De: Pedro Lessa - "A bela sinfonia é mesmo uma banda a passar..."

Submetido por taf em Quinta, 2006-06-01 19:06

Começa a ser triste o papelão do presidente da Câmara Municipal do Porto. Já tinha decidido não dar importância ao personagem, mas que é doloroso ver a minha cidade assim retratada nos media, é. Que este executivo se atrapalha nas suas decisões e que toma algumas de ficar de boca aberta, já alguns reparam (nem todos!). Agora, ver na televisão uma inauguração de um "toilette" para cães na Rotunda da Boavista, apadrinhado pelo presidente da Câmara e (será que percebi mal?) mais 20(!) elementos da Câmara, começa a ser vergonhoso. E até ver uma estação de televisão, no caso a SIC, a ridicularizar a questão ao perguntar se o presidente não tem mais nada que fazer, não sei o que pensar ou sentir.

Quanto ao arq. Siza, caro David, penso que o processo Aliados está torto desde o início. Pela minha óptica, não se deve imputar responsabilidades só ao autor do projecto, mas também a quem o encomendou. Conhecendo a genialidade dos seus projectos, penso que ele neste processo só saiu chamuscado. Que se saiba o arq Siza não é nenhum urbanista, e muito menos a sua vocação será o desenho urbano (daí o "esquecimento" das passadeiras). Mas quem lhe fez a encomenda sabia-o perfeitamente e até o confirmou ao dizer que o projecto era dele e por isso não haveria discussão.
Faz-me lembrar, fazendo um paralelo, aquelas pessoas que na rua vão protestando com os fiscais quando vêm o carro rebocado por falta de pagamento, alegando que o mesmo não estorva ninguém e mesmo ao lado está um que está a parar o trânsito à meia hora. Não percebem que a culpa não é deles mas de quem lhes dá as directivas para tal postura.

Enfim, tudo isto é triste.
Quantos anos faltam ainda?

Cumprimentos,
Pedro Lessa
pedrolessa@a2mais.com

P.S.- Confesso que também não estava à espera daquele seu comentário sobre as protecções na Ribeira, caro Tiago. Na óptica de quem projecta, é bem mais agradável contemplar a outra margem sem obstáculos visuais do que com um emaranhado de aço ou vidro. O projecto de Arquitectura não pode ser condicionado à falta de civilidade dos seus utentes, (partimos sempre do princípio que as pessoas sabem comportar-se) senão, nesta terra, viveríamos enclausurados numa jaula até a um 3º andar. Em Veneza existem alturas idênticas...
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Nota de TAF: Caro Pedro, não podemos concordar sempre... :-) Para mim trata-se de uma questão de prudência no projecto de um espaço público. Para mim bastaria qualquer uma das três razões seguintes para colocar uma protecção: crianças, cegos, S. João.