De: Carlos Manta Oliveira - "Resposta a Joel Andrade"

Submetido por taf em Quarta, 2008-02-13 15:14

Caros leitores d'A Baixa do Porto e caro Joel Andrade

Uma vez que fez uma pergunta, tomo a liberdade de lhe responder. Não sei se eu sou um velho do Restelo, que se recusa a alinhar nestas manifestações, ou um miúdo com o descaramento de dizer "o Rei vai nú". Mas voltando à pergunta, a razão pelo qual a imagem não "pulou" é simples, é porque é um esboço inicial que foi abandonado, conforme a notícia do Público referenciada aqui no BPD. Não faz parte de nenhum dos esboços apresentados no site da TCN. Nem sequer das descrições publicadas pela CMP ou pela TCN.

O interesse, ou "a razão" de trazer de volta um dos esboços entretanto abandonados é extremamente claro para mim, é o de lançar ao máximo a confusão e se já era um erro comparar esboços com projectos de arquitectura, mais o é de sugerir a comparação com esboços de ideias entretanto abandonadas.

É o mesmo interesse que leva a citar uma notícia publicada no Jornalismo Porto Net, em que o jornalista menciona "demolição do interior", mas não leva a mencionar todas as restantes notícias, como as que garantem que "manter o mercado aberto é fundamental", "vamos respeitar a herança histórica", as garantias de que os "comerciantes que quiserem continuar" vão ter contratos, ou de que o supermercado pode vir a cair do projecto, pois já existem 3 na vizinhança, e existe o risco de concorrência com o mercado. Ou de que por exemplo o projecto de arquitectura irá estar pronto dentro de 3 a 6 meses, e de que está está a ser elaborado com base em reunião com técnicos do IGESPAR. É importante esclarecer que o que em Dezembro foi anunciado foi o vencedor do concurso público para a concessão do espaço por 50 anos, e não um projecto de arquitectura.

Eu diria que está na hora de os cidadãos do Porto começarem a pensar pela cabeça deles, e não acreditarem em tudo que lêem. Em especial quando se fala em demolir prédios da cidade protegidos pelo IGESPAR. É bom que percebam que em cada conflito há pelo menos duas versões, e que se calhar a versão mais realista está algures no meio. Pessoalmente vejo este movimento da manifestação com um crescente cepticismo. Por um lado é verdade que é a falta de transparência, informação e diálogo com os munícipes que dá azo a que surjam as especulações. Por outro lado, não estando eu à espera que fossem publicar as entrevistas em que a TCN garante que os comerciantes terão lugar garantido no futuro Bolhão, e que as recomendações do IGESPAR serão integralmente respeitadas, acho que a publicação de esboços abandonados quando se fala da possível eliminação do supermercado um acto de evidente manipulação.

Será que existe algum receio em que o projecto de Massena seja comparado com o de Matthew vander Borgh da C Concept Design? (Que curiosamente projectaram um espaço fantástico em Dordrecht, uma espécie de Rua Santa Catarina coberta.) Não vou dizer que o que de fora é que é bom, mas gostava de poder comparar os dois projectos lado a lado. Conforme referi antes não vislumbro diferenças significativas entre as duas propostas. O que vejo é muita vontade de levantar poeira e confusão, de retirar e manobrar informação. Parafraseando Joel Andrade "Qual a razão?"

Cumprimentos,
Carlos Oliveira

P.S.: Infelizmente por motivos profissionais não pude comparecer a um debate que teve lugar salvo erro faz hoje 15 dias. Se algum dos intervenientes nesse debate puder esclarecer quais as diferenças entre os conceitos do Arquitecto Massena e os da TCN ficaria muito grato. (Por conceitos entendo utilização do espaço, não pormenores de arquitectura, nomeadamente número de pisos de estacionamento, número e área de lojas, área reservada a estacionamento, área reservada a praça de alimentação)