Quer dizer com a sua participação que a enorme publicidade e promoção em torno da reabilitação da Baixa fez surgir novos especuladores, que pretendem vender espaços em ruína, ou inadaptados para usos actuais, por valores de jóias raras, atribuindo-lhe um valor de mercado excessivo, acrescido de um valor simbólico, que torna qualquer investimento irrealizável a médio prazo.

Os preços pedidos pelos prédios «velhos» são uma referência a que não deve ser dada grande importância. Se é caro e abusivo é ignorá-lo e fazer uma oferta. Apresentar relatório de anomalias (pode ser verbal), contas feitas, e demonstrar que na cidade há mais de 2 mil prédios para venda, portanto se a oferta, que quase sempre gira em torno dos 60% do pedido, não agrada a esse proprietário restam 1999 prédios onde investir.

Dr. Joaquim Branco está correcto na sua análise, a questão não se dirige a quem vende, mas sim a quem compra para reabilitar, ou já tem e reabilita. Os outros que mantêm os prédios em ruína, esses são desde sempre o problema. Há muitas formas de investir, por exemplo a nível particular, podemos pegar num edifício de 3 andares, fazer 1 comércio, 1 habitação própria e outra para aluguer. Temos que fazer contas de tudo isto, não pensar só no preço de aquisição, como no preço de reabilitação, quanto é que a habitação alugada reduz ao crédito, etc, e termos noção até onde podemos ir.

Isto com a consciência de que os valores que pedem os proprietários devem ser negociados, não se deve desistir só porque aparece um lunático a querer vender por milhares de euros. Experimentem oferecer 60% disso. Ou quer vender ou que fique com o imóvel e o reabilite para não ser multado ou expropriado. Como o Francisco disse em tempos, deviam ser públicos os valores das escrituras, a maioria iria ter uma surpresa, é que raramente os prédios são vendidos pelo preço anunciado, na maioria das vezes baixa-se entre 30% a 40% desse valor. Quem não o faz sujeita-se a ter a jóia ao alto, e ainda ser multado e incomodado por isso.

Claro está que após reabilitação o prédio terá outro valor, mas sempre um valor de acordo com o investimento realizado, valor este que deve já estar previsto quando se faz uma oferta de compra de um imóvel e quando se calcula um preço para aluguer.

Investir é agora, que o mercado está do lado do investidor. Aproveitem a crise, tragam os preços até 50% e não se intimidem em oferecer valores tão rasos, é que há jóias que para serem usadas têm de ser polidas e talhadas, e isso deve ser retirado do valor inicial. O dono da jóia não foi sensível à questão? Não se apoquentem, o Porto em termos desse tipo de jóias é um verdadeiro tesouro, há para todos os níveis e para todos os gostos. É só uma questão de procurar.

M. cumprimentos
Cristina Santos