De: Cristina Santos - "Seminário"

Submetido por taf em Sexta, 2006-05-19 23:53

Revitalização Urbana, Qualidade de Vida e Competitividade das Cidades

Realizou-se hoje na Exponor o Seminário Revitalização Urbana Qualidade de Vida e Competitividade das Cidades. Como sempre A Baixa do Porto fez-se representar por alguns dos participantes habituais, com o objectivo de trazer à cidade, aos munícipes e aos eventuais investidores todas as informações que possam ajudar a inverter a tendência actual.

O seminário iniciou-se com a excelente participação do Dr. Guilherme Pinto, presidente da CM de Matosinhos e número 2 da Junta Metropolitana, que articulou um discurso sobre a importância de uma união regional efectiva, falou dos interesses comuns e das vantagens inequívocas que uma união regional nos traria. Esta intervenção veio no sentido do que o que todos os oradores testemunhariam mais tarde – A Regionalização como forma de evitar a decadência.

Seguiu-se Dr. Joaquim Branco da Porto Vivo, que mais uma vez se debateu pela reabilitação urbana à escala do quarteirão, esgrimindo-se em argumentos convincentes para os investidores privados e pelo recondicionamento do mercado imobiliário/construção. De seguida tivemos o professor Álvaro Costa da FEUP, em termos de mobilidade informou-nos que não faltam lugares de estacionamento na Baixa do Porto, o problema é que as pessoas ainda não aderiram ao uso de parques públicos como opção a garagens. O resto dos estudos ainda não estão concluídos.

Estas intervenções foram a introdução perfeita para a apresentação de vários projectos realizados noutras cidades com carácter e problemáticas idênticas à cidade do Porto.

Rennes
A mobilidade foi condição essencial para Rennes se tornar uma cidade competitiva.

Christian le Petit explicou que Rennes desenvolveu-se inicialmente de acordo com rede de transportes ferroviários existentes, ao longo da linha de transportes foram-se formando aglomerados urbanos, com a desertificação do centro da cidade era preciso melhorar os transportes para que a qualidade de vida não se perdesse no tempo de deslocação casa/emprego.

Basicamente foram traçados 3 círculos de mobilidade na cidade, o círculo que rodeia o centro é feito pelo metro, o diâmetro seguinte é assegurado pelos BUS e o diâmetro alargado é feito por um transporte ferroviário rápido. (Dispõem ainda de um transporte nas pontes, tipo metro mas automático – não há condutor.)

Com a evolução do metro e da mobilidade esta cidade foi reduzindo as faixas viárias para o automóvel e introduzindo sentidos ininterruptos para o interface do Bus, melhorando a qualidade de vida no centro e unificando a região - o objectivo é que se entre em Rennes e daí se saia para qualquer lugar.

Estocolmo
A qualidade do ambiente é o ponto de partida para a competitividade desta cidade.

Mats Pemer demonstrou-nos como é possível dispor de uma cidade competitiva e mesmo assim manter enormes espaços verdes e limitar ao máximo a nova construção.
Nesta cidade a área metropolitana está unida por correntes de áreas verdes, onde de maneira nenhuma é possível construir, (certamente em Estocolmo não há «Direitos Adquiridos»), as zonas de construção e comércio dispersam-se por toda a região, sendo ligadas por eficiente e rápida rede de transportes públicos.

A rede de transportes públicos é assegurada também por um sistema de penalização aos condutores que causam engarrafamentos, utilizam um mecanismo afixado nos veículos autorizados a circular no centro, que indica quantas horas passam por mês em filas de trânsito, e depois pagam uma taxa, como efeito dissuador.

Os rios e baias que circundam esta cidade foram limpos de esgotos e é possível banharmo-nos nas águas em plena cidade.

Há que referir ainda que esta cidade tem ruas bastante parecidas com as nossas, no entanto as construções fora do centro histórico têm proporções mais dinâmicas, mas ao mesmo tempo ordenadas em cordilheiras curtas.

Bilbao
A Cultura levou longe a imagem desta cidade e daí adveio grande parte da competitividade que Bibao hoje tem.

Sem dúvida a intervenção de maior força.
Bilbao conseguiu tudo o que atrás se referiu em tempo útil e ainda mantém o entusiasmo por melhorar e tornar-se mais competitiva.
Em 1986, e perante uma crise que varria a região, Bilbao reagiu criando parcerias público-privadas e a regionalização.

Primeiro foi o metro que trouxe o desenvolvimento e a união, depois a limpeza das rias, os molhes, a reordenação urbana e a expansão regional. Após isto Bilbao resolveu criar uma imagem sua para o mundo - o museu Guggenheim de arte moderna e contemporânea, investiu no marketing e publicitou este enorme espaço cultural em todo o mundo.
Mas a cronologia deste desenvolvimento merece uma atenção particular e como há leitores que já tem estudos sobre esta matéria, poupo-me ao trabalho, contando que a arq. Ana Luzia venha a desenvolver este assunto.

Por último tivemos o exemplo de algumas cidades americanas e principalmente a força de um jovem de Aveiro (Carlos Balsas - Arizona University - EUA), que nos pedia paciência, que estes processos de competitividade podem durar 20 anos, que no Porto temos potencial, que o projecto para a nossa Cidade assenta em bons princípios e que será uma questão de tempo para visionarmos os resultados.

De ter em conta que todos nos levam mais ou menos 20 anos no processo de regionalização e na introdução do metro urbano.
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Cristina Santos