De: José Rocha - "Uma mentira, uma traição, uma covardia"

Submetido por taf em Quinta, 2008-01-10 11:20

Caro TAF:

No seu post “Democracia podre” de cujo conteúdo não discordo, julgo faltar algo um outro responsável. Daí que lhe envie o seguinte post publicado no Abaixa-voz".

Cumprimentos
José Rocha

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A decisão de não referendar o Tratado Europeu revolta-me, pela mentira. Enoja-me, pela traição. Entristece-me, pela covardia.

A revolta, surge da mentira descarada de José Sócrates. Para justificar a sua atitude, diz que a sua promessa de referendo foi em relação a um outro tratado. Mente e tenta fazer de nós estúpidos. Trata os portugueses como mentecaptos. Todos, inclusive os apoiantes do PS. Como pode Portugal progredir com um 1º Ministro assim? O carácter já não conta? A seriedade moral já não é uma virtude?

O nojo, advém da traição de Filipe Menezes aos votantes no PSD nas últimas eleições. Que votaram neste partido com a convicção de que o referendo definido no seu programa eleitoral seria defendido, mesmo que houvesse mudança de líder. Quem se julga este homem para rasgar compromissos que são o principal cimento da continuidade partidária? Como pode Portugal progredir com um líder da oposição assim?

A tristeza, tem motivo na covardia de Cavaco Silva. Com receio de que o referendo – instrumento que, justiça lhe seja feita, nunca apoiou - pudesse ser não vinculativo ou, na pior das hipóteses, rejeitasse o tratado, colocou de parte uma das mais importantes ideias que defendeu na sua campanha eleitoral: a da sua exigência quanto ao cumprimento das promessas dos políticos, como forma indispensável de moralizar a política. Ora, Cavaco Silva – em quem votei – tem plena consciência da forma grosseira como os políticos ultrapassaram esse princípio ético. Como pode Portugal progredir com um Presidente da República assim?

Fica uma última pergunta: Porque não se uniram estes três responsáveis pelo nosso pobre país e, decidindo fazer um referendo, usarem todos os meios para convencerem os portugueses a ir votar, explicando o quanto é indispensável estar na União Europeia e, por isso, dizer sim ao tratado?

Portugal arrasta-se, empurrado por políticos incompetentes, para o abismo. A esperança de um país melhor esvai-se. Vivemos de aparências, até à falência final. Os sonhos do pós 25 de Abril, do pós adesão europeia, lentamente vão saindo da memória. Será que esta é a democracia defendida pelos nossos pais? Será que esta é a democracia que deixaremos aos nossos filhos? Se é, pobres filhos.

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Nota de TAF: Caro José Rocha, ao referir a Assembleia da República pretendi referir-me também aos partidos lá representados (neste caso concreto PSD - Menezes também, apesar de não ser deputado, de facto - e PS). A minha preocupação foram as instituições, mais do que as pessoas individuais. Estas últimas são humanas, fracas. Já as primeiras tinham obrigação de ser mais sólidas.