De: F. Rocha Antunes - "A Quadratura do Círculo?"

Submetido por taf em Quinta, 2008-03-06 14:12

Caro António Alves

Presumo que sabe, e se não sabe fica a saber, que é uma das pessoas que leio com a maior atenção pela evidente qualidade das suas opiniões. E provavelmente não sabe, nem teria que saber, que sou responsável por duas propostas de investimento em concursos públicos promovidas quer pela Câmara do Porto quer pela Porto Vivo SRU, na Praça de Lisboa e no Quarteirão de D. João I.

Nas primeiras duas vezes que escreveu contra as concessões feitas pela Câmara, em que apresentava como principal argumento o prazo ser demasiado longo, não me senti compelido a escrever porque considero o argumento fraco, já que as Câmaras existem para tomar decisões, nomeadamente na área do Urbanismo, que têm sempre efeitos por muitas décadas, e a comparação com o Rivoli pareceu-me descabida.

Neste seu último post insinua, sem hesitar, que as concessões são negociadas em gabinetes fora do escrutínio de todos, o que já raia o insultuoso para quem anda metido nisto e é o contrário do que tem sido feito aqui no Porto. Os concursos públicos são isso mesmo, públicos, e as pessoas só não intervêm mais porque isso dá trabalho e é uma chatice: é preciso perder tempo, ler tudo, formar uma opinião e acompanhar o processo. Mas tudo o que pretendem saber está ao seu alcance, e francamente eu ainda não descobri maneira mais correcta de se atribuir a concessão de um bem ou de um direito público.

Uma das qualidades das suas opiniões costuma ser a não se ficar pela crítica destrutiva e inconsequente, mas a de apontar soluções, muitas delas resultado de um discernimento e reflexão acima da média. Espero que neste caso me indique qual é a sua alternativa à concessão a privados, através de concursos públicos, para os espaços que precisam não apenas de investimento mas de quem queira assumir o risco desse investimento e permita que equipamentos que são problemas por resolver passem a ser espaços activos na vida da cidade.

Como também sou liberal, não espero que me venha dizer que é com o recurso ao cada vez mais escasso dinheiro público que se resolve o problema. Aguardo curioso pela sua solução.

Francisco Rocha Antunes