De: Tiago Cortez - "Valência e Porto, dualidades..."

Submetido por taf em Terça, 2007-09-04 21:22

Estas férias passei pela cidade de Valência, terceira cidade espanhola. É uma metrópole com um peso demográfico semelhante à actual AMP (sem Aveiro ou Braga na corrida). A nível económico deduzo que esteja uns bons passos à nossa frente. E tem a grande vantagem estratégica de ser o porto de Madrid (o que nós vamos tentar com Castilla). Mas, fora isso, das coisas que mais me chamou a atenção foi o aspecto da cidade. Dá ares de grande cidade, apesar de em pouco tempo ires de uma ponta à outra. As suas avenidas são larguíssimas, e parecem não existir ruas, apenas avenidas; mas mesmo as que são efectivamente ruas, são largas. E abunda o verde em tudo o que é via, sem falar no fantástico parque do antigo rio Turia, ladeado por duas largas avenidas.

Sendo que estamos num periodo anti avenidas largas aqui no Porto, deu-me a curiosidade de medir as avenidas valencianas através do Google Earth, em particular uma, que me pareceu em tudo parecida à nossa Nun'Álvares. Reparei que existiam montes de avenidas de 50m de largura, de 30 e 40 eram às toneladas, paralelas umas às outras, e com avenidas perpendiculares de 20 e tal metros (as secundárias). Algumas excediam estes valores. Por exemplo, o estádio Mestalla é ladeado por uma rua, que com estacionamento e passeios ronda os 20 e tal metros, outra de 25 m, e duas avenidas, uma com mais de 70m, e outra com cerca de 90m, bastante ao estilo da Avenida da Liberdade, com jardins no meio.

Passando à avenida que me chamou a atenção, ela faz a ligação ao mar, e passa por um pólo da Universidade de Valência e pela "Cidade Politécnica". Está quase fora da cidade, e fora os pólos de ensino superior a construção é muito reduzida. O seu comprimento é, considerando-a até à zona onde perde largura já perto do mar, de cerca de 2km. A sua largura é de 70 metros. Possui passeios bem largos, ciclovia (que se desvia depois pelas faculdades e jardins que ladeiam a avenida, assim como os passeios), estacionamento perpendicular para os carros, 4 faixas rodoviárias em cada sentido (numa parte ganha uma quinta faixa de um dos lados para corredor BUS, passando o estacionamento a ser paralelo à avenida nesse lado), e no meio possui um trilho de metro de superfície (mesmo assim o metro deles tem mais estações enterradas que o nosso). Essa faixa central, apesar do metro, é arborizada, e possui uma largura de 15m (a faixa central da agora mirrada Av. da República em Matosinhos, também com o metro, é de 8m aproximadamente; a avenida toda possui 25/26m de largura). Portanto, a nossa avenida da Foz, estando numa zona residencial (com potencial para ser muito mais que isso, pois em verdade aquilo ainda não é zona residencial, mas zona por urbanizar), mesmo com 37m de largura, é uma ruela à beira da avenida que mencionei, praticamente já fora de Valência... Lembro-me de perguntar numa avenida à saida de Huelva, a quem me acompanhava no carro, se conhecia no Porto uma avenida tão larga como aquela. Obtive resposta negativa.

Façam a avenida como está prevista, que já é estreita que chegue. Mais que criar uma nova centralidade, seria uma continuação da centralidade que é o centro de Matosinhos, e da outra centralidade que é a Boavista/Baixa, o que com o previsto grande desenvolvimento da zona empresarial daria uma GRANDE centralidade, mais ao nível da dimensão da nossa cidade, num sentido alargado. Desejo que cheguem a uma decisão bem ponderada, com perspectivas a longo prazo (pensem na nossa cidade daqui a 100 anos).

E visitem Valência que é uma bonita cidade!
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Nota de TAF: Caro Tiago Cortez, acho que esta sua frase mostra bem a diferença das situações: "Está quase fora da cidade, e fora os pólos de ensino superior a construção é muito reduzida." ;-)