De: F. Rocha Antunes - "Paulo Morais III"

Submetido por taf em Terça, 2006-05-30 23:37

Cara Cristina

Não me devo ter explicado direito, mas vou tentar fazê-lo agora. Eu não disse que as questões levantadas pelo Dr. Paulo Morais não são importantes, antes pelo contrário, são importantíssimas. Nem pretendo de forma nenhuma com o que escrevi tornar menos clara a denúncia que pretende fazer.

Apenas não percebo o “andor” em que querem colocar Paulo Morais e, pior do que isso, em que o próprio se deixa transportar.

Os assuntos dos cidadãos são assuntos entre iguais, embora se insista em colocar de um lado alguns puros e do outro a maioria com as suas falhas, na qual me incluo, mas não menos cidadãos por isso.

A questão séria é a de saber se o afastamento de Paulo Morais se deveu à combinação de interesses pérfidos que se sentiriam ameaçados pelo seu magistério ou pela sua evidente incapacidade para o cargo. Em resumo, e em bom português, estamos ou não perante mais um caso de “Quem não tem competência não se estabelece”.

O que eu disse foi que não vi o que é que o Dr Paulo Morais fez de bem enquanto vereador do urbanismo e sei bem o que fez de mal: bloqueou de vez todos os processos que existiam e que o seu antecessor tinha prudentemente renegociado. E não consolidou a posição jurídica da Câmara Municipal em relação aos assuntos anteriores, como o Arquitecto Pulido Valente tantas vezes insistiu que fizesse e que agora caem em cima dos outros para resolver. A isso chama-se autismo político. Que agora se pretende transformar em virtude.

A Cristina acredita que o Arquitecto Ricardo Figueiredo seja mesmo um perigoso malfeitor que se mancomunou com os mais obscuros interesses imobiliários para financiar o partido ou a si próprio, ou seria antes alguém que, sabendo o que era importante para a cidade, teve a capacidade de reduzir o que considerou excessos anteriores mas sempre percebeu que a legitimidade da anterior câmara era igual à de que fazia parte?

Agora, a questão que o Dr Paulo Morais coloca é muito séria. E tem respostas conhecidas. Só quem nunca estudou urbanismo é que não sabe quais são. Muitos temos aqui chamado à atenção para a importância de se tornar a gestão urbanística transparente. E essa é, até ver, a melhor receita contra a apropriação ilegítima ou a gestão irresponsável do espaço edificado.

E nesse ponto essencial da transparência da gestão urbanística o Dr Paulo Morais não foi nenhum progresso, foi antes um retrocesso em relação ao vereador anterior.

Um das questões que a Cristina colocou foi a de se saber se a aprovação da Quinta da China é ou não um precedente para o Parque da Cidade. Eu não sei se é um precedente. Mas sei que, mesmo sem Quinta da China aprovada, a situação jurídica da Câmara no assunto das expropriações do Parque está muito frágil e mais cedo ou mais tarde vai ter de ser resolvida. Uma das tais coisas que o Dr. Paulo Morais não resolveu e que vai cair em cima de quem lá estiver na altura. Claro que nessa altura não vão faltar os indignados do costume, a denunciar a corrupção. Mas entretanto, enquanto há tempo, ninguém explica como se pode resolver o assunto. Típico. È sempre mais fácil dizer mal que dizer como se faz bem.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

PS. Fui contra, em tempo, a aprovação de ontem.