De: Alexandre Burmester - "Nebulosas mentais"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-23 20:42

O mercado do Bolhão continua a ser o “Leitmotiv” da comunicação social, e da discusão apaixonada e premente que corre quer pelos bolgs, quer pelas discussões sociais. Decidamente não tenho manisfestado outra opinião da que dei anteriormente, quer aqui no Blog, como para a comunicação social. E continuo a achar um disparate tanta discussão sem sentido, tanto discurso apaixonado e tantas asneiras que se continuam a proferir acerca da sua intervenção.

A operação que se prevê para o Bolhão é a título técnico uma Reabilitação que pressupõe por um lado Restauro e por outro novas utilizações. Não me parece em tempo algum que se pretenda destruir o património existente. Para isso terá que haver um projecto que assim o imponha e uma aprovação do IGESPAR que o permita. Estas duas condições ainda não aconteceram, quando for a altura certa, e com os dados concretos em cima da mesa, deverá haver então uma discussão pública e um esclarecimento claro sobre as suas implicações. Até lá só vejo ruído.

É perfeitamente lícito que a Câmara, que não tem capacidade nem para se gerir, deixe que a iniciativa privada tome conta de muito do seu património, que ao invés de continuar decrépito, abandonado e com utilizações obsoletas, passe a ter funções adequadas à vida da cidade e possa de novo ser devolvida ao uso da população. Disto é exemplo não só o Bolhão que se encontra há anos em decomposição, como a Praça de Lisboa que está abandonada, como o Mercado Ferreira Borges que para pouco serve, o Palácio de Cristal que se encontra mal gerido, mas ainda uma enorme lista de equipamentos que existem na cidade e que quer pela falta de uso, ou pelo mau uso, deveriam ser transformados, Reabilitados e devolvidos à vida urbana. Destes poderia destacar muitos:

  • - Os Quarteis militares que não têm qualquer utilidade que não seja o usufruto dos milicos de alta patente;
  • - Os Fortes e os farois existentes na costa, que apenas servem para clubes de caserna;
  • - Os conventos e igrejas abandonados que para nada servem às entidades eclesiásticas;
  • - Antigas instalações desocupadas, como a Lota de Massarelos, as antigas instalações da EDP junto ao rio, e antigas fábricas desocupadas;
  • - Edifícios de Guarda Fiscal, que apenas albergam desocupados;
  • - Antigos palácios e sedes de empresas que proporcionam rupturas nas continuidades urbanas.

Não compete só à Câmara, como também a outras entidades, a obrigação de rentabilizar estes imóveis, permitindo que possam inserir-se na vida da cidade, e não continuem a ser um cancro moribundo no espaço urbano. Compete-lhes e deveriam ter essa obrigação. Não me interessa se deviam ser concessionados ou vendidos, interessa apenas que se mantenham as qualidades arquitectónicas e históricas que se justifiquem, estando salvaguardadas por regras de obrigatoriedade de restauro e de manutenção.

Infelizmente neste processo do Bolhão temos assistido a uma incapacidade comunicativa por parte da Câmara de saber explicar e justificar estas suas opções. Não percebo muito bem porque o Rui Rio não é capaz de dar a cara, de vir à discussão pública e de justificar as suas opções. Quer fazer de conta que não é nada com ele? Ou achará que as pessoas não tem o direito às justificações? Corremos outra vez o risco de enveredarmos pelo caminho “Sá Fernandes”, das Providências Cautelares, e dos tempos mortos da nossa “InJustiça”, para que no fim não aconteça nada e que tudo continue na mesma.

Nota:
Hoje foi noticiado nos jornais a atribuição do primeiro lugar ao Arq. Balonas para o projecto de reconversão das margens do Douro. Fico contente por ele, porque existe um projecto (que me parece consistente), mas ficarei muito mais contente se porventura o projecto venha a dar lugar a obra. Infelizmente temos um rio entre duas cidades que apalermadamente não dialogam. Seja este um motivo que quem sabe também sirva de rastilho à nossa união.

Alexandre Burmester