De: David Afonso - "O que fazer dos Aliados?"

Submetido por taf em Segunda, 2007-10-22 21:57

A Avenida dos Aliados está transformada numa espécie de feira, tão pejada está de barracos e afins. Já no último Verão tivemos por lá a barraca tipo Rei das Farturas e agora é o que se vê. Não tarda nada a Porto Lazer ainda instala por lá uma roulotte de bifanas para divulgar a gastronomia portuense. Meus senhores, ocupar aquele espaço vazio é uma boa ideia e é o mínimo que se pode fazer para contrariar a angústia do cinzento. Mas o melhor é fazer a coisa como deve ser. Com a devida vénia a Carlos Dias, que foi quem me sugeriu a ideia, deixo aqui uma sugestão. Se a ideia é ocupar sazonalmente a plataforma granítica do topo norte de modo a atrair a população à Baixa, então recomendaria que se seguisse o extraordinário exemplo da Serpentine Gallery que promove a alta arquitectura encomendando projectos de pavilhões a vários arquitectos de renome. Esta arquitectura efémera, a meio caminho entre a arquitectura e a arte, é ao mesmo tempo um símbolo de prestígio, uma afirmação do estado da arte e uma forte atracção turística.

O Porto, que deveria se afirmar como "Cidade de Arquitectos", poderia promover uma iniciativa similar. É claro que por cá o contexto e as possibilidades são outras, o que nada impede, podendo até tornar as coisas mais interessantes. Em vez da encomenda directa, poderíamos promover um concurso internacional. O financiamento directo poderia ser assegurado pelo apoio de um patrocinador e pela revenda posterior do objecto e a organização do evento poderia ser assegurada por uma parceria entre a CMP, Serralves e OASRN. Acho que a ideia é perfeitamente praticável e que nem há necessidade de recorrer às sempre caras estrelas da arquitectura e da arte. O valor modesto do prémio pecuniário seria um factor de selecção de candidatos, abrindo portas a novos valores. Pensem nisso.

PS: Se não quiserem pensar nisso, pensem pelo menos na Feira do Livro. É que se ela, ao passar para os Aliados, for instalada em barracas manhosas ou em contentores terceiro-mundistas estamos mal, muito mal.

David Afonso
davidafonso @quintacidade.com