De: Nicolau Pais - "Esta noite"

Submetido por taf em Quinta, 2007-09-06 13:22

"REQUALIFICAÇÃO URBANA
O planeamento das vertentes sociais e económicas de uma sociedade exige um planeamento também das suas infra-estruturas físicas. Os problemas existentes na zona mais antiga e central da Cidade (a Baixa) não são exclusivos do Porto. Os estudos e projectos desenvolvidos em cidades europeias semelhantes aconselham a observância rigorosa de quatro princípios básicos que irão nortear a nossa acção:

  • - Sustentabilidade – o desenvolvimento sustentável define-se, essencialmente, como a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem as suas.
  • - Identidade – o respeito absoluto pela personalidade do território, isto é, pela identidade e pelas características da sua imagem construída, fruto do perfil e da dinâmica económica que sedimentaram o desenvolvimento e idiossincrasia das suas gentes. O processo de re-urbanização tem, por isso, de respeitar a História e as estórias de um povo.
  • - Criatividade – respeitando a identidade, o processo criativo é a manifestação mobilizadora que potencia o desenvolvimento das capacidades inventivas de um povo.
  • -Integração – obriga à síntese e respeito pelos três anteriores princípios e à sua integração com os fenómenos sociais, desde os mais básicos aos mais complexos. Num processo que se pretende de recuperação de património e de memórias, importa incentivar o investimento e colaboração, inovar e recriar, com a participação de todos.

(...)

AMBIENTE E QUALIDADE DE VIDA
O ambiente e a melhoria da qualidade de vida são áreas transversais e que exigem a intervenção de toda a comunidade. Um projecto sério deverá envolver toda a área metropolitana e todas as instituições, públicas ou privadas, com actividades desenvolvidas em prol da melhoria
da qualidade ambiental. Não é intelectualmente sério anunciar iniciativas pontuais e desgarradas de um plano verdadeiramente assumido pela Cidade."

in "Programa Eleitoral 2005", Candidatura do Dr. Rui Fernando da Silva Rio pelo Partido Social Democrata à Câmara Municipal do Porto.

Sabendo de antemão que não vou poder estar presente na reunião de hoje promovida pela Junta de Freguesia de Nevogilde, mas mantendo a vontade de participar civicamente (mesmo que indirectamente) neste debate que é, também, o debate sobre o Porto, deixo-vos este excerto do programa eleitoral do Dr.Rui Rio como ponto de partida.

Proponho-vos o seu cruzamento com o magnificamente fundamentado post de Manuel Moreira da Silva de 2007/08/29 14:23 acerca dos destinos do Palácio do Freixo, bem como a extrapolação do raciocínio nele contido a algumas das questões que têm dominado as nossas preocupações enquanto cidadãos do Porto, a começar pela "fatalidade" da propriamente dita Via Nun'Álvares:

- A recuperação da Baixa, a inacção no campo dos transportes e mobilidade, a ostracização da zona oriental da Cidade (só em Campanhã e Bonfim vive 26% do eleitorado portuense), a hostilização da conquista "Porto Património Mundial", a concessão de aval político à obra dos Aliados, a disfuncionalidade da recolha do lixo como forma de chegar à sua privatização, a extinção liminar da FDZHP, a reconversão do Mercado do Bolhão, as construções (e negócios com o Sport Clube do Porto) no Parque da Cidade e a realização do "G.P. Porto" na suas franjas com os 3 meses de impactos que se conhecem, o processo de entrega do Pavilhão Rosa Mota e Teatro Municipal Rivoli a privados (desoncertantes estes dois últimos, sobretudo depois de termos constatado com "Keane no Parque da Cidade", "Dali no Freixo" ou "Red Bull Air Race "- três iniciativas ecléticas no seus conteúdos - a capacidade operacional efectiva da Porto Lazer para angariar, gerir e potenciar o bem-vindo investimento privado), o concurso público de concorrente único (a Bragaparques) para a requalificação do espaço comercial da Pr. de Lisboa ou os casos mirabolantes da Associação dos Comerciantes do Porto - que está, como é sabido, representada no júri do concurso (precisamente) da obra do Bolhão, na figura da sua Presidente, Laura Rodrigues (acerca deste júri, onde não consta sequer um arquitecto ou urbanista, acrescente-se ainda que a maioria - 3 em 5 - dos membros da comissão são pessoas com cargos de nomeação política).

Não esquecendo o prejuízo objectivo para a cidade advindo da ausência de gestão corrente da Freguesia de Nevogilde - bem patente em toda a degradada zona da marginal - fica a partilha destas hipotéticas linhas de debate transversais à cidade, e as desculpas antecipadas pela ausência esta noite.

Cumprimentos
Nicolau Pais.
(Residente e Eleitor em Nevogilde, Porto)