De: Rui Encarnação - "Perdão?"

Submetido por taf em Terça, 2008-06-24 23:58

Caro TAF:

Fui seguindo os seus posts cronológicos a propósito do congresso do PSD/PPD. Fiquei assombrado e aterrado com as palmas, vivas e outras manifestações de alegria com o protagonismo novamente assumido pelo nosso (pelas regras democráticas) Presidente da Câmara e, também, pelo conteúdo da sua brilhante intervenção.

Se bem percebi, quando o PSD se reúne em congresso para discutir caminhos, rumos, para o combate político de oposição e, principalmente, para o país (pelo menos deveria ser assim), o Dr. Rio vai e desata a carpir mágoas sobre o estado da Justiça? Perdoem-me, mas o problema essencial do país, ou um dos problemas essenciais do país é a Justiça? É por isso que o país se atrasa dia-a-dia e lenta, mas firmemente, caminha para sua declaração de insolvência? Se for, teremos encontrado o iluminado que nos vai tirar desta desgraça e desnorte em que nos encontramos, pois com uma larga fornada de juízes, com a ilegalização do julgamento de questões políticas nos tribunais (e já agora desportivas, de capitais, de investimentos, de aplicações financeiras no estrangeiro, etc, etc...) e meia dúzia de edifícios, acompanhados por alguns computadores, está resolvido o problema e passaremos todos a viver melhor.

Mas se não for bem assim, se esse for apenas um dos problemas que nos assolam, mas não for nenhum dos fulcrais, dos essenciais, então, perdoem-me, mas: PARA QUE RAIO FALOU O SENHOR DA CRISE NA JUSTIÇA! E palmas? E Vivas? E festa e alegria? Porquê? Será que se vão aplicar nas próximas campanhas do PSD os princípios da extrema solidariedade social, e ficarem proibidos os anúncios de televisão, os outdoors, os flyers, os chapeuzinhos, bandeirinhas e caravanas, e vão passar a fazer-se sopas dos pobres nos bairros sociais, entre lágrimas e abraços comovidos por tanta solidariedade...

Meu caro: Perdoe-me, mais uma vez, mas o que se vê do congresso, e de congressistas destes, é a absoluta falta de pensamento político. Não de pensamento da política partidária, pois nisso vejo muito brilhantismo / maquiavelismo (sem desprimor), mas sim de pensamento sobre a essência da política na sua dimensão social e fonte da organização das sociedades... Ou seja: sobre o que é que PSD pensa fazer para que o País, o Norte e o Porto, ultrapassem esta monstruosa crise, como é que pensa projectar o País, o Norte e o Porto, no futuro, nada. Absolutamente nada!

E Viva a credibilidade da nossa (cruz credo!) classe política...