De: Alexandre Burmester - "Ditadura cada dia mais rica"

Submetido por admin em Quarta, 2008-01-09 23:58

Vem isto a propósito do título de hoje do Jornal de Notícias “Zonas urbanas com limite de 30 Kms por hora”, e vem igualmente a propósito desta onda actual legislativa que tanto caracteriza o nosso País - A PROIBIÇÃO. Seja a proibição de fumar, seja a de colocar demasiado sal na comida, seja outra qualquer que ultimamente assolam estes cretinos que abundam na nossa vida política e na nossa Assembleia da República.

Ora seguindo a notícia referida, dita esta que a Estratégia Nacional aposta na redução de velocidade para melhorar os resultados de sinistralidade. Fantástico, se há gente inteligente, está aqui um bom exemplo. Aliás basta ouvirmos as autoridades sobre as causas dos acidentes, e regularmente vemos um GNR de bigode dizer que a causa provável do acidente foi a velocidade. Existirá alguma verdade maior? Claro que não, porque se ao contrário o veículo em questão estivesse parado e nem saísse à rua, de certeza que não teria provocado o acidente.

Infelizmente para estes inteligentes, a quem a gente paga para regulamentar, fiscalizar e gerir o espaço automóvel neste País peca pela completa incapacidade e incompetência:

  • - As estradas e as ruas deste País apresentam erros grosseiros de concepção, de sinalização e principalmente de conceito. Teremos a maior rede de “caminhos” do mundo, que se chamam estradas, e temos hoje nas cidades verdadeiras rodovias no lugar das ruas;
  • - As polícias investem na caça à multa (até porque têm interesse directo na sua aplicação ???), e deixam o papel da prevenção, da vigilância e da ajuda, para papéis secundários;
  • - As taxas automóveis que se aplicam obrigam o português a comprar os “Clios”, “Corsas”, e outras carripanas mais baratas, porque os carros com os sistemas de controle e de segurança não estão ao alcance dos seus bolsos, e dos impostos que os governos aplicam;
  • - A educação, o civismo, e a aprendizagem automóvel, encontra-se no nível mais baixo de aplicação de sempre. Não falemos do grau de instrução das pessoas, porque isso é assunto demasiado fácil, mas olhemos tão somente para a aprendizagem de condução automóvel, o seu código que para aprender tem de ser “decorado”, os exames de condução e o seu conteúdo. Qualquer pateta tira a carta de condução, mesmo que não tenha jeito nenhum, basta que aprenda nas escolas aquilo que não deve fazer nas ruas. “Guiar” é que ninguém ensina;
  • - Veja-se a quantidade de incapazes que dirigem nas nossas estradas. Sejam os mais amedrontados, que vivem em “pânico”, sejam os inúmeros idosos que, já não tendo condições, continuam a inverter o sentido nas auto-estradas, sem haver autoridade que os impeça de continuar dirigindo.

Todos nós que dirigimos sabemos que, se um polícia nos parar, haverá sempre por onde multar. E a razão é simples. Apenas porque é impossível cumprir todas a leis de trânsito. É que não basta serem muitas, são também estúpidas e na maioria não aplicáveis. Pergunto:

  • - O limite de velocidade nas cidades pode ser igual para todas as vias? Claro que não. Existem ruas que, se andarmos a 50 ou mesmo 30 Kms, arriscamos a atropelar alguém, ou a ficar sem retrovisores. Ao contrário existem ruas que andar a 50, além de se tornar perigoso para os demais, torna-se uma grande possibilidade de distracção para nós mesmos;
  • - Todos os carros serão iguais? Será que andar a 120 Kms/h num Clio é o mesmo que andar a essa velocidade num Porsche? E entre um camião e um automóvel, também não haverá diferença?
  • - Quem ande numa qualquer das auto-estradas existentes, saberá qual a percentagem de veículos que circulam a velocidade inferior a 140 km. Alguém acredita que as próprias autoridades quando guiam cumprem a lei?
  • - Mas afinal para quê que os fabricantes de automóveis, cada dia que passa desenvolvem carros mais rápidos, mais seguros e mais fiáveis, e não haverá leis que os proíbam?

Alguém acredita que poderemos passar a andar a 30 Kms dentro das localidades? Em que velocidade? 1ª? Não será melhor correr a pé, ou ir de bicicleta? Mas afinal o que se passa neste país? Andam estes patetas, que não percebem nada de coisa nenhuma, com vontade de legislar só para mostrar serviço?

Chega de tanta legislação, de tanta proibição, de tanto controle. Estamos a esquecer o que deveria ser um povo civilizado, e cada vez nos parecemos mais com os Bárbaros.

Chega.

Alexandre Burmester