De: Pedro Lessa - "Bolhão"

Submetido por taf em Quinta, 2008-02-14 19:10

Por manifesta falta de tempo, não tenho participado no blogue, não deixando, no entanto, de diariamente o consultar. Intervenho hoje porque as várias participações que vou lendo me levaram a tal. Penso que estamos todos de acordo com a necessidade de Reabilitação do Mercado do Bolhão. A questão é que não será a qualquer custo.

Tirando a questão política, que já desisti de comentar tal o dano e prejuízo que a cidade tem sofrido (num futuro próximo, as consequências serão evidentes), a questão programática (ou Imobiliária, se quiserem) é a que realmente está em discussão. Espanto-me quando leio algumas opiniões, onde se afirma que o projecto A é diferente do B. O que se deve comparar é o programa do projecto existente com o proposto. E o projecto do arq. Joaquim Massena obedeceu a um programa que na altura teve de ser aprovado por quem de direito. Se era o ideal ou não, podemos discutir, mas não se diga que o projecto responde ou não às necessidades actuais do Mercado. Posteriormente, verificaremos se o projecto de arquitectura apresentado responde às necessidades programáticas exigidas (que são as que estão agora em discussão). E se terá qualidade, o que vendo pela amostra, deixa-me já cheio de arrepios, como o exemplo do espaço fantástico em Dordrecht

O que posso garantir relativamente ao projecto de arquitectura do arq. Joaquim Massena, pelo que fui acompanhando na altura, é que foi efectuado com todo o rigor e profissionalismo que uma obra desta envergadura exige. Sendo na altura meu orientador de 6º ano no meu projecto final de curso, foi com bastante interesse, e até admiração por vezes, que me fui apercebendo da evolução do projecto e acima de tudo pelo respeito dos princípios de Reabilitação, da instituição Mercado, assim como pelas pessoas que lá trabalhavam. Diga-se a título de exemplo que sentiu necessidade de lá abrir um espaço para lidar directamente com o dia a dia do Mercado e o contacto directo com as pessoas. Nem todos o fariam.

Portanto, caro Luís Filipe Pereira, o arquitecto Joaquim Massena não tem saber se existe alguém interessado em executar o seu projecto ou financiadores, porque na altura era a Câmara que o pretendia fazer, se calhar porque tinha ideias e projectos para o Mercado, coisa que a Câmara actual não tem nem nunca teve. Nem para mais nada, aliás. E quando diz que “não percebe nada de Arquitectura nem de recuperação de imóveis”, deve reflectir se percebe sobre mais alguma coisa, porque não existe nenhuma campanha de desinformação, apenas a defesa de um projecto para a Cidade e as suas gentes, genuinamente do Porto, que acabam eliminadas com este projecto. E já agora, gostava que me explicasse quais são os encaixes financeiros decorrentes, em relação à pessoa do arquitecto autor do projecto.

De referir que não tenho interesses, nem nada me move a favor desta ou doutra solução, muito menos me considero defensor de quem quer que seja. Apenas reivindico o respeito pelas pessoas assim como pela Cidade.

Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa.
pedrolessa@a2mais.com