De: Daniel Rodrigues - "É gestão, mas..."

Submetido por taf em Quarta, 2008-04-09 10:47

«Algumas especialidades, nomeadamente a de Cirurgia Cardiotorácica, atenderão também utentes dos distritos de Bragança, Vila Real e Porto, dando resposta às necessidades da zona Norte.»

Está correcto. No entanto, será que em 2012 teremos completa a IC5? E, pelo menos, duas faixas até Vila Real, substituindo o obsoleto IP4? E, já agora, para quando a ligação a Vila Real e Bragança por comboio? Não haverá, como para a rodovia, um plano ferroviário nacional decente ligando todas as capitais de distrito? Bom, esperemos que 2012 represente de facto um ano em que o Norte, e em particular o mais profundo, esteja preparado para encarar novos desafios.

Entretanto, enquanto pesquisava por notícias sobre o Nordeste Transmontano, deparei com um discurso fresco e tão diferente da política a que estamos habituados em Portugal! É de 2005, mas vale a pena realçar:

«No que toca ao traçado, as opiniões dos autarcas dos concelhos abrangidos pela via são divergentes, mas todos classificam a obra de "urgente". O presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, Morais Machado, assume-se como um defensor do corredor ao longo da EN 216 e a Ponte de Remondes, alegando que só assim é possível "desencravar" a parte norte do concelho. No entanto, o autarca considera que o "desenvolvimento dos concelhos do sul do distrito, depende da construção do IC5", pelo que acabou por concordar com o traçado delineado. Na óptica do edil, Mogadouro vai ficar prejudicado a Norte, mas vai ficar a beneficiar das ligações ao Sul e ao litoral". A mesma opinião é partilhada pelo presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, João Carlos Figueiredo. "O traçado norte desencravaria mais o concelho de Alfândega, onde temos piores acessos, mas entendemos que os investimentos que já foram efectuados entre Sardão e Meirinhos não devem ser postos de lado", salientou o edil.»

Tivessem todos os responsáveis políticos o mesmo discurso, ponderando vantagens e desvantagens, entendendo que 'investimentos já efectuados não devem ser postos de lado', tendo opiniões divergentes, mas sendo capazes de concordar que as outras alternativas podem ser igualmente válidas, e assumindo a sua defesa enquanto representantes dos cidadãos, e certamente Portugal (e, em particular, o Porto e o Norte, onde quezílias e pequenos poderes mais se degladiam) estaria bem melhor.

Por exemplo, seria bom que os agentes da sociedade pudessem dizer: 'O Mercado do Bolhão precisa de uma intervenção urgente, não concordamos que seja transformado em centro comercial, mas não temos de defender unicamente um só projecto de um só arquitecto.' Por outro lado, a Câmara podia entender que tem forçosamente de entregar alguns equipamentos públicos a privados, mas poderia manter a última palavra para que o tipo de intervenção fosse de acordo com a vontade da sociedade civil e aproveitar para reforçar e melhorar outros equipamentos públicos. Enfim, pesar prós e contras, dar o braço a torcer, e sobretudo lutar em conjunto por um único objectivo: ter menos capelinhas e mais igrejas.

Saudações tripeiras
Daniel Rodrigues